daqueles que não tomo há muitos meses. com velas, cheiros doces e frutados, espuma e muito tempo. desligar as luzes da casa de banho enquanto a água corre, quase a ferver, pelo chuveiro, para bater com força no gel cor-de-rosa e fazê-lo multiplicar-se em nuvens perfumadas. acender meia dúzia de velas gordas, ligar o rádio na Marginal porque apetece jazz e músicas antigas que já ninguém ouve. deixar a roupa cair pelo chão, muda, cúmplice do silêncio. entrar no banho quente e sentir os músculos a perderem a batalha, a pele a passar do arrepio ao descanso, o cabelo a flutuar, bailarino lento, e, enfim, o silêncio da água meiga, que acaricia a pele com um toque tão suave que quase não se sente. que protege o corpo do frio, tão envolvido e tão exposto à transparência da àgua. ficar assim. só ficar. sem ventos nem manhãs arrogantes e cortantes. sem pressas nem dores nas costas. sem cansaço, sem cansaço... suspirar. deixar os dedos passear, ali mesmo onde se sente o risco da água. ver a pele ...