[ms]
corria o longínquo ano de... nem me lembro. sei que era o princípio dos 90's e estes bonecos estavam na moda. como é natural a uma pré-adolescente, fiz imensa publicidade lá em casa. a minha mãe adorou. achou que tinham uma cara querida, e que se liam nos olhos expressões e emoções conforme os dias. isso já é lá com ela. eu gostava do pormenor de na parte de trás das calças se poder abrir uma parte do fato-macaco que mostrava um engraçado rabiosque de pano.
pela minha mãe apelidado de Zé Maria [muito antes dos reality shows, apesar de a expressão meio tosca ser semelhante ao rapaz das galinhas], era para mim o Chico ou o boneco, conforme a paciência.
nessa altura íamos todos os verões para casa dos meus tios, a mais de 1000km de Lisboa. 12 horas de viagem, com Paulo Bragança, Roberto Carlos, Demis Russos, The Righteous Brothers e mais uns quantos dos 60's, Beach Boys e El Consorcio [isto até eu ter um walkman]... e o Troll.
a moda passou mas tornou-se um enraizado ritual da minha mãe levá-lo para todo o lado... quaisquer férias, perto ou longe, voltava-se para trás se nos tínhamos esquecido do Chico-Zé Maria. e invariavelmente, antes da viagem, já sentados no carro às 5 da manhã, virava-se para trás com ele na mão e dizia "já viram os olhinhos dele? estão a brilhar de contentes! esta viagem vai correr bem..." e pousava-o no tablier para ele poder ver as vistas...
com uma fase menos apertada dos meus pais, pudemos sair da zona Ibérica, e mais uma vez lá vinha o Troll. depois as jovens crias começaram a ter vida própria e lá vinha o boneco em cada viagem, enfiado no saco de campismo. ou quando os meus pais puderam sair durante uns dias da nossa alçada, viajou no colo da minha mãe para um fino hotel de Paris...
resumindo, o boneco vai com quem sair de casa para passear. tem mais quilómetros que qualquer um de nós individualmente. se estivesse inscrito na Tap, de certeza que já tinha umas valentes milhas aéreas de borla e um boné.
eu gosto dessa tradição. e em todas as viagens que faço, tiro-lhe umas fotos à la duende da Amélie... para provar à minha mãe que também ele saiu à rua, de cabeça de fora da minha mochila a ver as vistas...
engraçado é que, no dia em que se decide levar o Chico para o passeio, invariavelmente, chove...
Comentários
e é uma tradição que não pesa... o gajo é levezinho.
e desta vez encontrou parentes... isso é que foi brilhar de olhos :)
Beijinhos
E também quero uma tradição assim!!!
vou enviar.te já já, em correio azul de mar, um vestidinho mais colorido, que aquele deixa o boneco muito cinza e cinza já é a cidade...tipo musica no coração...começo já a escolher os cortinados que roubei ao arco-íris...banda sonora incluida...
Só TU! e a Familia Polegar!!!!
já conhecia a tradição, mas estava esquecida!
Fabulástico!!
Beijos Grandes, B.
outros dias: obrigada... já vou ver o que andas a fazer. volta sempre, se te der para aí :)
elisa: é parva, eu sei, mas é minha...
macaso e linha recta: é fácil... arranjem um boneco e comecem a viajar com ele. não vale ir na bagagem grande, vai na mala de mão! é tratado como vip e tem de ter obrigatoriamente pelo menos um dia de fotos nos locais... depois mostrem! ;)
linha recta: O QUE É QUE QUERES DIZER COM ISSO? HEM? :P
nuno: é mesmo um gnomo da amelie. e o curioso é que já passeava connosco bem antes de o filme aparecer... a roupinha, eu sei, já está passada... mas é o tal pijama azul claro que abre atrás... ;) manda, manda, quero ver...
e havias de ver as gargalhadas na rua de quem repara que estou especada de braço estendido a fotografar um troll!
É verdade que tardo, como tanta coisa na minha vida. Tardo, mas não falho.
Beijos cheínhos de saudades
Quando houver falta de chuva já sabes, leva o chico a passear! ;)
pinky: o problema é que não resolve os problemas de seca em Portugal. isso das sessões fotográficas à chuva só acontecem no estrangeiro... é um gajo fino LOL
Quero dizer que a tua ousadia de manter a criança dos bonecos, deve vir da tua mãe. Pelos vistos soube evitar tornar-se uma senhora séria e sensaborona.
linha recta: mas agora tens de encontrar O boneco... sabes, um dia foi outro boneco que me encontrou numa viagem... estava para ali no meio da rua à chuva e eu adoptei-o. e os meus pais perderam-no... ergh! um dia cnto esta história.
a minha mãe é mto engraçada, de facto, quando não lhe dá na veneta o mau humor ou carregar as culpas do mundo às costas... bem, agora que falo nisso, tenho de me render às evidências: somos mesmo parecidas eheheh
Acredita que te digo isto num dia particularmente forte para mim, nestes assunto de pais/filhos mas já me fizeram a mim o exercicio e tive que concordar: somos muito mais parecidos com os nossos pais do que aquilo que gostaríamos e na maior parte das vezes, naquilo que mais lhes criticamos. Já bebemos daquilo que eles são. Para o bem e para o mal.
www.lobosnofojo.blogspot.com