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só bronze e sonho

entre nervos e risinhos frescos de coisas pequeninas a quem contámos histórias de gente grande.
o medo de as histórias serem pesadas, de não estarmos a ser ciganos como deve ser, evaporou-se nos olhos atentos, nos comentários murmurados e nas risadas francas sempre que a ocasião o propunha.
com estes pequenos seres não há meias medidas. trespassam-nos com a franqueza, topam-nos um passo em falso. por isso foi de peito aberto e olhos nos olhos.
depois o momento decisivo, engolir em seco e atravessar a parede que nos protegia.

"mostra a mão, senhora" [pequenina, perdida na cadeira maior que o mundo dela, de trancinhas com missangas].
um segundo de hesitação e... uma mãozinha esticada, pequenina, curiosa, a ver-me percorrer as linhas ainda por desenhar e outras que não estão lá. olhos pasmados "um rapaz te quer muito, e outros te falam de amores". cora e ri. depois mostrou-me o dói-dói na perna. fiz-lhe uma mezinha de beijocas e passei ao próximo cliente. levanto os olhos.
três ciganos de lantejoulas, pele dourada e t-shirt do Quaresma de mãos estendidas e sorrisos rasgados a querer saber a sina.

sim, estamos a fazer qualquer coisa certa.

e no fim, já depois das palminhas, pegar nos adereços e subir aos camarins, ainda ouvimos, alto e bom som: "que bonito"

pronto, ganhámos o dia...

Comentários

MPR disse…
"Parecem bandos de pardais à solta..."
E no sábado também eu quero ser puto...

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