[ms]
enquanto esta tarde vai mirrando na janela, o corpo abandona-se na cadeira. e escorre nos olhos cansados.
já galopo
o vento
a trança escura
a chicotear-me as costas
o cantar áspero do caminho
a sombra a galgar
asfalto e plantas ao meu lado.
num gigante cavalo preto
feito da vontade de chegar.
o pousar, o planar
ouvir os sons que me parecem
esquecidos
de tão longínquos.
sim
o mar ainda está aí.
o meu relógio será de sol. dir-me-á as horas na curva da minha anca. no subir e descer do peito pacificado. não me arrasta. não me despede. não me conta os suspiros.
os rasgos de vida. mikado e um baralho de cartas. um livro. um tecto sem telhado. ciganos de joelhos esfolados. toalhas quentes de cores frescas. vinho tinto numa falésia. lamber os dedos de gelado e estender as pernas. matraquilhos. coisas pequenas. coisas bonitas. como as missangas no pátio central. como um saco de pástico a voar. como a minha pele morena e os teus olhos de caramelo.
o meu relógio será de sal.
Comentários
Descansa guerreira da cidade, que o sol te forneça as energias esperadas.
um beijo grande, 4 u both!
Beijinhos