há coisas tão boas que se sentem com o sabor do pecado.
sabe a pecado perceber que nos visualizamos a viver ali ou ali. sem dificuldade, acreditamos que simplesmente podíamos ir ficando, por um enquanto indefinido. derrete-se a língua nova na boca, sabe-se que se vira à esquerda e o rio é já ali, que é tão fácil criar raízes entre bancas de roupa vintage. as rotinas são coisas que nascem espontaneamente, o café preferido e o sítio onde comprar a baguette, o restaurante japonês barato, o mercado de rua e o supermercado do leite bom. de repente já são nossos, dados adquiridos como saber que descendo aqui a rua vai dar à tasca onde o vizinho dispensa um pão ao domingo à noite.
gosto de não precisar de um carro para nada. gosto de poder ir a pé ou de bicicleta, do é já ali sem cansaço, gosto de ter transportes para todo o lado, de o passe ser barato e dar para tudo a toda a hora, de a comida ser barata, de os jardins serem para todos e de haver muitos jardins, de se poder pisar a relva, de haver arte no meio da rua, de ver artesanato a torto a direito, e de poder comprar um comprimido para as dores de cabeça ou para as alergias às 11 da noite já na esquina.
o pecado é a rapidez com que tudo se nos entranha. é o nariz no ar a ver que até dava para trabalhar ali ou acolá. fazer as contas e pensar... se tantos conseguem...
é pecado, sim, pensar seriamente que se calhar perdia-se era o amor ao dinheiro já gasto no bilhete de regresso e pairava-se por ali, a duas horas e vinte dos dois pólos dos nossos novos mundos que os passos já conhecem de cor.
é um planisfério pessoal que se desenha a sorrisos. a única dor é nos pés, de 5 quilómetros diários feitos meio de passeio, meio de descoberta.
segue-se a ressaca do regresso, há sempre que pagar a factura do querer.
atenua-se com algum trabalho e o aconchego de ter a certeza - tão absoluta - de que se estou contigo estou bem.
onde quer que seja.
*subúrbio - em francês deriva de "lugar dos banidos". e as notícias mostram-me cada dia mais sentidos nesta palavra quando aplicada de uma forma geral a este pequeno rectângulo à beira-mar plantado...
sabe a pecado perceber que nos visualizamos a viver ali ou ali. sem dificuldade, acreditamos que simplesmente podíamos ir ficando, por um enquanto indefinido. derrete-se a língua nova na boca, sabe-se que se vira à esquerda e o rio é já ali, que é tão fácil criar raízes entre bancas de roupa vintage. as rotinas são coisas que nascem espontaneamente, o café preferido e o sítio onde comprar a baguette, o restaurante japonês barato, o mercado de rua e o supermercado do leite bom. de repente já são nossos, dados adquiridos como saber que descendo aqui a rua vai dar à tasca onde o vizinho dispensa um pão ao domingo à noite.
gosto de não precisar de um carro para nada. gosto de poder ir a pé ou de bicicleta, do é já ali sem cansaço, gosto de ter transportes para todo o lado, de o passe ser barato e dar para tudo a toda a hora, de a comida ser barata, de os jardins serem para todos e de haver muitos jardins, de se poder pisar a relva, de haver arte no meio da rua, de ver artesanato a torto a direito, e de poder comprar um comprimido para as dores de cabeça ou para as alergias às 11 da noite já na esquina.
o pecado é a rapidez com que tudo se nos entranha. é o nariz no ar a ver que até dava para trabalhar ali ou acolá. fazer as contas e pensar... se tantos conseguem...
é pecado, sim, pensar seriamente que se calhar perdia-se era o amor ao dinheiro já gasto no bilhete de regresso e pairava-se por ali, a duas horas e vinte dos dois pólos dos nossos novos mundos que os passos já conhecem de cor.
é um planisfério pessoal que se desenha a sorrisos. a única dor é nos pés, de 5 quilómetros diários feitos meio de passeio, meio de descoberta.
segue-se a ressaca do regresso, há sempre que pagar a factura do querer.
atenua-se com algum trabalho e o aconchego de ter a certeza - tão absoluta - de que se estou contigo estou bem.
onde quer que seja.
*subúrbio - em francês deriva de "lugar dos banidos". e as notícias mostram-me cada dia mais sentidos nesta palavra quando aplicada de uma forma geral a este pequeno rectângulo à beira-mar plantado...
Comentários
Benvinda, seja como for. Prefiro ter-te por cá...
'cause i "mind the moon"!!
tja ;) bjs
são as duas tão diferentes mas tão melhores do que este subúrbio europeu à beira mar cosntruído... perdão, plantado, pleno de patos bravos e aves raras em que o respeito por quem quer trabalhar ou viver com qualidade é nulo ou quase nulo...
lfm: nós sabemos e abusamos disso lol
espanta: tu já estás mais que decidido, ó mentiroso :P
Bem-vinda.
Belo banho de cultura, linda.
a memória este jardim suburbano de faz-de-conta deixa-nos um travo amargo na boca, quando estamos longe, quando estamos fora dele...]
a ressaca do regresso normalmente bate forte......
:S
...mas há sempre "aconhegos" que nos levam a gostar de estar onde estamos.
bj
ficava por lá e voltava aqui apenas para sentir as coisas bonitas... o resto enfiava num saco e fugia.
e se fossemos todos? (sempre disse que se emigrasse, o ideal era levar a familia e os amigos todos para a mesma cidade. custava menos. )
um beijo grande, querida.
até breve. breve.