Avançar para o conteúdo principal

caros senhores do IA:

muito obrigada por me tramarem mais uma noite. uma noite que tinha excepcionalmente livre para dedicar a mim e ao meu futuro e às minhas cores.
menos uma. mas cumprirei os prazos... os vossos e os meus. apesar de os vossos, oh, meus caros, por favor... deixam tudo a desejar... eu percebo-vos. os amigos já estavam informados de antemão e portanto já têm tudo feito. não se preocupam com timings. o resto se organizará conforme a Vossa palavra, alterada num decreto-lei feito à pressa na véspera da abertura do concurso.
hoje ficarei, então, muitas horas depois do jantar e da caminha onde estarão as vossas queridas e frígidas esposas de máscara de pepino na cara, no escritório, que não tem café, a dedicar-me aos textos do projecto que querem que o pessoal apresente conforme os novos objectivos [diferentes a cada concurso], à coordenação do cérebro disléxico e disperso do meu patrão com as teclas. enquanto os outros dois se dedicam aos números.
espero conseguir ser lesta com esta coordenação como sou a verborrear num teclado, porque amanhã, senhores, tenho de me levantar cedo. o meu trabalho não pára. vossas excelências ficarão, concerteza, até tarde na caminha. claro, faz bem à saúde. sabem, depois de passar o dia de amanhã [como fiz hoje, por sinal] a trabalhar [como em a acartar com ferros, aparafusar estruturas de madeira, desenrolar e enrolar carpetes de dezenas de metros... coisa ligeira], à noite vou para um estúdio gravar as vozes dos bonequinhos que os vossos filhotes tanto gostam de ver enquanto as vossas empregadas vos limpam a casa, passam a roupa da vernissage a ferro e vos preparam o martini de fim de dia...
e, caros senhores, tenho de me conseguir manter em pé na sexta-feira, para ir de novo, logo pela fresca, para o tal trabalho ligeiro, seguido de retorno ao escritório para a correria de último dia de entrega dos projectos, onde vai faltar sempre qualquer coisa.
por ora, já comprei uma caixa de donuts, um pacote de bolachas, e uma caixa de aspirinas.
a colega assaltou o cofre da empresa para comprar oito chapas para café. a pedido especial, a máquina do bar ficará ligada.
imprimimos um aviso para a porta, onde se lê: "proibida a entrada a quem não tiver o maço de tabaco cheio".

agradeço-vos, portanto, por preencherem a minha vida de uma forma tão interessante, saudável e pouco calórica.

Comentários

Anónimo disse…
Agradeço a esses senhores por morrerem sem saber o que é viver...o que é realmente viver.
Polegarzita, tu tens coisas que eles nunca vão ter, que eles nunca vão sentir, que nunca vão viver.
Que se lixe.
Amanhã é outro dia. Tu tens coisas para contar. Eles nem por isso.
Anónimo disse…
(ler em formato RAP)

IA... instituto das artes...
YO... tou mesmo a ver quem vai ganhar...
IA... os UA vão papar tudo...
YO... não há respeito por quem trabalha...
IA... YO... IA... YO...
Anónimo disse…
macaso: esses senhores estão de bem com a vidinha... eu de bem com a minha. quando os nossos caminhos se cruzam é que é pior... ;)
espanta: já alguma vez te disseram que és chanfrado? :P
mas acertaste na mouche! sai mais um projecto inovador de t-shirts rotas e um abat-jour enfiado na cabeça enquanto recitamos brecht de forma monocórdica de forma a que ninguém perceba um caracol, mas com uma despesa de 2500€ por espectador, por favor! e sem ter de preencher os formulários, que não é preciso! haja paciência! (mas hoje esgotou-se LOLOL)
Anónimo disse…
GGGGGGGGGGGGGGGRRRRRRRRRRRRRRRRRHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!

E ASSINO POR BAIXO!

B.
Anónimo disse…
ha rapariga andas com uma vida difícil! devias fazer uma sessão de reiki para libertar essas energias negativas que andas a atrair, mas fica descansada que vou dar um raspanente a uma conhecida minha do IA, e lá se admite uma situação dessas! grrrrrr
Anónimo disse…
pára tudo pára tudo! conheces uma senhora no IA?!?!?!?!?!!?? eeeh lá! queres ser minha amiga? e só dizes isso agora, q estou de teclado marcado na testa e a ver pintinhas nas 20 folhas de projecto?!?!?!? :P
Anónimo disse…
,inha querida, força!! o bom d teres essa vida, é q depois tens recompensas q esses senhores nem sabem o q são.
bjos
Anónimo disse…
Ai, ai!... Vinga-te com os bonequinhos, assusta as criancinhas!
Anónimo disse…
Da-lhe giz!! ;)

Mensagens populares deste blogue

q.b. de q.i.

como é sabido, neste centro de escritórios funciona também uma das maiores agências de castings do país. há enchentes, vagas de gente daquela que nos consegue fazer sentir mais baixos e mais gordos do que o nosso próprio e sádico espelho. outras enchentes há de criancinhas imberbes que nos atropelam no corredor de folha com número na mão. as mães a gritarem hall fora "não te mexas que enrugas a roupinha" ou "deixa-me dar-te um jeitinho no cabelo ptui ptui já está"... e saem e entram e sentam-se e entreolham-se naquele ar altivo as meninas muito compridas e muito fininhas, do alto ainda mais alto dos seus tacões e com a mini-saia pendurada no osso da anca, que o meu patrão já diz "deixem passar dois anos que elas começam a vir nuas aos castings... pouco falta... têm é de vir de saltos altos... isso é que já não descolam dos pés!" bom, nesses dias aceder à casa de banho é um inferno. é que elas enfiam-se lá dentro nos seus exercícios de concentração preferid...

the producers

there comes a time in your life when you have to stand up straight and scream out loud so that everybody can hear: "Who the hell do I have to fuck to have a chance around here?!" The Producers | Mel Brooks | Drury Lane Theatre | Covent Garden quando ouvi isto, soltei a gargalhada amarga que me acompanha nas ironias da vida. agora já nem consigo rir. estou cansada. não dou o cuzinho e três tostões, mas dou o couro e três tostões. não conta, porra?

reviravoltas

[ms] mais uma para o currículo. descansa. estou cá, para te dar a mão. e um dia ainda nos vamos rir... os dois... entretanto, rimo-nos também, que não há mal que não desista à vista dos dentes desgarrados e das barrigadas de nós os dois. porque eu sei o que vales, quanto vales e como vales. e para cada ingrato, grato e meio. os destinos entrançam-se devagarinho. nada acontece por acaso. há quem consiga aguentar o nó na garganta de mão dada. sabes que quando se fecha uma porta... nem que tenha de rebentar uma janela à pancada... o céu troveja porque não sou só eu que estou revoltada... peito cheio, vem aí o vento... vamos apanhá-lo de velas içadas. vamos apanhar a chuvada de boca aberta ao céu... vou sair agora. vens?