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Mensagens

A mostrar mensagens de outubro, 2009

beautiful revolution

tirado daqui

primeiro amor e um punhado de neologimos

apaixonei-me por ti de caixão à cova quando tinha 9 anos. antes disso já me andavas a rondar. aprendi a ler e a escrever e a falar e isso libertou-me. devagar, em pequenos sabores no recreio, ao fim da tarde nos têpêcês em letra ensaiada porque nunca sabemos como há-de vir a ser a letra da nossa vida. sem medo do apagador, direita na cadeira, amarrecava-me para fazer a perninha do 'a'. e as regras todas de como se faz acompanhar o quê de nove, atrás de um bê ou de um pê vem sempre um mê. e eu praticava a letra, uns dias mais espraiada, outras mais arredondada: esfolei demasiado os joelhos para ser feminina, mas sempre gostei de batom, era assim, simples, podia ser-se tudo ao mesmo tempo porque há misturas que não fazem mal ao fígado. achei graça, dizia eu, a isto das letras, assim o caderno falava comigo e era eu que o punha a falar e sabia como dizer o que me ia na gana. ria-me muito. sempre me ri muito - é um problema que tenho, há-de dizer o cinzentista e o intelectual

os carros das eleições

quando era miúda, os únicos carros com música que passavam na rua eram, de facto, os carros dos partidos em época das eleições... e os do PCP e associações sindicais em qualquer época aleatória. por isso, vínhamos à janela, ver o carro enfeitado com bandeiras e "dizeres". não havia a chamada pegada ecológica e ainda se gostava do festival da canção e, portanto, das canções dos partidos - que, na época, ainda tinham partidos. eu entretinha-me a decorar as músicas e depois decidia que os meus pais tinham de votar no senhor que tinha a cançoneta mais mexida - coisa que fez corar de fúria a minha mãe um par de vezes e, se eu tivesse na altura um alter ego adulto, far-me-ia dar-me uma eficaz belinha na minha pessoa in [ingénua, inocente e infantil]. hoje em dia é outra fruta. a coisa de um carro passar com música não faz virar [muitas] cabeças, simplesmente calculamos que o dealer está a fazer o giro na nossa rua.