sentou-se. meia Lisboa já gravada nas solas dos sapatos, à hora quente do suor incontrolado.
era o último cigarro antes de fugir.
para lado nenhum. mas podia sair daquele abafado. das paredes brancas e da nudez da alcatifa, tão solitária como o Romeu triste do cartaz.
os recados estavam feitos, e já conhecia os tempos biológicos da menstruação da senhora da segurança social que ia de férias nessa tarde. até lhe preencheu o formulário cheia de boa vontade, para que a tinta da bic cristal lhe levasse mais uns segundos ao relógio.
depois lembrou a menina do metro de olhos cheios de lágrimas sonolentas que fixara, até ser vencida pelo João Pestana, as suas unhas dos pés pintadas do laranja quente do sol lá fora.
e a senhora dos brinquedos de lata que, fechada na loja vazia - porque cara - desarrumara a montra para cima do balcão só para poder conversar mais um pouco, só para ver um sorriso desconhecido e interessado por um bocado.
toda a gente à espera que o tempo passe para chegar a algo.
era só pegar nas chaves e na mala que lhe doía nos músculos para poder sair. no entanto, a inércia. o mirar sem ver a ponta dos dedos, os rasgões definidos das palmas das mãos. o encontro dos olhos com um nada que lhe sugava as forças e lhe tremia nos braços. o tal último cigarro desnecessário.
lançou a última golfada de fumo com a força de quem expira dentro de água salgada, entre braçadas. saudades do mar. do sal que não o do seu suor. do sal que não o seu.
era o último cigarro antes de fugir.
para lado nenhum. mas podia sair daquele abafado. das paredes brancas e da nudez da alcatifa, tão solitária como o Romeu triste do cartaz.
os recados estavam feitos, e já conhecia os tempos biológicos da menstruação da senhora da segurança social que ia de férias nessa tarde. até lhe preencheu o formulário cheia de boa vontade, para que a tinta da bic cristal lhe levasse mais uns segundos ao relógio.
depois lembrou a menina do metro de olhos cheios de lágrimas sonolentas que fixara, até ser vencida pelo João Pestana, as suas unhas dos pés pintadas do laranja quente do sol lá fora.
e a senhora dos brinquedos de lata que, fechada na loja vazia - porque cara - desarrumara a montra para cima do balcão só para poder conversar mais um pouco, só para ver um sorriso desconhecido e interessado por um bocado.
toda a gente à espera que o tempo passe para chegar a algo.
era só pegar nas chaves e na mala que lhe doía nos músculos para poder sair. no entanto, a inércia. o mirar sem ver a ponta dos dedos, os rasgões definidos das palmas das mãos. o encontro dos olhos com um nada que lhe sugava as forças e lhe tremia nos braços. o tal último cigarro desnecessário.
lançou a última golfada de fumo com a força de quem expira dentro de água salgada, entre braçadas. saudades do mar. do sal que não o do seu suor. do sal que não o seu.
Comentários
Pois a vida pregou-me mais uma partidinha de modo que as minhas visiats terão de abrandar novamente...
Estás triste, querida? Q se passa?
Beijos!
pena que já não possas aparecer tanto, a tua companhia sabe sempre bem.
olha, quanto à tristeza... deve ser cansaço. eu ainda sofro de um tipo alterado de birra do sono. e dá-me para choramingar... :)