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deitada, enleada nos pensamentos que não tinham relevância para o quadro pintado em sangues vivos, ocres e ceras. apenas a simples nudez. uma entrega aos sentidos aos lençóis aos silêncios e à luz das velas. ao embalar emocional de uma qualquer música na aparelhagem. o total desprendimento da noção de despida. da noção de pudor. porque ali jazia, deitada, viajando para longe, sem se lembrar ou esquecendo a pele ao ar, as suas curvas e recantos despojados de qualquer pedaço de opacidade. transparente, na pele que estendia pelo lençol. nos cabelos espalhados sem ordem ou vaidade. na linha do pescoço delicada. no requebrar suave dos músculos entre cada respiração. nas cores quentes que entornavam o corpo diante dos olhos. e no agudo ondular do suor num pequeno friso da parede.
Comentários
De forma breve quis passar para dizer que ainda mexo :)
Um beijo
Daniel
colher: é íntimo, mas partilha uma sensação que todos temos de vez em quando... e sabe bem esse desprendimento, não sabe?
macaso: canela, maçã, café, lençóis lavados e chocolate... e... e... ;)
nuno vaz: bom título para um post... ainda não sei que é feito delas mas deixa-me pensar sobre isso no fim de semana... talvez tenhas uma surpresa para a semana :)
daniel: que bom, que saudades... beijo
rantas: o despudor ou a simples inconsciência da nudez... a total abstracção da racionalidade presa a preconceitos em favor da paz de espírito e da serenidade... atingir-se esse patamar é difícil, e só nele a nudez perde a vergonha. torna-se pura. por ser tão raro esse alinhamento dos astros, está reservada a ocasiões especiais...