uma pacata família, na periferia saloia da capital, tomava a sua tradicional refeição almoçadeira de Domingo, dia santo de reunião de todos os seus elementos, dispersos pelos afazeres da semana.
de narizinhos enterrados na frugal refeição de carninha grelhada, os vários elementos faziam as suas considerações acerca da vida e do seu sentido. num momento de algum silêncio compenetrado no alimento santo, a mai'nova levanta os olhos e larga num pequeno sussuro de espanto um "olha, está a nevar". os restantes elementos direccionam os gloos oculares na direcção que provocara tal altercação. no mesmo momento a mai'velha solta o seu suave manifesto de alegria e incredulidade:
- FODA-SE tá a nevar!
levantam-se todos de um salto e o patriarca ainda consegue ter a presença de espírito, entre o atordoado da situação, de assertivar uma reprimenda demasiado frouxa à filha mais velha:
- ó Polegar, francamente, olham'essa língua...
- desculpem, desculpem mas tá a nevar!
mas o espanto tomou todos os intervenientes e todos saíram para o jardim para admirar o inédito acontecimento natural. a matriarca ria e chorava ao mesmo tempo, a mai'nova, no seu habitual recato, observava tudo sorrindo, o patriarca saiu a correr para gravar tudo na sua câmara de filmar, a mai'velha, já de gorro às riscas, saltava que nem uma cabrinha montesa, guinchava e ria à gargalhada, de braços e boca abertos, língua de fora, a apreciar o primeiro nevão da sua vida. quando lhe sugeriram que voltasse para dentro por um instante porque estava frio respondeu com um delicado:
- tás bêbado? tá a nevar!
custou a estes nossos amigáveis protagonistas voltar para dentro para terminar o repasto. e o que fizeram de seguida? claro que voltaram para a rua, vestidos a preceito, todos de língua de fora, para no caminho do café, fazerem a sua hidratação das papilas gustativas.
os flocos em turbilhão, tão vulgares para tanto habitante do interior norte deste país à beira-mar plantado, fascinaram os nossos intrépidos amigos que foram incapazes de regressar ao aconchego do lar e abandonar o primeiro nevão dos últimos 52 anos.
o primeiro instinto que tive foi de chamar a minha avó para vir ver aquele cenário que tanto pressagiara nos dias frios daqueles anos lá em casa. o segundo foi um suspiro descansado em que me certifiquei que não era preciso, ela estava ali, de sorriso aberto, a sentir também a espuma fresca gelar-lhe as bochechas macias.
de facto, os milagres acontecem...
de narizinhos enterrados na frugal refeição de carninha grelhada, os vários elementos faziam as suas considerações acerca da vida e do seu sentido. num momento de algum silêncio compenetrado no alimento santo, a mai'nova levanta os olhos e larga num pequeno sussuro de espanto um "olha, está a nevar". os restantes elementos direccionam os gloos oculares na direcção que provocara tal altercação. no mesmo momento a mai'velha solta o seu suave manifesto de alegria e incredulidade:
- FODA-SE tá a nevar!
levantam-se todos de um salto e o patriarca ainda consegue ter a presença de espírito, entre o atordoado da situação, de assertivar uma reprimenda demasiado frouxa à filha mais velha:
- ó Polegar, francamente, olham'essa língua...
- desculpem, desculpem mas tá a nevar!
mas o espanto tomou todos os intervenientes e todos saíram para o jardim para admirar o inédito acontecimento natural. a matriarca ria e chorava ao mesmo tempo, a mai'nova, no seu habitual recato, observava tudo sorrindo, o patriarca saiu a correr para gravar tudo na sua câmara de filmar, a mai'velha, já de gorro às riscas, saltava que nem uma cabrinha montesa, guinchava e ria à gargalhada, de braços e boca abertos, língua de fora, a apreciar o primeiro nevão da sua vida. quando lhe sugeriram que voltasse para dentro por um instante porque estava frio respondeu com um delicado:
- tás bêbado? tá a nevar!
custou a estes nossos amigáveis protagonistas voltar para dentro para terminar o repasto. e o que fizeram de seguida? claro que voltaram para a rua, vestidos a preceito, todos de língua de fora, para no caminho do café, fazerem a sua hidratação das papilas gustativas.
os flocos em turbilhão, tão vulgares para tanto habitante do interior norte deste país à beira-mar plantado, fascinaram os nossos intrépidos amigos que foram incapazes de regressar ao aconchego do lar e abandonar o primeiro nevão dos últimos 52 anos.
o primeiro instinto que tive foi de chamar a minha avó para vir ver aquele cenário que tanto pressagiara nos dias frios daqueles anos lá em casa. o segundo foi um suspiro descansado em que me certifiquei que não era preciso, ela estava ali, de sorriso aberto, a sentir também a espuma fresca gelar-lhe as bochechas macias.
de facto, os milagres acontecem...
Comentários
q dia lindo, q acontecimento mágico, fica pra contar aos filhos, aos vindouros, ao futuro.
q lindo o ultimo parágrafo. beijos, aqui mesmo ao pé de ti. (estás a ler ao mesmo tempo q escrevo... não vale!!!!)
q dia lindo, q acontecimento mágico, fica pra contar aos filhos, aos vindouros, ao futuro.
q lindo o ultimo parágrafo. beijos, aqui mesmo ao pé de ti. (estás a ler ao mesmo tempo q escrevo... não vale!!!!)
Sorry, era eu...
Por aqui não nevou. Só posso imaginar. Mas ver-te assim feliz já é muito bom. Agora imagina a loucura despedida (nua) com um frio de rachar:):)
miak: ah eras? e que querias dizer...?
E.A.: long time no see ;)
macaso: esperemos então pelo carteiro. se ele passar fora de horas, que a caixa do correio esteja à espera dele :) que pena não ter nevado aí, devias ter vindo cá este fim de semana ehehehe. agora a loucura despida com este frio não era nada de espantar... a gaja é louca mesmo! :P
*tomei a liberdade de voltar a inserir o teu comentário, miak. e obrigada.
deixaste-me com vontade de voltar áquela tarde. Também filmei e enregelei..
=)