|tentativa de pendurar um cartaz a quase 2m de altura|
duas mulheres. uma cabajona, outra franzinita. uma parede fina, sem ligação ao tecto, com algumas vigas. fio de nylon. escadote do séc. XVII. um cartaz. duas galinhas doutoras.
cabajona: eu subo ao escadote do lado de cá. sobes para cima dos cacifos por detrás da parede e esperas que eu te mande o fio de nylon, prendes às vigas.
franzina olha os cacifos, são mais altos que ela. um banco do séc. XVII oferece pouca sustentação. sobe ao banco e continua a não chegar com mais que os braços aos cacifos. não tem força para se elevar só com bíceps e tríceps e restantes íceps. em frente aos cacifos está outra parede do séc XVII. que se lixe o património. pata na parede e trata de escalar quase paralela ao chão até se conseguir içar para cima dos cacifos. espera. espera. espera.
cabajona: polegaaaaaar. não consigo subir ao escadote. tenho medo. vem tu para aqui e eu vou para aí.
franzina olha o banco lá em baixo. suspira. pata na parede. outra pata pendurada na direcção do banco. escorrega escorrega. pata na parede já está ao nível do nariz. a outra pata a sentir o banco ao fundo. bendito ballet, serviu de alguma coisa ao fim destes anos todos. desce.
cabajona vai lá para trás. polegar mira o escadote, daqueles de encostar à parede. o espaço entre a parede e a bilheteira oferece muito pouca possibilidade de inclinação. franzina tem vertigens. suspira. um pé atrás do outro e maldizer o patrão que não lhe fez seguro. pensando bem, nem lhe pagou ainda. sobe de cartaz na mão. só com um braço seguro no escadote, em bicos de pés para inclinar-se mais para a frente. as duas galinhas cacarejam lá am baixo mas não se oferecem para ajudar até serem intimadas.
seguram o cartaz cá de baixo, mas depressa se fartam. dor nos braços e a cabajona que não diz que está pronta.
cabajona: polegaaaaaar. não consigo subir ao cacifo.
franzina: (do alto do escadote, dor nos pés, dor nos braços) apoia os pés na parede da frente e iça-te.
franzina pensa que a cabajona poderia com pouco esforço sentar-se nos cacifos. mas pronto.
franzina passa fio no cartaz, atira o rolo do fio à cabajona. as galinhas (que entre si se tratam por doutora esta e doutora aquela, de mise feita e saltinho agulha), de rabo para o ar andam a apanhar o rolo (que invariavelmente cai no chão) para, depois de cortado, devolvê-lo à franzina. cacarejam acerca de estar torto. de estar alto e de estar baixo. com o braço dormente, franzina corta o mal pela raiz:
franzina: tá bom.
tem de mudar o escadote de sítio. desce e dá uma joelhada num parafuso do séc XVII saído. as galinhas atendem telefones do lado de dentro da recepção, indiferentes ao facto de a cabajona estar petrificada no alto dos cacifos e de a franzina estar a desviar cadeiras e a transportar o escadote sozinha, fazendo slalom no galinheiro. franzina volta a subir.
mais galinhas de rabo para o ar, mais nylon a voar. quando começa o cacarejo sobre o torto e o direito, franzina ataca:
franzina: tá bom.
franzina desce do escadote, leva-o sozinha para o arrumar, e vai atrás da parede ajudar a despetrificar a cabajona.
assim se pendura um cartaz.
duas mulheres. uma cabajona, outra franzinita. uma parede fina, sem ligação ao tecto, com algumas vigas. fio de nylon. escadote do séc. XVII. um cartaz. duas galinhas doutoras.
cabajona: eu subo ao escadote do lado de cá. sobes para cima dos cacifos por detrás da parede e esperas que eu te mande o fio de nylon, prendes às vigas.
franzina olha os cacifos, são mais altos que ela. um banco do séc. XVII oferece pouca sustentação. sobe ao banco e continua a não chegar com mais que os braços aos cacifos. não tem força para se elevar só com bíceps e tríceps e restantes íceps. em frente aos cacifos está outra parede do séc XVII. que se lixe o património. pata na parede e trata de escalar quase paralela ao chão até se conseguir içar para cima dos cacifos. espera. espera. espera.
cabajona: polegaaaaaar. não consigo subir ao escadote. tenho medo. vem tu para aqui e eu vou para aí.
franzina olha o banco lá em baixo. suspira. pata na parede. outra pata pendurada na direcção do banco. escorrega escorrega. pata na parede já está ao nível do nariz. a outra pata a sentir o banco ao fundo. bendito ballet, serviu de alguma coisa ao fim destes anos todos. desce.
cabajona vai lá para trás. polegar mira o escadote, daqueles de encostar à parede. o espaço entre a parede e a bilheteira oferece muito pouca possibilidade de inclinação. franzina tem vertigens. suspira. um pé atrás do outro e maldizer o patrão que não lhe fez seguro. pensando bem, nem lhe pagou ainda. sobe de cartaz na mão. só com um braço seguro no escadote, em bicos de pés para inclinar-se mais para a frente. as duas galinhas cacarejam lá am baixo mas não se oferecem para ajudar até serem intimadas.
seguram o cartaz cá de baixo, mas depressa se fartam. dor nos braços e a cabajona que não diz que está pronta.
cabajona: polegaaaaaar. não consigo subir ao cacifo.
franzina: (do alto do escadote, dor nos pés, dor nos braços) apoia os pés na parede da frente e iça-te.
franzina pensa que a cabajona poderia com pouco esforço sentar-se nos cacifos. mas pronto.
franzina passa fio no cartaz, atira o rolo do fio à cabajona. as galinhas (que entre si se tratam por doutora esta e doutora aquela, de mise feita e saltinho agulha), de rabo para o ar andam a apanhar o rolo (que invariavelmente cai no chão) para, depois de cortado, devolvê-lo à franzina. cacarejam acerca de estar torto. de estar alto e de estar baixo. com o braço dormente, franzina corta o mal pela raiz:
franzina: tá bom.
tem de mudar o escadote de sítio. desce e dá uma joelhada num parafuso do séc XVII saído. as galinhas atendem telefones do lado de dentro da recepção, indiferentes ao facto de a cabajona estar petrificada no alto dos cacifos e de a franzina estar a desviar cadeiras e a transportar o escadote sozinha, fazendo slalom no galinheiro. franzina volta a subir.
mais galinhas de rabo para o ar, mais nylon a voar. quando começa o cacarejo sobre o torto e o direito, franzina ataca:
franzina: tá bom.
franzina desce do escadote, leva-o sozinha para o arrumar, e vai atrás da parede ajudar a despetrificar a cabajona.
assim se pendura um cartaz.
Comentários
resta só dizer-te que sou uma leitora assídua e que sem dúvida alguma que os teus textos são...qualquer coisa!
***mpestana
Tenho um último comentário no alvorada.
eheheh
não sei, não estou bem a ver a geometria da situação :P
As doutoras alinhadas, junto a uma parede. No chão um monte de pedras....ok, ok, tomates (mas rijos)...
(tou com um bocadinho de febre...normalmente não sou assim)...
Isso tudo para pendurar um cartaz?
Fisgasse!
A minha mãe pediu me lhe porumas prateleiras na cozinha mas vou desmarcar alegando danos fisicos e morais futuros e ireverssiveis.
E a franzina rules!
;)
Kiss
Descrição deliciosa. Ah, grande cabajona me saíu a franzina, lol.
Meteste-as no cabaz...
Um beijo
Daniel
António
macaso: pronto, não tenhas pena eheheh
ah, e gostava de pensar nisso, mas terei bases e capacidade para poder ajudar alguém? há formação ou é à maluca?
moon shadow: não dava... é património do séc XVII, já viste o risco de andar ali à pedrada? ;)
miak: ready, aim, fireeee! (eu não tenho febre, mas gosto na mesma) beijos de melhoras.
terapia?: rulezzz mas com umas quincadas nos joelhos e dores musculares... eu devia ser uma lady frágil e delicada!!! ninguém me leva a sério!!
daniel: lá teve de ser... (suspiro)
antónio: eeeh lá! bem-vindo :)