por motivos de spam, vejo-me obrigada a repulicar dois posts e respectivos comentários. já agora fica um apelo a quem me possa ajudar a evitar os comentários com spam nestes templates de CSS
[20.Dez.2005]
no meio da nuvem de fumo ainda descortino as solas dos sapatos do patrão estacionadas ao pé do meu copo das canetas.
pilhas de papel impresso, com várias versões de "o" projecto.
a fala já vai entaramelada com o tempo e a dificuldade de construir frases eruditas aumenta à medida que o movimento dos caracóis do seu cabelo vai diminuindo, numa prostração inconsciente, decadente. do rosto de anjo papudo com a barba por fazer pende um cigarro com a cinza a meio, no canto da boca. a pança cai-lhe para cima das calças que não combinam com a camisola mas que sempre são melhor visual que os calções com uma camisola de gola alta.
já se disseram as maiores barbaridades como "longas-melodramagens" e "explorar os actores" [esta se fosse só barbaridade...] entre risota e bocejos.
ele já se levantou vezes sem conta, mudando de posição para, acho eu, ver se as antenas invisíveis apanhavam as ideias, se agitava os neurónios. começou por andar na sala. depois sentou-se, depois levantou-se e pensei que daqui a nada pega no jornal, como é costume, para ir à "casinha". voltou a sentar-se, esticou os pés para cima da secretária, levantou-se, veio para trás de mim reler apesar de ter os papéis na mão. ditou:
- os nossos parceiros poderão anuir à viabilização da expansão da panóplia de oferta cultural considerando que polegar tenho de ir à casa de banho...
pegou no jornal e saiu.
os meus dedos não encontram as teclas à primeira e o documento parece brincar com o cansaço, bloqueando, alterando a formatação... o costume.
as costas já deram o que podiam e imploram sossego, uma superfície plana e macia. a cabeça estala entre dores de abstinência de cafeína e capacidade de encaixe de frases. a pele enrosca-se no casaco à procura de mais calor e os joelhos estalam de cada vez que me levanto [enquanto o outro pensa] à procura da braseira eléctrica do aquecedor cuja luz morna parece não querer penetrar além da ganga.
a garrafa já foi à casa de banho duas vezes e aos lábios muitas outras. mesmo assim tenho a boca em textura de pergaminho egípcio.
no cinzeiro a pilha de beatas bafientas acumulou-se a pontos de entrar em combustão espontânea.
no momento antes de desligar o computador, acendo um último cigarro que sepultarei entre os outros, ouvindo o Patrão-Porthos no outro computador mandar uma gargalhada embriagada enquanto tenta brincar no photoshop com efeitos e criar um logotipo.
suspiro.
a secura dos pulmões intoxicados vem-me à boca num fel sem corpo.
os olhos pendem-me sem perdão e a mão procura em vão o rádio para me manter em estado de alerta inconsciente. desisto.
só preciso de uma cama. amanhã é aqui a bocado.
mando outra gargalhada para outro disparate e outro bocejo.
- e brush strokes?
- esse é piroso.
silêncio...
- está tão feio...
[20.Dez.2005]
no meio da nuvem de fumo ainda descortino as solas dos sapatos do patrão estacionadas ao pé do meu copo das canetas.
pilhas de papel impresso, com várias versões de "o" projecto.
a fala já vai entaramelada com o tempo e a dificuldade de construir frases eruditas aumenta à medida que o movimento dos caracóis do seu cabelo vai diminuindo, numa prostração inconsciente, decadente. do rosto de anjo papudo com a barba por fazer pende um cigarro com a cinza a meio, no canto da boca. a pança cai-lhe para cima das calças que não combinam com a camisola mas que sempre são melhor visual que os calções com uma camisola de gola alta.
já se disseram as maiores barbaridades como "longas-melodramagens" e "explorar os actores" [esta se fosse só barbaridade...] entre risota e bocejos.
ele já se levantou vezes sem conta, mudando de posição para, acho eu, ver se as antenas invisíveis apanhavam as ideias, se agitava os neurónios. começou por andar na sala. depois sentou-se, depois levantou-se e pensei que daqui a nada pega no jornal, como é costume, para ir à "casinha". voltou a sentar-se, esticou os pés para cima da secretária, levantou-se, veio para trás de mim reler apesar de ter os papéis na mão. ditou:
- os nossos parceiros poderão anuir à viabilização da expansão da panóplia de oferta cultural considerando que polegar tenho de ir à casa de banho...
pegou no jornal e saiu.
os meus dedos não encontram as teclas à primeira e o documento parece brincar com o cansaço, bloqueando, alterando a formatação... o costume.
as costas já deram o que podiam e imploram sossego, uma superfície plana e macia. a cabeça estala entre dores de abstinência de cafeína e capacidade de encaixe de frases. a pele enrosca-se no casaco à procura de mais calor e os joelhos estalam de cada vez que me levanto [enquanto o outro pensa] à procura da braseira eléctrica do aquecedor cuja luz morna parece não querer penetrar além da ganga.
a garrafa já foi à casa de banho duas vezes e aos lábios muitas outras. mesmo assim tenho a boca em textura de pergaminho egípcio.
no cinzeiro a pilha de beatas bafientas acumulou-se a pontos de entrar em combustão espontânea.
no momento antes de desligar o computador, acendo um último cigarro que sepultarei entre os outros, ouvindo o Patrão-Porthos no outro computador mandar uma gargalhada embriagada enquanto tenta brincar no photoshop com efeitos e criar um logotipo.
suspiro.
a secura dos pulmões intoxicados vem-me à boca num fel sem corpo.
os olhos pendem-me sem perdão e a mão procura em vão o rádio para me manter em estado de alerta inconsciente. desisto.
só preciso de uma cama. amanhã é aqui a bocado.
mando outra gargalhada para outro disparate e outro bocejo.
- e brush strokes?
- esse é piroso.
silêncio...
- está tão feio...
Comentários
Absolutamente ninguém, descreve como tu.