foto de Martim Ramos, tratada por mim
bar do Teatro da Trindade
11 de Abril a 3 de Maio, sextas e sábados às 23h
* bar do Teatro da Malaposta . 16 e 17 maio às 23h.
criação e encenação colectivas
dramaturgia e direcção: Ana Sofia Paiva
com: Ana Sofia Paiva, Anabela Tomás, Cristina Andrade, Luciana Ribeiro
músicos: Tiago Morna e Rodrigo Augusto
produção: Kalpa Comunicação e Cultura
preço: 8€ [vários descontos disponíveis]
quem me conhece sabe que tenho por princípio, neste blog, fazer as minhas pseudo-críticas a espectáculos a que tenha assistido mas nos quais não trabalhe ninguém que eu conheça. maioritariamente para evitar ferir susceptibilidades [com a minha maldita mania de dizer o que realmente acho] e já agora para não parecer que só faço publicidade aos amiguinhos e mesquinhices parecidas.
no entanto, hoje faço excepção. uma grande amiga minha faz parte deste elenco.
entramos na casa de fados de D. Maria da Rosa, que nos vem receber à entrada. a gerente da casa dá por aberta a noite de fados enquanto a jovem Rosinha nos vai servindo os cafézinhos. é apresentada a grande vedeta da casa, Rosa Maria, acompanhada pelos seus músicos [um deles é o marido]. numa mesa de lado, atenta ao espectáculo, está a fadista - prata - da - casa - já - aposentada, uma boémia trocista sempre com o remate pronto [cujo nome não recordo, mas também é arraçado da rainha das flores].
ao longo de uma hora, somos simplesmente brindados com um espectáculo de fados enquanto assistimos a revelações da vida daquelas personagens, dignas de uma trama de novela de faca e alguidar, ilustradas passo a passo, claro está, com músicas a preceito. para nos compensar de uma noite tão constrangedora e atípica daquela casa de renome, ainda temos direito a uns copitos de vinho e chouriço assado no fim.
é um espectáculo canalha e castiço. é simples, ligeiro, disparatado e muito divertido. sem nunca ser brejeiro ou estupidificante. para quem já esteve em casas de fado e conhece o ambiente de bairro, reencontra ali as personagens típicas [ou tipo], obviamente com tiques e deixas bem condensados, como requer uma construção baseada em caricaturas. muito bem cantado, com interpretações algo desiguais, mas que se enquadram nos seus jeitos sem comprometer o espectáculo ou a verdade do que ali se faz. o destaque vai para [e agora vou mesmo parecer tendenciosa, bite me] Luciana Ribeiro, que tem uma garra, uma voz, uma parvoíce inata e uma capacidade de improviso fora do normal, e para Ana Sofia Paiva, que faz uma velha glória fabulosa em termos de corpo, voz e tempos de comédia.
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