Avançar para o conteúdo principal

colisao

ontem à noite fui perseguida por um pseudo-motard num aspirador com pretensão a mota. quando me apercebi, enquanto procurava estacionamento, que ele estava á minha espera, fui-me embora. dei uma volta ao quarteirão e dou com o dito tipo às voltas á minha procura. quando encostei, veio parar ao meu lado. voltei a arrancar, com a nítida noção que o meu tamanho não me permitia um conflito corpo-a-corpo e provavelmente se não saísse dali, teria vontade de lhe passar com o carro por cima. voltei a dar outra volta mais rebuscada e vejo-o a passar outra vez à minha procura. parei o carro, trancada lá dentro. quando começou a falar, percebi que estava bêbado. menos mal, era fácil empurrá-lo. saí. como também havia comigo um objecto pesado (à semelhança do capacete que ele mantinha em posição de arremesso) pronto a ser atirado à cabeça dele, resolveu-se tudo com três dedos de conversa, paciência para o ouvir repetitivo a contar que tinha uma mota melhor que aquela. avisei-o que perseguir pessoas não era bonito e se tinha arriscado a levar com o carro em cima.

hoje de manhã, estou na faixa certa para entrar no parque de estacionamento, e um tipo que quer mudar de faixa, atrás de mim, e apita-me como se eu tivesse feito alguma coisa. meto as mãos de fora a explicar que cada faixa tem uma direcção e que eu não tenho culpa de ele ser parvo. agora traduzo assim, na altura o léxico era do mais fino suburbano provençal...
o senhor também entrou no parque mas não me veio confrontar.

o meu parco metro e meio e uns trocos não me permite estrebuchar muito alto, mas na altura não me lembro. se tenho razão passo-me e depois começo a conjecturar as melhores formas me defender sem me aleijar.

parece o filme. sim. anda tudo com a mostarda no nariz. especialmente dentro da caixinha de metal.
como se a única forma de contacto que as pessoas institivamente conhecessem fosse o conflito.

amem-se, porra.

Comentários

Anónimo disse…
sem comentários, ouve lá... são tantas as histórias desse género. é giro é quando esses grunhos saem do carro e deparam-se com um gadjo com 2 metros e 130 kg do outro lado. lol
Ai querida, nem me digas nada...
Eu devo ter caído no caldeirão da poção da mostarda quando era pequenina e tornei-me numa espécie de Obèlix da coisa. De modo que, hoje em dia, tenho por vezes de tomar uns drunfos para não me exceder.
Ai querida, nem me digas nada...
Beijos!!!!!
pinky disse…
pois é, a falta de civismo é um grave problema em portugal, esse tb é um grande motivo de acidentes.
mas é preciso ter cuidado a andar na rua, isto está cada vez mais perigoso, olho aberto.
a conversa resolve maior parte das situações, mas há q ter cuidado.
Daniel Aladiah disse…
Olá, Polegar
A imagem estimulou-me a curiosidade... O Colisão é só o melhor filme que está nos cinemas.
Um beijo
Daniel
O Estranho disse…
Os gunas, em cima dos tais aspiradores (grande trocadilho) são do mais insuportável que há!
Mas olha lá, um chuto nos tomates (ai o que eu disse!) até derruba o King Kong!
P disse…
Não é "conflito". É uma verdadeira luta irracional pela sobrevivência. Nós somos assim, há quem nos chame racionais... mas a nossa racionalidade ainda é algo insepiente (é assim que se escreve? LoL). Para muitos, a "racionalidade" está no poder que tem nas mãos, que terá de ser sempre superior ao do outro, o que implica a sua "submissão". Ou seja, em muitas coisas aproximamo-nos de animaizinhos irracionais a quem pouco falta para se matarem uns aos outros de forma generalizada.

É que não é só no asfalto, em cima de aspiradores ou dentro de caixinhas de metal... é em muito mais coisas!

Já leste o livro "O Bode Expiatório"? Fala em algo que nós não nos apercebemos, ams que trazemos todos espetado nas costas: a faca da sociedade.

O melhor de tudo isto é que, apesar de tudo nós somos e / ou temos potencialidades para sermos muito melhores! Basta acreditarmos, basta lutarmos todos os dias por isso. Por muito que apeteça desistir!

Mensagens populares deste blogue

q.b. de q.i.

como é sabido, neste centro de escritórios funciona também uma das maiores agências de castings do país. há enchentes, vagas de gente daquela que nos consegue fazer sentir mais baixos e mais gordos do que o nosso próprio e sádico espelho. outras enchentes há de criancinhas imberbes que nos atropelam no corredor de folha com número na mão. as mães a gritarem hall fora "não te mexas que enrugas a roupinha" ou "deixa-me dar-te um jeitinho no cabelo ptui ptui já está"... e saem e entram e sentam-se e entreolham-se naquele ar altivo as meninas muito compridas e muito fininhas, do alto ainda mais alto dos seus tacões e com a mini-saia pendurada no osso da anca, que o meu patrão já diz "deixem passar dois anos que elas começam a vir nuas aos castings... pouco falta... têm é de vir de saltos altos... isso é que já não descolam dos pés!" bom, nesses dias aceder à casa de banho é um inferno. é que elas enfiam-se lá dentro nos seus exercícios de concentração preferid...

the producers

there comes a time in your life when you have to stand up straight and scream out loud so that everybody can hear: "Who the hell do I have to fuck to have a chance around here?!" The Producers | Mel Brooks | Drury Lane Theatre | Covent Garden quando ouvi isto, soltei a gargalhada amarga que me acompanha nas ironias da vida. agora já nem consigo rir. estou cansada. não dou o cuzinho e três tostões, mas dou o couro e três tostões. não conta, porra?

reviravoltas

[ms] mais uma para o currículo. descansa. estou cá, para te dar a mão. e um dia ainda nos vamos rir... os dois... entretanto, rimo-nos também, que não há mal que não desista à vista dos dentes desgarrados e das barrigadas de nós os dois. porque eu sei o que vales, quanto vales e como vales. e para cada ingrato, grato e meio. os destinos entrançam-se devagarinho. nada acontece por acaso. há quem consiga aguentar o nó na garganta de mão dada. sabes que quando se fecha uma porta... nem que tenha de rebentar uma janela à pancada... o céu troveja porque não sou só eu que estou revoltada... peito cheio, vem aí o vento... vamos apanhá-lo de velas içadas. vamos apanhar a chuvada de boca aberta ao céu... vou sair agora. vens?