teatro Maria Matos
até 15.Out.06
4ª a Sáb. 21H30 | dom. 17H
encenação de Tiago Guedes
com Gonçalo Waddington, Albano Jerónimo, João Pedro Vaz e Marco D'Almeida
bilhetes: 15 €, regra geral. todas as informações no site do teatro
prometido é devido e à primeira oportunidade, uma visita ao Maria Matos renovado, cuja programação e grafismos de divulgação me têm deixado de água na boca.
The Pillow Man não é uma história fácil. desengane-se quem acha que se vai rir a bandeiras despregadas [houve umas quantas meninas nervosas que se escangalhavam a cada deixa até levarem o soco no estômago. é incrivelmente triste o poder de um "foda-se" num espectáculo]. desengane-se também quem pense que vai lá ficar de mão no queixo, com um circunspecto "hummm" intelectual. é uma história simples. ou melhor, é uma história contada de forma simples, sem ser simplista. em que as emoções provocadas vão do riso sádico, à simpatia, ao ódio, ao confrangimento, ao enternecimento, à tristeza, ao torpor, passando pelo riso incomodado de quem sabe que se está a rir de algo que só tem piada porque - epá - é a fingir... não é...? [... e depois alguém lá em cima nos olha com um daqueles olhares que nos cala...] um drama com laivos de comédia de situação em tom amargo, salpicada de um humor negro que nos gela e aquece de riso ao mesmo tempo. sobre um escritor de contos mórbidos - excepto o do porquinho verde - que se apercebe que estão a acontecer...
o cenário é extremamente clean e apelativo [lembrando vagamente Frank Miller, não fossem dois dos personagens usar roupa de cor], com soluções muito boas, a utilização de perspectivas interessantes complementadas com uma iluminação invisível [o que é positivo] e de - mais uma vez - adereços simples e pequenos apontamentos de multimedia, que não se impõem. são mais uma personagem.
uma encenação também transparente, com marcações naturais, nota-se que ditadas muito pelo instinto dos actores na movimentação do texto. uma esmerada direcção de actores, em que o texto ficou não só à superfície da pele, mas foi esventrado com corte cirúrgico. todos sabiam bem o que estavam a fazer, sentir, pensar. como eu gosto... nhami!
o que não é simples, neste espectáculo, é o gráfico emocional para os actores. não é simples no sentido em que não temos ali "bonecos". temos seres humanos, com defeitos, qualidades, forças, fraquezas, silêncios, segredos, pensamentos, ideais, histórias passadas. todas as personagens são absolutamente humanas.
é portanto, uma peça de actores. [um dos meus "estilos" preferidos]. ali, o desafio vai para eles, de se concretizarem em cada respiração, em cada deixa, em cada contracena, em cada momento de confronto com uma realidade estranha. e respiram realidade dos poros.
a todos e a cada um deles, um grande aplauso de pé. daqueles de peito cheio de orgulho, em que se agradece que nos mostrem afinal porque é que vale a pena continuar a tentar neste meio cão.
há quem considere a peça, em dado ponto, algo longa. cíclica em termos de conteúdo. confesso que estava demasiado absorvida a deliciar-me com as interpretações para dar pelo assento rijo. mas foi unânime que as cenas que ensanduicham o espectáculo [as fatias de pão, portanto o início e o fim] arejam nos tempos certos o que podia tornar-se demasiado longo mas não chega a ser. na proporção certa, diria.
um espectáculo a não perder. cuidado que a sala está na moda, portanto para os últimos dias já deve ser difícil conseguir bilhete. não temeis, caros seguidores d'A Palavra deste Blog, os lugares da fila da frente. a distância do palco é perfeita para absorver tudo sem um torcicolo.
mas isto sou eu...
até 15.Out.06
4ª a Sáb. 21H30 | dom. 17H
encenação de Tiago Guedes
com Gonçalo Waddington, Albano Jerónimo, João Pedro Vaz e Marco D'Almeida
bilhetes: 15 €, regra geral. todas as informações no site do teatro
prometido é devido e à primeira oportunidade, uma visita ao Maria Matos renovado, cuja programação e grafismos de divulgação me têm deixado de água na boca.
The Pillow Man não é uma história fácil. desengane-se quem acha que se vai rir a bandeiras despregadas [houve umas quantas meninas nervosas que se escangalhavam a cada deixa até levarem o soco no estômago. é incrivelmente triste o poder de um "foda-se" num espectáculo]. desengane-se também quem pense que vai lá ficar de mão no queixo, com um circunspecto "hummm" intelectual. é uma história simples. ou melhor, é uma história contada de forma simples, sem ser simplista. em que as emoções provocadas vão do riso sádico, à simpatia, ao ódio, ao confrangimento, ao enternecimento, à tristeza, ao torpor, passando pelo riso incomodado de quem sabe que se está a rir de algo que só tem piada porque - epá - é a fingir... não é...? [... e depois alguém lá em cima nos olha com um daqueles olhares que nos cala...] um drama com laivos de comédia de situação em tom amargo, salpicada de um humor negro que nos gela e aquece de riso ao mesmo tempo. sobre um escritor de contos mórbidos - excepto o do porquinho verde - que se apercebe que estão a acontecer...
o cenário é extremamente clean e apelativo [lembrando vagamente Frank Miller, não fossem dois dos personagens usar roupa de cor], com soluções muito boas, a utilização de perspectivas interessantes complementadas com uma iluminação invisível [o que é positivo] e de - mais uma vez - adereços simples e pequenos apontamentos de multimedia, que não se impõem. são mais uma personagem.
uma encenação também transparente, com marcações naturais, nota-se que ditadas muito pelo instinto dos actores na movimentação do texto. uma esmerada direcção de actores, em que o texto ficou não só à superfície da pele, mas foi esventrado com corte cirúrgico. todos sabiam bem o que estavam a fazer, sentir, pensar. como eu gosto... nhami!
o que não é simples, neste espectáculo, é o gráfico emocional para os actores. não é simples no sentido em que não temos ali "bonecos". temos seres humanos, com defeitos, qualidades, forças, fraquezas, silêncios, segredos, pensamentos, ideais, histórias passadas. todas as personagens são absolutamente humanas.
é portanto, uma peça de actores. [um dos meus "estilos" preferidos]. ali, o desafio vai para eles, de se concretizarem em cada respiração, em cada deixa, em cada contracena, em cada momento de confronto com uma realidade estranha. e respiram realidade dos poros.
a todos e a cada um deles, um grande aplauso de pé. daqueles de peito cheio de orgulho, em que se agradece que nos mostrem afinal porque é que vale a pena continuar a tentar neste meio cão.
há quem considere a peça, em dado ponto, algo longa. cíclica em termos de conteúdo. confesso que estava demasiado absorvida a deliciar-me com as interpretações para dar pelo assento rijo. mas foi unânime que as cenas que ensanduicham o espectáculo [as fatias de pão, portanto o início e o fim] arejam nos tempos certos o que podia tornar-se demasiado longo mas não chega a ser. na proporção certa, diria.
um espectáculo a não perder. cuidado que a sala está na moda, portanto para os últimos dias já deve ser difícil conseguir bilhete. não temeis, caros seguidores d'A Palavra deste Blog, os lugares da fila da frente. a distância do palco é perfeita para absorver tudo sem um torcicolo.
mas isto sou eu...
Comentários
Gosto das tuas criticas de teatro. Estou sempre à espera de um "mas isto sou eu..." nos teus posts.
como o blog tem andado murchito e até tive oportunidade de ir ver estes espectáculos, aproveitei para dizer de minha justiça. daí a fazer disto profissão... hum... tinha de levar as mãos ao queixo, usar saias compridas ou vestir-me de preto, ter uns óculos redondos... tás a ver? eheheh
mas pronto, como gosto da coisa, decidi partilhar a minha opinião e - quem sabe -cruzá-la com a de outros. e como sabes, nunca perco uma oportunidade para me chamarem de... como é que era? ah! "imbecil"... ;)
Um beijo
Daniel
(era daquelas: "a não perder...")
vamos ver se consigo.....
:)
fica bem
Gostei muito da peça, talvez porque tivesse a dever há algum tempo uma ida ao teatro, e gostei como explicaste como se fica facilmente absorvido pela intensidade dos diálogos.
Dá vontade de continuar a ver, a ver e a absorver.
mas que sabe se estes senhores não fazem uma digressão...? merecia. merecíamos :)
intruso: tá prestes a esgotar. despacha-te
Jameson: estas coisas são daquelas que sabem mesmo bem. e dão vontade de fazer outras com a mesma qualidade.
colher: eu fui raptada... sorry mas não te pude avisar lol tens até domingo... hurry up!