enrolo as meias e a roupa interior. viro as peças delicadas do avesso. faço uma marca em cada item que já está. não esquecer o pente e o amaciador. puxo com força os esticadores e transformo a mochila no mais redonda possível. depois, estendo um braço e o outro. os dedos tocam o esboço de ar que já não me pertence. espreguiço-me feita gata preguiçosa. em pontas de pé, soam os acordes da caixa de música. chão negro. madeira macia aquece os pés. deslizo numa dança minha, de melodias incertas. as ancas vagueiam, o peito arqueja. o cabelo perde-se no caminho. então, lentamente, a música estende-se, envolve-me. e no seu colo ondulo. ondas cada vez mais encaracoladas. espirais apertadas. toda a minha pele perde as noções da sua geografia, entrega-se nesse abraço aconchegado onde o cheiro é das pintas de canela e me respira ao ouvido. baila, bailarina, baila. pequenina pequenina. já cabes na bagagem.
vamos?
vamos.
vamos?
vamos.
Comentários
colherzinha: mas eu sei: Badajoz via Fuente de Oñor com paragem em Quarteira! ;P
Um beijo
Daniel
Mesmo quando não escrevo estou cá. passo por cá de mansinho.