há estradas com músicas próprias. este ano, percorro caminhos de menina. em que as horas eram demasiado compridas e as curvas demasiado apertadas para um estômago sensível. a alternativa era sempre a música. cantar sempre me fez bem aos enjôos e quejandas indisposições da alma. quando acabavam as pilhas no walkman, sobravam-me ainda horas infindas de músicas de gosto duvidoso que ecoavam nas 4 paredes viajantes do carro. Roberto Carlos, Paulo Bragança, Demis Roussos, Beach Boys, Righteous Brothers, The Shadows e sei lá que mais sons do passado. e um dia, surge-nos do outro lado da estrada El Consorcio . e lado A, lado B, quilómetros atrás de horas, rodava no auto-rádio-com-leitor-de-cassetes. a minha memória selectiva não se lembra do que almoçou ontem. mas lembra-se das letras e das melodias. a minha avó cabeceava, com as pernas da minha irmã no colo [que a miúda ainda cabia deitada no banco da frente]. a minha mãe punha os pés no tablier [vício que escorre no código genético], e o m...