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um remendo

a cada passo descai-te uma linha, os alinhavos parecem desfazer-se em pequenos vazios soprados sem som. os barulhos confundem-se e penetram nos poros do tecido, rimbombando-te esgares mudos nos botões do casaco. as cores empalideceram aos teus olhos de contas porque, já se sabe, a água salgada debota. os remendos que te enrolam o coração esgaçaram e pulsam com a trepidação do andar.

apetece-te parar. agarrar nos farrapinhos e formar uma simples bolinha de linhas. não o faças, bonequinha. ainda és a mais bonita explosão de colorido. ainda tenho muitos carrinhos de linha. ainda as tuas formas deliciam o ar.

não te encolhas. é mais difícil realinhavar-te se não te esticares. os sons não saem, os remendos emaranham-se. por isso abre as mãos. não te esqueças de abrir as mãos.

Comentários

Daniel Aladiah disse…
bela poesia! escreves muito bem, acho que te tenho dito.
Um beijo
Daniel
Fabuloso!

Gostei!

beijos
colher de chá disse…
não me esqueço. prometo.
obrigada, sempre obrigada. vou agarrar nos farrapinhos e cozer tudo de novo, para em vez água salgada, voltarem as sardas às bochechas.

gosto muito de ti, já te tinha dito?

um beijo e um abraço apertado*
polegar disse…
daniel: são desabafos. desejos de sorrisos. se gostaste, melhor :)

putty cat: obrigada. volta sempre :))

colher: sim, sim. e eu de ti, bonequinha. beijinhos nessas sardas lindas.
colher de chá disse…
ahh mais uma coisa:
obrigada pela minha música ;)

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