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Mensagens

A mostrar mensagens de fevereiro, 2005

banho

daqueles que não tomo há muitos meses. com velas, cheiros doces e frutados, espuma e muito tempo. desligar as luzes da casa de banho enquanto a água corre, quase a ferver, pelo chuveiro, para bater com força no gel cor-de-rosa e fazê-lo multiplicar-se em nuvens perfumadas. acender meia dúzia de velas gordas, ligar o rádio na Marginal porque apetece jazz e músicas antigas que já ninguém ouve. deixar a roupa cair pelo chão, muda, cúmplice do silêncio. entrar no banho quente e sentir os músculos a perderem a batalha, a pele a passar do arrepio ao descanso, o cabelo a flutuar, bailarino lento, e, enfim, o silêncio da água meiga, que acaricia a pele com um toque tão suave que quase não se sente. que protege o corpo do frio, tão envolvido e tão exposto à transparência da àgua. ficar assim. só ficar. sem ventos nem manhãs arrogantes e cortantes. sem pressas nem dores nas costas. sem cansaço, sem cansaço... suspirar. deixar os dedos passear, ali mesmo onde se sente o risco da água. ver a pele

technical visit

acordar cedo, enregelar até ao carro, apanhar a carrinha alugada e virar táxi de turcos. seguir para Setúbal, contra relógio, sem um cigarro para amenizar a paisagem porque um deles está constipado e resolvo não fumar no carro. ser trespassada por ventos que cortam, aleijam e fazem o cabelo emaranhar-se e chicotear-me a cara. descobrir as maravilhas da electricidade... . nokia by mesüt-o-turco procurar um sítio onde se venda um abeto para o outro turco. voltar ao trânsito, deixá-los nas compras e voar para o teatro. e ter medo que a cabeça me caia com o peso do sono que me entorpece os olhos e o andar, e só não me neutraliza porque o frio já me paralizou há muito tempo.

do you feel lucky, punk? do ya?...

serei a única pessoa neste mundo a embirrar seriamente com o Clint Eastwood? vou ter de ver o Million Dollar Baby, para tentar perceber... o homem para mim, continua o mesmo canastrão. e quanto a realizador, tanta genialidade no Mystic River para na cena mais intensa e fantástica, só se poder adivinhar as expressões dos actores, porque tinham a cara completamente às escuras... sem falar no completo suicídio que foi protagonizar uma das histórias mais bonitas de sempre, as Pontes de Madison County... essa é que eu não lhe perdoo mesmo... mas pronto, lá a Academia é que sabe. este ano, não gostei: de todas andarem vestidas com vestido de cauda-sereia, de não ter sido nomeado o Farenheit 9:11, de não ter sido nomeado para melhor filme o Eternal Sunshine of the Spotless Mind (justo prémio de melhor argumento), de teimarem em não reconhecer as capacidades do Jim Carrey quando não faz caretas, nem o do Johnny Depp por... tudo!, de o Shrek 2 não ser o melhor filme de animação do ano, de algun

mudanças

em breve haverá uma mudança. daqui a uma semana acaba o trabalho . e desta vez não vou voltar, pelo menos tão cedo. um novo escritório, uma nova janela. aqui vou deixar os horários disconexos , os stresses , o aeroporto , a desorganização , os telefonemas à última hora, as filas para arranjar 30 passes de uma vez, as disfunções , as outras filas todas , os enjoos no metro , os passeios errantes que me obrigaram a um bacharelato em estudos das plantas de transportes públicos, das ruas de Lisboa e arredores, a conhecer o maporama, o multimap e o site da carris, dos tst e outros que tais. deixo o trabalho de secretária, os relatórios e pesquisas em inglês, a calçada íngreme que subo com dores e a arfar. nokia by thumbelina mas também deixo sorrisos, discussões, as manhãs só minhas, conversas idiotas sobre sexo e substâncias ilícitas (ou não), o "sindicato", a patroinha e a dótôra, almoçaradas cheias de gordura, os bolos de manteiga do senhor Abílio, os encontros no café para o p

eleições várias

o ps ganhou. boa, tudo menos o psd... pena é ser maioria absoluta, mas também compreendo que sem ela é mais difícil levar uma política (seja ela qual for) para a frente. o portinhas demitiu-se. buhuhu, que peninha que tenho. o jerónimo parou a queda. shim shenhorez, tenho é pena que já não se ouça falar do "pê chê pê", agora a dicção é muito correcta... o bloco subiu em flecha. boa, votar serviu para alguma coisa. continuem a estrebuchar que vocês vão longe. agora vêm outras eleições. desde miúda que acompanho, e choro (sim, baba e ranho) com os vencedores, naquele pódium. é foleiro? é fútil? não tá in? não é freak? tá bem. eu gosto dos óscares. todos os anos vejo quase todos os filmes, tendo em conta as nomeações de melhor filme, melhor actor e actriz (obviamente) e melhor argumento. depois gosto de juntar-me com outros fanáticos desta celebração, noite dentro, com canecas de café e goluseimas várias, a assistir ao evento. os meus apresentadores preferidos são o Billy Crysta

decisões

os do topo andaram a engonhar decisões importantes. o refugo, a equipa propriamente dita, são pessoas dispersas, sem quem as dirija ou oriente, porque se está à espera de comportamentos que demoram muitos anos a estar intrínsecos. os ensaios já andam a empastelar há quase dois meses. para variar estavam com ideias de alterar a data de estreia. mas desta vez podíamos perder uma oportunidade importante por causa disso. desta vez estou eu a produzir. desta vez falei eu com quem interessava. desta vez criei quase um lobby. e o encenador acabou por (espante-se) dirigir-se à equipa. falta um mês. isto está mau. vamos em frente, empenhamos o couro, ou como é? usou-se a palavra compromisso. usou-se a expressão "vestir a camisola". todos falaram. e desta gente, uns com uns meses de palco, outros com anos, uns que trabalham durante o dia, outros que estudam, só recebemos "sim". vamos a isso. foi um acto de coragem. talvez de loucura. agora não podemos voltar atrás. agora é es

há dias assim

adormeci. podia morar num sítio em que, mesmo atrasando-me, se acelerasse muito, cumpriria o atraso normal, dito elegante, de 15 minutos. não é o meu caso. lá das berças onde moro, há sempre os 20 minutos de auto-estrada, o trânsito na entrada em Lisboa, o largar o carro num parque financeiramente suportável, o apanhar o metro para o Rossio, fazer toda a linha verde... para melhorar as coisas, a minha colega que poderia estar no escritório para receber os turcos, hoje faltou e não me avisou. atravancada no trânsito, ligam-me a dar a bela notícia. apanhei um táxi mal larguei o carro. e no carro deixei o passe e o telemóvel... bonito. tento sacar dum cigarro, mas também me esqueci do isqueiro... só passaram três horas desde que me levantei... até tenho medo...

amarelinhas revisited

hoje acordei em cima da hora a que devia estar a chegar à Praça da Figueira, para apanhar os turcos - percurso que me toma normalmente hora e meia à hora de ponta. por obra e graça do destino, só chegámos meia hora atrasados à visita marcada. saída de lá, a cheirar a bomba de gasolina, de cabelo empestado em vapores peganhentos, com a sensação de que se fumasse um cigarro os meus pulmões explodiam, e com um curso intensivo em vávulas de injecção de combustível (nhami), deixo os turcos muito contentes no autocarro e aproveito que aquilo fica para os lados de Belém. fui almoçar às amarelinhas ... soube bem voltar ali, comer um mini-prato de almôndegas gordas coberto até cima de batatas fritas às rodelas, com as senhoras no seu habitual desvelo. soube bem o rádio ligado na nostalgia, com o Elton John a cantar-me enquanto bebia o café. soube bem ser tratada a torto e a direito por "filha", e voltar a ouvir os diminutivos. soube bem aperceber-me que às vezes se volta a um sítio qu

tchillgan*

conheço gente de todo o lado, vinda dos lugares e culturas mais improváveis. gente a quem o sol fica 6 meses sem aparecer, gente que acha normal acordar às 5 da manhã e fazer jejuns, gente que pega no carro e vai conhecer Espanha e França sem querer saber patavina do país que os acolheu. agora tenho os tais turcos à minha guarda. tenho nome turco, e chamam-me "best sister from Portugal". agradecem um pacote de açúcar para o chá com um "thank you for yout high understanding". acham imensa piada ao facto de ser fisicamente parecida com as turcas (oh fado meu) mas ter um comportamento muito mais irreverente e descontraído. no outro dia adoraram o facto de levar umas calças verdes tropa curtas e umas meias às bolas por baixo... completamente fora para eles, está visto. só detestam que eu fume: "Inci, your lungs are hurting"... há um que é mais desavergonhado e já tem idade e estatuto social (turco) para ter juízo. feio que dói, mas cheio de piadolas sem piada

interferências

em frente ao computador, com uma sandes de leitão por companhia. há que trabalhar, há que conseguir apoios, há que bater a portas... há que escrever cartas, enviar mails e faxes, pesquisar contactos. fico a olhar para as teclas, para o monitor, para a folha de word com o cursor a piscar. uma garrafa de água, canetas equilibradas numa taça de clips, a agenda cheia de post-its, de há ques ... o cinzeiro com as primeiras beatas de actividade entre pedras tumulares e um desenho que fizeram de mim na parede. às vezes paralizo. fico estática sem saber bem em que estou a pensar. e não sei onde vai a minha mente, que me deixa aqui sozinha com a sandes de leitão.

despertares

acordei enrolada sobre mim mesma, com uma perna de fora, encharcada em suor, cabelo num nó espalhado na almofada, as mãos fechadas com tanta força que me custou a abriu-las, enrodilhada num edredon branco e numa manta azul turquesa. a televisão (ainda) estava ligada...

olá avó!

ontem vi a minha primeira papoila do ano... nokia by thumbelina mal posso esperar pelos girassóis...

daddy valentine

chego de madrugada a casa. o ensaio demorou, como sempre. entro no quarto e dou de caras com um embrulho em cima da cama... tenho uma prenda do dia dos namorados. ai... não posso com o apelo vermelho ao consumismo; com os coraçõezinhos vermelhos pendurados nas lojas; com a ideia pré-fabricada de escrever umas palavras (es)forçadas num postal vermelho - à semelhança dos aniversários em que nunca nos sai uma dedicatória de jeito mas tem de ser; com a prendinha vermelha foleira para pôr em cima da cama ou (deus nos livre) pendurar no retrovisor do carro. criam-se aversões à medida das desilusões. fora a falta de jeito clássica de qualquer macho que se preze para escrever/ oferecer algo/ ter um gesto arrebatado e romântico de jeito, a mais chocante foi para aí no 9º ano: recebo na escola um ramo de rosas anónimo. além de muito curiosa (acreditem, não era de todo normal), fiquei louca, orgulhosa, inchada, enorme (tanto quanto o meu metro e cinquenta e pouco me permitia, claro). largos

querida alien...

tenho andado por aí... no outro dia vi o sol nascer, a caminho de Lisboa, quando quase nem conseguia manter os olhos abertos. larguei turcos na outra banda. e atravessei o rio de cacilheiro, sentada num banco a receber o vento frio na cara, a ver Lisboa a aproximar-se de mim, com o David Fonseca a cantar-me ao ouvido. caramba, que cidade mais bonita. tenho pena de andar tão zombie que por vezes nem reparo. de rádio sempre ligado, de carro ou de headphones, a música anda comigo, para preencher os silêncios do trânsito e das caras fechadas. depois fecho-me no tal escritório no meio da pedra, hoje avaria o telefone, amanhã a ligação à net, depois o computador. fico horas à porta do teatro porque não tenho chave e quem tem está a dormir e não atende o telefone. já estipulei um sistema de multas, para me pagar as chamadas que inevitavelmente faço para acordar quem de direito. mas lá se vai trabalhando, tentando arranjar uns dinheiros para pôr uma peça de pé. escrevem-se cartas e faxes, mand

médias

horas de sono: 4 por dia número de transbordos de comboios/metro: 6 por dia número de metros percorridos a pé: 5 por dia número de línguas faladas: 2 a 3 por dia número de turcos estranhos: 7 número de chatices por desorganização: "ene" delas número de chatices familiares: "ene" vezes "ene" delas número de vezes que me foi permitido ir abaixo: zero número de sorrisos: todos chamem-lhe o que quiserem, eu chamo-lhe brio profissional.

disfunções

vou ao médico esta semana... será que ele tem um teste destes para mim...? fiquei a saber que sou oficialmente chanfrada dos parafusos... obrigada abóbora , pela sugestão ;) ora cá vai o diagnóstico: Paranoid: Low Schizoid: Low Schizotypal: Moderate Antisocial: Low Borderline: Moderate Histrionic: High (yeeeha!) Narcissistic: Moderate Avoidant: Moderate Dependent: Very High (double yeeeha!) Obsessive-Compulsive: Moderate