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Mensagens

A mostrar mensagens de outubro, 2006

dos regressos

daqueles que os mapas não marcam, nem as linhas da mão têm a certeza de apontar. não há estrela polar neste céu agreste de luzes falsas que orientam aleatoriamente as suas caudas de cometas. divago. a minha ausência reverte a favor de um regresso. temido. muito mais temido do que poderia esperar. de momento ainda se tacteiam estratégias para contar uma história tão antiga e [re]contada com escadotes. sim, escadotes. eu tenho medo das alturas, tenho medo quando não estou em contacto com o chão. tenho vertigens. tenho pouca força de braços. tudo num mundo de testosterona onde sou o único elemento feminino. um metro e meio e uns trocos desajeitado no meio de gaijos... ah, mas para carregar sacos de roupa e caixotes ainda sou da produção. e na produção, curiosamente só trabalham mulheres [no sentido de bulir a sério, não é recostar o rabo à cadeira o dia todo]. tenho, sempre, de regressar à base e tratar das papeladas, das reservas, dos telefonemas e não me esquecer que esta quase-estreia

na carimbolandia

loja do cidadão, para tratar de todos os documentos que perdi aquando do roubo da minha querida carteira. em chica-esperta, lá fui passar a tarde de sexta, porque "pode ser que o pessoal vá todo de fim de semana e esteja mais vazio". até às 4 e meia da tarde era verdade... tirar fotografias - pimba, paga. fiquei amarela. ó senhora fotógrafa que mete as chapinhas na máquina e faz trocos que é um mimo, afine o cyan... BI, comprar impressos - pimba, paga. é preciso certidão de nascimento. não faça aqui, que demora 2 dias. vá à Fontes Pereira de Melo que lha fazem na hora. então para que é que vocês existem aqui, mesmo? certidão de nascimento - afinal onde é que eu fui registada? errrr... mãee... esperar que os senhores saiam do chá das 3 e meia que acaba às cinco para as 4, já que o santo serviço fecha às 4. pimba, paga. e que tal digitalizar isso tudo para bases de dados com acesso para toda a rede de registos, hã? não há excedentes na função pública? há, estão na hora do chá.

chove e faz sol

[ms] as luzes às vezes não são quentes, só deixam um hálito agridoce na pele. percebes? não interessa. às vezes o espaço entre dois corpos completa os fragmentos que faltam. dizia que as luzes arrepiam. como que nos estremecem. reconheci em mim um medo novo. e este é mesmo, assim, assustador. não sabia que o acordar da dormência seria tão doloroso, confesso. julguei que em mim encontraria nova alegria, novo impulso, desta feita aliviado, concretizado. livre, entendes? não, de facto não. acordo enrolada sobre mim mesma e cheia de dores que ainda não senti, depois das que senti e que me enrolaram. são dores por vir, que nem sei se virão. faz sentido? desenrolo-me a medo e cada pedaço de mim que sai para fora é como um fio de um novelo que se puxa e vai-me desfazendo. mas encontra nós, pelo caminho. o pisar não é novo. vejo as folhas que o outono vai soprando das árvores e é mesmo isso. um caminho que já percorreram, que sabem. voltam ao chão, sugadas serão pela terra e voltarão a verde e

para avaliar o seu grau de loucura

sábado, dia de passeios, de descontracção. porque os ensaios inibem de dormir até tarde, aproveite-se o dia. almoço reconfortante no restaurante das avós , matar saudades das palavras com diminutivos, da força calórica de comida cozinhada na hora e das batatas fritas às rodelas. depois, descer a rua e segurar o queixo perante a exposição do world press photo. lutas intermináveis com um par de velhas que não compreendiam o conceito do pequeno corredor que separa as pessoas da fotografia. elas metiam-se à frente e punham-se a explicar as legendas uma à outra, indiferentes a quem queria ver os bonecos. considerações tecidas sobre o "molhar o pãozinho no sangue", sobre a parca qualidade dos nossos premiados, sobre as opções do júri, sobre a imponente reportagem sobre uma mulher vítima de cancro, sobre as delícias das fotos das bailarinas de leste, sobre o photoshop descaradamente mal amanhado em algumas imagens. de regresso a casa, bandulho intelectual bem refastelado, estacionar

do estudo de texto

[re]começaram os ensaios. este ano com escadotes ao barulho - quem sabe para breve acrobatas e lançamento de anões. Gil Vicente, já se sabe, tem de ser trabalhado para se perceber o que é que as frases querem dizer... português arcaico tem muito que se lhe diga. bem como as personagens, a estudar e contextualizar historicamente para depois encontrar paralelos actuais. fica uma pequena recolha de pérolas, da autoria do encenador... das personagens o Onzeneiro é dealer... mas só nós é que sabemos porque não passa para o público... o Parvo é um wannabe. é daqueles putos brancos que querem ser pretos e começam a falar com sotaque, a usar aquelas calças e cantam rap. as pessoas pensam que a Brízida [leia-se Brízeda] é uma puta, mas não. ela cria as meninas para os padres, é rica e vai às festas, tem muitas funções e não se percebe bem no meio qual é o trabalho dela. e só quando se esquece é que lhe vai pró chinelo [leia-se chenélo]. é como a Maya. a Brízida é a Maya. o Sapateiro é... olha,

the pillowman

teatro Maria Matos até 15.Out.06 4ª a Sáb. 21H30 | dom. 17H encenação de Tiago Guedes com Gonçalo Waddington, Albano Jerónimo, João Pedro Vaz e Marco D'Almeida bilhetes: 15 €, regra geral. todas as informações no site do teatro prometido é devido e à primeira oportunidade, uma visita ao Maria Matos renovado, cuja programação e grafismos de divulgação me têm deixado de água na boca. The Pillow Man não é uma história fácil. desengane-se quem acha que se vai rir a bandeiras despregadas [houve umas quantas meninas nervosas que se escangalhavam a cada deixa até levarem o soco no estômago. é incrivelmente triste o poder de um "foda-se" num espectáculo]. desengane-se também quem pense que vai lá ficar de mão no queixo, com um circunspecto "hummm" intelectual. é uma história simples. ou melhor, é uma história contada de forma simples, sem ser simplista. em que as emoções provocadas vão do riso sádico, à simpatia, ao ódio, ao confrangimento, ao enternecimento, à tristez

|| pause still

[ms] às vezes o tempo anda feito gato avariado. corre de um lado para o outro de encontro às paredes, não conseguimos perceber o que anda a fazer, o que persegue ou sequer o que vê. nesses dias apetece obrigar a sentá-lo à minha frente, e dizer-lhe para ter calma e olhar-me nos olhos. vamos lá conversar... [... nem que seja para...] - então e o Benfica...?

as vampiras lesbicas de sodoma

pela Companhia Teatral do Chiado Teatro-Estúdio Mário Viegas supostamente a semana passada foi a última semana, mas nunca fiando, que eles são danados para a aldrabice e já "estenderam" até dia 7 de Outubro. entre 13,50€ e 18,50€ [excepto condições especiais] reservas e actualização de datas no site da companhia fotos no blog do espectáculo com Rita Lello, Simão Rubim, Tobias Monteiro, João Carracedo, Manuel Mendes e João Craveiro não é um espectáculo certinho . quem viu As obras completas de William Shakespeare em 97 minutos sabe perfeitamente que a ideologia não é essa. é uma paródia "off-Parque Mayer". é uma história de duas vampiras actrizes ao longo dos tempos [o fio cronológico lembrou-me vagamente o "Entrevista com o Vampiro" - com as devidas distâncias]. que passam grande parte da sua eternidade em Lisboa. que por acaso são lésbicas. e também só por acaso várias personagens femininas são interpretadas por homens ao estilo "tão-traveca-quanto-