pela Companhia Teatral do Chiado
Teatro-Estúdio Mário Viegas
supostamente a semana passada foi a última semana, mas nunca fiando, que eles são danados para a aldrabice e já "estenderam" até dia 7 de Outubro.
entre 13,50€ e 18,50€ [excepto condições especiais]
reservas e actualização de datas no site da companhia
fotos no blog do espectáculo
com Rita Lello, Simão Rubim, Tobias Monteiro, João Carracedo, Manuel Mendes e João Craveiro
não é um espectáculo certinho. quem viu As obras completas de William Shakespeare em 97 minutos sabe perfeitamente que a ideologia não é essa. é uma paródia "off-Parque Mayer". é uma história de duas vampiras actrizes ao longo dos tempos [o fio cronológico lembrou-me vagamente o "Entrevista com o Vampiro" - com as devidas distâncias]. que passam grande parte da sua eternidade em Lisboa. que por acaso são lésbicas. e também só por acaso várias personagens femininas são interpretadas por homens ao estilo "tão-traveca-quanto-se-pode-ser". quebra-se a quarta parede. ou melhor, rebenta-se com a quarta parede. com muita dinamite da Acme. os actores sabem a linha condutora mas para ligarem o princípio, ao meio, ao fim, entram numa desgarrada de improviso. cujo objectivo, à primeira vista, parece ser fazer os colegas em palco a desmancharem-se.
isto dito assim é uma perfeita palhaçada, sem qualquer respeito pelo público, pela história que se está a contar ou até pelo trabalho de meses de ensaios e pelos cabelos brancos do encenador.
mas o "problema" é que, no caminho, somos completamente envolvidos por esta teia de disparates. somos enrolados, virados de cabeça para baixo, e não faz mal se o Simão perdeu uma pestana postiça. ou se o encenador ao fazer uma apresentação no início da peça, se esqueceu - outra vez - do endereço do site. são apenas mais motivos de galhofa dissecados a corte cirúrgico.
admire-se, no entanto - se conseguirem abstrair-se de tanta maluqueira - meia dúzia de pontos:
o trabalho fenomenal de caracterização. a coragem daqueles homens para estarem todos os dias absolutamente depilados [eeek], com cintas daquelas que espremem os respectivos abonos de uma forma que podemos apenas suspeitar. a capacidade de improvisação inacreditável de todo o elenco, que não se esgota numa piada que funcionou no primeiro dia. o brio nessa improvisação. o espaço que dão uns aos outros para brilhar - e para gozarem com as suas caras - coisa rara e nunca vista. têm de ter um trabalho inimaginável no que diz respeito à base do texto, para não se perderem no meio de tanta liberdade. o facto de estarem a vibrar a cada minuto. especialmente porque nós estamos a gostar e a rir com eles. a generosidade de um encenador que deixa - gosta! - que todos os dias esventrem mais um pouco o trabalho de mesa. a possibilidade de num espectáculo destes senhores podermos sempre ter uma visita guiada aos bastidores sem darmos conta. ali estão expostas aquelas fraquezas que a maioria das companhias tenta esconder para poder levar um espectáculo a bom porto. é delicioso reconhecê-las à distância e vê-los brincar com isso também. é outro lado da medalha. ali, um cd estragado na altura de um playback é... mais um motivo de improviso. é um actor, em vez do grande número de dança e canto que ia fazer, começar a soluçar ao som dos "riscos". e no fim, ao ter um achaque, dizer explicitamente: "ainda não despediram o técnico de som?"
não é uma obra de arte digna de um intelectual levar a mão ao queixo e expressar o seu cogitante "hummm"... é um espectáculo franco, directo, parvo, non-sense. e é assumido nisso tudo.
a cada estilo as suas características. à Companhia Teatral do Chiado apenas o objectivo de fazer as pessoas passarem um bom bocado. e saírem de dores na barriga e nos cantos da boca. de preferência ainda a limpar a última lagriminha no canto do olho.
mas isto sou eu...
Teatro-Estúdio Mário Viegas
supostamente a semana passada foi a última semana, mas nunca fiando, que eles são danados para a aldrabice e já "estenderam" até dia 7 de Outubro.
entre 13,50€ e 18,50€ [excepto condições especiais]
reservas e actualização de datas no site da companhia
fotos no blog do espectáculo
com Rita Lello, Simão Rubim, Tobias Monteiro, João Carracedo, Manuel Mendes e João Craveiro
não é um espectáculo certinho. quem viu As obras completas de William Shakespeare em 97 minutos sabe perfeitamente que a ideologia não é essa. é uma paródia "off-Parque Mayer". é uma história de duas vampiras actrizes ao longo dos tempos [o fio cronológico lembrou-me vagamente o "Entrevista com o Vampiro" - com as devidas distâncias]. que passam grande parte da sua eternidade em Lisboa. que por acaso são lésbicas. e também só por acaso várias personagens femininas são interpretadas por homens ao estilo "tão-traveca-quanto-se-pode-ser". quebra-se a quarta parede. ou melhor, rebenta-se com a quarta parede. com muita dinamite da Acme. os actores sabem a linha condutora mas para ligarem o princípio, ao meio, ao fim, entram numa desgarrada de improviso. cujo objectivo, à primeira vista, parece ser fazer os colegas em palco a desmancharem-se.
isto dito assim é uma perfeita palhaçada, sem qualquer respeito pelo público, pela história que se está a contar ou até pelo trabalho de meses de ensaios e pelos cabelos brancos do encenador.
mas o "problema" é que, no caminho, somos completamente envolvidos por esta teia de disparates. somos enrolados, virados de cabeça para baixo, e não faz mal se o Simão perdeu uma pestana postiça. ou se o encenador ao fazer uma apresentação no início da peça, se esqueceu - outra vez - do endereço do site. são apenas mais motivos de galhofa dissecados a corte cirúrgico.
admire-se, no entanto - se conseguirem abstrair-se de tanta maluqueira - meia dúzia de pontos:
o trabalho fenomenal de caracterização. a coragem daqueles homens para estarem todos os dias absolutamente depilados [eeek], com cintas daquelas que espremem os respectivos abonos de uma forma que podemos apenas suspeitar. a capacidade de improvisação inacreditável de todo o elenco, que não se esgota numa piada que funcionou no primeiro dia. o brio nessa improvisação. o espaço que dão uns aos outros para brilhar - e para gozarem com as suas caras - coisa rara e nunca vista. têm de ter um trabalho inimaginável no que diz respeito à base do texto, para não se perderem no meio de tanta liberdade. o facto de estarem a vibrar a cada minuto. especialmente porque nós estamos a gostar e a rir com eles. a generosidade de um encenador que deixa - gosta! - que todos os dias esventrem mais um pouco o trabalho de mesa. a possibilidade de num espectáculo destes senhores podermos sempre ter uma visita guiada aos bastidores sem darmos conta. ali estão expostas aquelas fraquezas que a maioria das companhias tenta esconder para poder levar um espectáculo a bom porto. é delicioso reconhecê-las à distância e vê-los brincar com isso também. é outro lado da medalha. ali, um cd estragado na altura de um playback é... mais um motivo de improviso. é um actor, em vez do grande número de dança e canto que ia fazer, começar a soluçar ao som dos "riscos". e no fim, ao ter um achaque, dizer explicitamente: "ainda não despediram o técnico de som?"
não é uma obra de arte digna de um intelectual levar a mão ao queixo e expressar o seu cogitante "hummm"... é um espectáculo franco, directo, parvo, non-sense. e é assumido nisso tudo.
a cada estilo as suas características. à Companhia Teatral do Chiado apenas o objectivo de fazer as pessoas passarem um bom bocado. e saírem de dores na barriga e nos cantos da boca. de preferência ainda a limpar a última lagriminha no canto do olho.
mas isto sou eu...
Comentários
bj
casual: se não gostares não me venhas impingir a conta, hem? :P
:)
eu vi
(e gostei)
bj
Qt aos pêlos rapados e condicionalismos de um traveca...bem....cheira-me que até gostam! se calhar é por isso que a piada sai tão escorreita e a diversão é contagiosa.....opsssss...maybe i´m talking too much...
intruso: eu tento. mas conto com o meu olhar. pode ferir susceptibilidades... eu tb gostei ;)
pinky:cheira-me que conhecemos as duas o mesmo insistente... eheheh quanto aos pelos... bolas, seria preciso ser muuuito masoquista para gostar daquilo. mas nunca se sabe, não é? ;)