havia uma redoma feita de tecido. nos destroços da minha pele quebrada reinventavas suspiros às escondidas. ali tudo se descobria. ali estávamos nus. a luz era filtrada e projectava graffitis azuis nos corpos cerzidos. éramos nus tatuados. escondidos. rezando sem deus específico para que a luz não apagasse os desenhos no suor. essa era a hora de sair. então sopravas e eu soprava de novo. podia ser que de tanto soprar as horas se mantivessem suspensas. e depois abocanhávamos os ponteiros com soluços desconsolados. fechávamos as portas e sabíamos que ali tudo ficaria parado à nossa espera. sarcasticamente o pó suspendia a sua viagem até que retornássemos e ele voltasse a passear-se lentamente, contando-nos os segundos das nossas fugas.
depois rasgámos a redoma. e no lugar das lágrimas montámos um altar onde a luz penetra num azul escuro de noite sem estrelas que não as dos olhos. forrado a cores sem tino. na lateral, dormem relógios de corda. há um vago cheiro de eternidade.
depois rasgámos a redoma. e no lugar das lágrimas montámos um altar onde a luz penetra num azul escuro de noite sem estrelas que não as dos olhos. forrado a cores sem tino. na lateral, dormem relógios de corda. há um vago cheiro de eternidade.
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