desorientou-se na outra turba estranha de gente, onde rostos conhecidos lhe transmitiam apenas a dor da transparência. o caminho era o mesmo mas sentia-se outra desconhecida. media os passos na alcatifa e os cheiros possuíam-lhe os sentidos. passou pelo seu rosto e não se viu.
há dias assim, pensou. em que se confirmam apenas as feridas por cicatrizar.
no veludo vermelho deslizaram-lhe as curvas de arcos de pedra gravados na pele. ainda gravados. sentia-lhes de perto o toque, a respiração. das pedras, sim, das pedras cinzentas frias imóveis que respiravam nela. como respirava aquela cara que a mirara de olhos cerrados no sono eterno de duas dimensões. e um outro corpo nu de rosas no colo e pescoço atirado para trás. e luas roxas e fios vermelhos. e canos entupidos e calças arregaçadas e a capa preta num sofá bafiento.
indelével, contudo, também a transparência com que se sentava ali. não disse mais do que o necessário, não abraçou ninguém que não quisesse abraçar. ficou por sorrir tudo o que queria sorrir mas não deixavam. preso ao lado das lágrimas. choraria noutro dia, decerto. ou não. ou nem isso.
contas saldadas. com os restos da vida e um par de cabos num saco saiu para o ar frio da noite.
no cruzamento a caminho de casa a lua esperava-a, como de costume, amarela e desfocada.
no rosto o vento frio da noite não lhe amarrotava a pele tanto como a temperatura baça dos olhares ou suas ausências lhe tinham amarrotado a alma.
na cabeça as frases ecoavam, batendo de um lado ao outro do peito, latejando-lhe a tal queimadura que não sara: "obrigado por tudo" "por favor não desapareças" "fazes tanta falta aqui. que é feito de ti?" pena que as palavras tenham saído das bocas ao lado.
tenho saudades do meu sonho. algures entre Mishima e eu.
há dias assim, pensou. em que se confirmam apenas as feridas por cicatrizar.
no veludo vermelho deslizaram-lhe as curvas de arcos de pedra gravados na pele. ainda gravados. sentia-lhes de perto o toque, a respiração. das pedras, sim, das pedras cinzentas frias imóveis que respiravam nela. como respirava aquela cara que a mirara de olhos cerrados no sono eterno de duas dimensões. e um outro corpo nu de rosas no colo e pescoço atirado para trás. e luas roxas e fios vermelhos. e canos entupidos e calças arregaçadas e a capa preta num sofá bafiento.
indelével, contudo, também a transparência com que se sentava ali. não disse mais do que o necessário, não abraçou ninguém que não quisesse abraçar. ficou por sorrir tudo o que queria sorrir mas não deixavam. preso ao lado das lágrimas. choraria noutro dia, decerto. ou não. ou nem isso.
contas saldadas. com os restos da vida e um par de cabos num saco saiu para o ar frio da noite.
no cruzamento a caminho de casa a lua esperava-a, como de costume, amarela e desfocada.
no rosto o vento frio da noite não lhe amarrotava a pele tanto como a temperatura baça dos olhares ou suas ausências lhe tinham amarrotado a alma.
na cabeça as frases ecoavam, batendo de um lado ao outro do peito, latejando-lhe a tal queimadura que não sara: "obrigado por tudo" "por favor não desapareças" "fazes tanta falta aqui. que é feito de ti?" pena que as palavras tenham saído das bocas ao lado.
tenho saudades do meu sonho. algures entre Mishima e eu.
Comentários
Como te disse, tens de acreditar. E eu acredito ctg.
Bj*
Quando as caras conhecidas se assemelham a perfeitos desconhecidos, talvez tenhamos de começar do princípio. Olhar para elas como se fosse a primeira vez. Ou então não. Dizer um até já e conhecer as caras desconhecidas, que nos povoam os dias. Ou então não...
Chegaste a abraçar alguém. Houve alguém que te tenha apetecido abraçar? A pele será o limite do corpo ou a fronteira do pensamento?
anyway... vou de férias na próxima semana. não é para irritar ninguém. é aquele desabafo. you know...
beijinhos e abraços!!!!!!!
colherzinha: acreditarei que apesar da porta fechada, outras janelas se abrirão. mais não consigo.
idontwannagrowup: pois disseo não tenho. isso não sou eu :)
macaso: ou então não... quando a ausência foi imposta pelo limite da vontade, da dignidade, do orgulho. porque já me gastaram. as palavras e as mãos. o limite é sempre o ar. a pele é a união.
Com imagens difíceis, mas numa poesia críptica, que alguém entenderá em concreto. Eu só senti... uma dor que se arrasta...
Um beijo
Daniel
Vive o presente, vive o futuro porque esse pelo menos podes influenciar, e mais uma vez: Acredita em TI! És muito melhor que isso! e eu sei disso!
Beijo GRANDE! B.