foi o último gesto decidido da noite, agora já não era preciso fingir.
começou devagar, apenas a dor a sair em água e sal, a manchar a pele e a roupa.
depois cresceu para o desconsolo convulsivo. até ficar apenas o gemido baixinho de dor, quando as lágrimas por ora já secaram. como quando perdemos alguém irremediavelmente.
porque é a mesma sensação. perdi-me a mim. perdi os sonhos. deixei-os cair nos estofos, um a um. enquanto revia as cadeiras de verga ocupadas, os ares comprometidos, os meus livros atirados para dentro de uma gaveta porque já não pertenciam ali. o acender a luz. o cantinho onde sempre pousei a minha mala. de repente, o espaço cheio de vida, de gente a entrar e a sair. até as lágrimas me obrigarem a apagar a luz. o subir e ver as cadeiras, que já foram velhas, e agora são veludo rubi. os rostos que de lá me miraram. saí.
puxei com mão firme o travão de mão.
no banco de trás os cds, os livros, a velinha.
depois a estrada levou-me. ao sítio onde as raízes se elevam do mundo e os seres celestes andam à solta. deixei as minhas mãos enterrarem as dores.
a caixa de fósforos da menina caiu no chão de neve húmida e fria. a pequena polegar está fechada na toca e não há sinais da andorinha. a fada está no chão, pequenina, sem força ou brilho nas asas, porque os meninos já não acreditam em fadas.
somos eternos até ao dia em que a luz do palco se apagar.
começou devagar, apenas a dor a sair em água e sal, a manchar a pele e a roupa.
depois cresceu para o desconsolo convulsivo. até ficar apenas o gemido baixinho de dor, quando as lágrimas por ora já secaram. como quando perdemos alguém irremediavelmente.
porque é a mesma sensação. perdi-me a mim. perdi os sonhos. deixei-os cair nos estofos, um a um. enquanto revia as cadeiras de verga ocupadas, os ares comprometidos, os meus livros atirados para dentro de uma gaveta porque já não pertenciam ali. o acender a luz. o cantinho onde sempre pousei a minha mala. de repente, o espaço cheio de vida, de gente a entrar e a sair. até as lágrimas me obrigarem a apagar a luz. o subir e ver as cadeiras, que já foram velhas, e agora são veludo rubi. os rostos que de lá me miraram. saí.
puxei com mão firme o travão de mão.
no banco de trás os cds, os livros, a velinha.
depois a estrada levou-me. ao sítio onde as raízes se elevam do mundo e os seres celestes andam à solta. deixei as minhas mãos enterrarem as dores.
a caixa de fósforos da menina caiu no chão de neve húmida e fria. a pequena polegar está fechada na toca e não há sinais da andorinha. a fada está no chão, pequenina, sem força ou brilho nas asas, porque os meninos já não acreditam em fadas.
somos eternos até ao dia em que a luz do palco se apagar.
Comentários
já ouviste aquele ditado popular que diz que " Deus quando fecha uma porta abre uma janela" ?
não sei se acredite em Deus, mas cada vez ligo mais aos ditados populares, eles existem por uma razão, é a sabedoria popular a funcionar, são séculos de observação da vida.
acredita as fases más não duram sempre, e quando menos deres por ti aparece-te um caminho, uma luz, acontece-te algo de bom.
não te deixes ir a baixo!
beijos