desculpa lá Roy Lichtenstein
ora estou a 300 e tal km de casa, onde, convenientemente, deixei a carteira esquecida. é fim de semana e estou em trabalho. já vai alta a noite, como na canção do outro. estou perdida no meio de Oliveira do Douro. à procura de um salão de festas, numa quinta dessas finórias, onde vou animar 200 macacos de gravatas e/ou saltos agulha no dia seguinte. tenho de os ensinar a fazer ritmos e tocar xilofone... não perguntem... a equipa que deveria preparar o evento tá dispersa, atrasada, metade deles ainda vem a caminho. quero chegar depressa, para preparar tudo o que me diz respeito, voltar depressa e dormir um par de horas, já que no dia a seguir tenho de estar aos saltos e muuuuito animada. ando às voltas, e voltas e voltas, e o estupor da terrinha parece cada vez maior e mais labiríntica. já não sinto o rabo. dói-me o joelho porque sou pequena e não consigo pousar o pé confortavelmente no acelerador. o mapa só ensina um caminho, com o qual não dou. já passei 3 vezes pelo talho. e outra 2 pelo presépio e pelo cemitério.
o carro pura e simplesmente pára.
no meio de uma rua perdida em Oliveira do Douro.
e não lhe apetece mexer mais.
está um grizo que não se pode.
o reboque chega antes do gajo que anda perdido em Oliveira do Douro à minha procura para me dar boleia de volta. não sinto os pés.
fiquei sem carro.
demoram 3 a 4 dias a trazê-lo para Lisboa. (mais outros tantos para justificar as horas e horas de mão de obra que me vão cobrar pelo arranjo). tenho os dedos dos pés azuis.
fiquei sem carro.
voltei para Lisboa de boleia com a B. os macacos gostaram dos xilofones.
é a semana antes do Natal, tenho montes de tralha para comprar.
fiquei sem carro.
moro a 30 km de Lisboa e a última camioneta para casa é às 10 da noite. não há comboios, metro ou amigos nas redondezas.
o carro veio da revisão há um mês. passou na inspecção há 3 semanas.
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pausa para respirar
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tenho de ir à bruxa, arranjar uma pata de coelho, uma ferradura, um trevo de 4 folhas...
ou um carro novo.
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