- ó menina.
[porque me aponta assim a muleta?]
- ajude-a a vir para aqui.
[estou atrasada. dê-me o braço.]
- até ali ao extra... a perna prende. não estou a gozar consigo. prende, pára. ai, se um dia me dá para aí sou eu que me páro e acabo com isto tudo.
[ao extra? sim, prende. mas depois desprende. vá, uma de cada vez. cheira a mijo]
- o polícia, pedi-lhe ajuda e o filho da puta disse-me para ir curar a bebedeira! se ele fosse bardamerda mas era... eu que nem com café posso. eu não é bebida, é epilepsia.
[confere, a álcool não cheira, cheira a mijo. paramos. degrau]
- ai, agora é só tomar um banho para me darem os comprimidos e já fico boa. vamos pela passadeira, temos de cumprir o código da estrada.
[mas afinal onde quer ir? não era no extra?]
- é só virar a esquina, menina, ali na santa casa. ai se não fosse a menina. desculpe a puta da perna.
[eu desculpo a puta e a perna, não desculpo o vento que te traz o cheiro para aqui. reprimo um vómito]
- aquele é o bandido. ó bandido, tás bom? este senhor mora em frente à santa casa.
[o bandido e o dono olham vagamente e passam. sem farejar]
- ó carocha!
- ó carocho! merda da perna parou outra vez. desculpe menina
[passa um homem de muletas, corre o carocho, correm as muletas, entra no prédio. deve ser hora da comida. ou dos comprimidos. vai tomar banho]
- também é da santa casa, este. somos todos. pronto, agora vou tomar o banho para me darem os comprimidos.
[isso. devagar. de nada. as melhoras. adeus, velha triste do olho revirado]
Comentários
é delicioso ler-te... mesmo quando cheira a mijo!
ainda bem que deste o braço á velhinha, mesmo com esse cheiro terrível, deste-lhe um dia melhor por uns momentos. muito bonito, jokas nessa tua alma linda!
:)
Já agora... dia 15 lá estarei!