o dia cinzento com o sol mesmo ali, do lado de lá, mas na mesma cinzento.
o frio ainda maior que fazia nos claustros toda a manhã.
o facto de o trabalho começar cedo demais para tomar o pequeno almoço e acabar tarde demais para almoçar.
o peso das coisas que tinha de carregar.
as unhas partidas, agora que conseguira deixar de as roer, por causa dos ferros, tapetes e parafusos.
os irresponsáveis institucionais com que tinha de lidar que tinham perdido uma chave e já a queriam acusar a ela.
o tempo que demorava a chegar depois de tudo ao escritório.
o facto de ter de ir para o escritório depois de tudo.
o facto de lhe apetecer ficar sentada a olhar para a parede sem produzir a uma semana da entrega dos projectos.
a incapacidade de se sentar a comer como deve ser sem companhia.
a incapacidade de se sentar a comer como deve ser.
a torrada com demasiado sal, sal só nas batatas fritas.
o galão demasiado amargo.
o estado letárgico que a impedia de se levantar e pegar noutro pacote de açúcar.
a gulodice que lhe ia de certeza trazer crises de diabetes aos 30.
o facto de ter de atravessar a estrada e entrar de novo no escritório vazio.
o facto de ter mais trabalho noite dentro.
o facto de não ter carro.
o facto de não ter tempo para tratar do carro.
o facto de não ter tempo para despachar as suas coisas para andar a despachar as dos outros.
a noite mal dormida, de sono demasiado pesado.
a manhã mal acordada, o duche mal tomado, o espelho de olhos desanimados e olheirentos.
o cabelo espigado.
a preguiça de sequer por um creme na cara.
a roupa mal amanhada, nova mas já a borbotar dos carregos, que a fazia sentir-se mais trapo-fêmea que mulher.
o facto de não ter ouvido nenhuma música durante todo o dia.
a rapariga do café que, de bata branca e touca na cabeça, brincara com um cão bebé às pintas e voltara para trás do balcão sem lavar as mãos.
o facto de ter reparado mais nisso que no cão bebé às pintas.
o facto de isso a fazer sentir-se cada vez mais parecida com a mãe.
a mulher que a olhava com um sorriso-pensativo-quase-paternalista na mesa do fundo.
a máquina do café que não tinha Luckies nem Detroits.
o ter de ir gastar dinheiro em tabaco.
as miúdas estragadas que à porta do Extra todos os dias pediam uma moedinha como se nunca a tivessem visto.
o facto de lhe ser inevitável dar-lhes mesmo uns trocos ou um cigarro à saída.
o sorriso demasiado apagado quando viu um menino chinês a perguntar "quanto custa buáxás" ao senhor do Extra.
o taxista que quase a atropelou na passagem de peões.
maldisse o ter acordado com os pés de fora ou com o rabo virado para a lua ou nem carne nem peixe ou lá o que foi que a deixou o dia todo a maldizer tudo.
detesto estes dias cinzentos.
o frio ainda maior que fazia nos claustros toda a manhã.
o facto de o trabalho começar cedo demais para tomar o pequeno almoço e acabar tarde demais para almoçar.
o peso das coisas que tinha de carregar.
as unhas partidas, agora que conseguira deixar de as roer, por causa dos ferros, tapetes e parafusos.
os irresponsáveis institucionais com que tinha de lidar que tinham perdido uma chave e já a queriam acusar a ela.
o tempo que demorava a chegar depois de tudo ao escritório.
o facto de ter de ir para o escritório depois de tudo.
o facto de lhe apetecer ficar sentada a olhar para a parede sem produzir a uma semana da entrega dos projectos.
a incapacidade de se sentar a comer como deve ser sem companhia.
a incapacidade de se sentar a comer como deve ser.
a torrada com demasiado sal, sal só nas batatas fritas.
o galão demasiado amargo.
o estado letárgico que a impedia de se levantar e pegar noutro pacote de açúcar.
a gulodice que lhe ia de certeza trazer crises de diabetes aos 30.
o facto de ter de atravessar a estrada e entrar de novo no escritório vazio.
o facto de ter mais trabalho noite dentro.
o facto de não ter carro.
o facto de não ter tempo para tratar do carro.
o facto de não ter tempo para despachar as suas coisas para andar a despachar as dos outros.
a noite mal dormida, de sono demasiado pesado.
a manhã mal acordada, o duche mal tomado, o espelho de olhos desanimados e olheirentos.
o cabelo espigado.
a preguiça de sequer por um creme na cara.
a roupa mal amanhada, nova mas já a borbotar dos carregos, que a fazia sentir-se mais trapo-fêmea que mulher.
o facto de não ter ouvido nenhuma música durante todo o dia.
a rapariga do café que, de bata branca e touca na cabeça, brincara com um cão bebé às pintas e voltara para trás do balcão sem lavar as mãos.
o facto de ter reparado mais nisso que no cão bebé às pintas.
o facto de isso a fazer sentir-se cada vez mais parecida com a mãe.
a mulher que a olhava com um sorriso-pensativo-quase-paternalista na mesa do fundo.
a máquina do café que não tinha Luckies nem Detroits.
o ter de ir gastar dinheiro em tabaco.
as miúdas estragadas que à porta do Extra todos os dias pediam uma moedinha como se nunca a tivessem visto.
o facto de lhe ser inevitável dar-lhes mesmo uns trocos ou um cigarro à saída.
o sorriso demasiado apagado quando viu um menino chinês a perguntar "quanto custa buáxás" ao senhor do Extra.
o taxista que quase a atropelou na passagem de peões.
maldisse o ter acordado com os pés de fora ou com o rabo virado para a lua ou nem carne nem peixe ou lá o que foi que a deixou o dia todo a maldizer tudo.
detesto estes dias cinzentos.
Comentários
Amanhã será... diferente.
Beijos
close your eyes and lose the feeling that's been sinking
close your eyes and count to three
close your eyes rewind, I know just what you're thinking
close your eyes and think of me
Larger than life niceties
bigger than you, more than me
I've got the monday morning blues
and oh my god I've got the home for you
and give the everyday morning you...use
there's things right here I can't afford to choose
CHORUS
sincere, caramel, champagne, down drain, tell him, no gain
it's so damn physical it will sustain
and too damn technicolor to refrain
and much too taxing for my little brain
why do we never know enough of happy ends?
why do they never show?
all the times that we have been so good and caring
how many times we'll never know
CHORUS X2
Packed it like a punch out to lunch
I got a little hunch that stood out from the bunch
as if that's not a enough I need another reason why
that god damn bitch of life she made me cry
so I'd like to poke her squarely in the eye
and it hurt so much I feel like I could die
yeah
espanta: muito e muito obrigada pela "love box"... obrigada...
Estou contigo, à tarde...se for preciso...
Fazes isto como ninguém...
Como ninguém...
espero que tenhas um fim de semana desses já neste! bjkas cheer up!
B: eu sei, eu não resisto de qualquer maneira... mas acreditas que já ando a enjoar os doces e as torradas e ontem apeteceu-me... uma salada?!?!?!
miak: oh. tretas... só escrevo balelas. vai lá escrever coisas bonitas no duende e não te ponhas com disparates :P
pinky: hmmmmm pois tou... quanto ao banho de imersão vai ser difícil que o esquentador anda meio mal disposto, mas quanto ao resto vamos ver o que se arranja... dormir até tarde: check. dança na disco: not possible, no disco. dança na sala: not check, but working on it. sol na esplanada: depends on the weather ;)
beijocas