montagem a partir de fotos de espanta-espíritos
depois da queda, os braços, doridos, que me agarram. sempre eles. pisca para a direita e agora não vamos para casa. hoje a terapia não será papel de parede. e o tempo arrefece e as árvores que também abraçam. a terra dos feitiços. segue-se o labirinto e deixo que quem conhece aquelas artérias nos navegue pelo sangue verde de asfalto e silêncio. aos poucos o encanto vai descendo, à medida que subimos. subir até ver as nuvens a cair. não pairam, rodopiam, entram pelos ramos e chamam. e ali não há sol nem calor neste pleno verão tão tremido. no reduto, no local secreto que me dás. está ali, como da outra vez, todo o meu estado de espírito. se antes havia luz, azul e vista limpa, hoje não se vê nada. o vento vergasta, uiva, puxa e empurra, faz de nós joguetes de vontade, que sim, chegarão lá acima só porque querem ou seriam derrubados num sopro. equilíbrio precário. frio e adrenalina que não dão espaço ao fraquejar da carne. rajadas que nos calam o medo dos dias úteis, dos dias sempre iguais sem luz de saída, da música amargurada que nos canta e sorri. e as nuvens que envolvem tudo, tomam o território da terra e dos pés e humedecem o espírito. naquela tormenta gritámos, ouvimos, ficámos até a alma estar um pouco mais sossegada. embatida, batida do esforço que foi mantermo-nos de pé.
Comentários
tudo em fúria e a fazer lembrar que está ali sempre que precisarmos de lavar a alma.
foi bom...
sim, foi bom.
muito obrigada.