a passadas largas, recebeu o ar frio do fim de dia, húmido e cinzento.
a calçada brilhava pelos candeeiros, criando faixas de sombra através dos jacarandás nus. o silvo dos carros no asfalto molhado.
contrariou os passos depois de uma hesitação, e desceu. passou o jardim do miradouro com as folhas vermelhas a quebrar nos seus pés. passou o elevador sem parar, calcorreando o passeio estreito até chegar ao largo onde o rapaz vende eternamente as cautelas, na sua pose de mimo. continuou, passo rápido, encontrando o largo onde estivera de manhã. o do poeta. virou à esquerda. o velhote pedia sentado nas escadas da igreja. gente nova velha, ia e vinha de onde para onde.
estacou e abriu um sorriso de leste a oeste.
"é uma dúzia, por favor".
na neblina espessa cheirosa apetitosa, aqueceu as mãos frias no pacotinho irregular de feito de finas páginas amarelas com moradas de gente anónima conhecida vivida onde qual o número. fixou os olhos nas brasas do assador e esperou sem pressa as moedas do troco reluzirem. afastou-se ainda sorrindo de leste a oeste, afastou as folhas amarelas com nomes e meteu a mão sem olhar no pacotinho. agarrou com a mão toda uma castanha quente e deixou a casca estalar-lhe entre os dedos. retirou a castanha despida e levou-a, com os dedos cheios de fuligem salgada, aos lábios. trincou. na língua consumou-se o amor que faz o ar frio com o vento chuvado, os sacos a voar, as folhas encarnadas, o homem da chuva, o cinzento prateado, o aconchego do casaquinho de lã.
desceu, cumprimentando com o olhar o escritor-estátua que ainda escreve na mesa do café.
passada lenta gulosa, ao som dos estalidos das cascas e do restolhar das folhas com nomes, recebendo na cara o ar salpicado de água fria.
na boca, o sabor quente do Outono.
a calçada brilhava pelos candeeiros, criando faixas de sombra através dos jacarandás nus. o silvo dos carros no asfalto molhado.
contrariou os passos depois de uma hesitação, e desceu. passou o jardim do miradouro com as folhas vermelhas a quebrar nos seus pés. passou o elevador sem parar, calcorreando o passeio estreito até chegar ao largo onde o rapaz vende eternamente as cautelas, na sua pose de mimo. continuou, passo rápido, encontrando o largo onde estivera de manhã. o do poeta. virou à esquerda. o velhote pedia sentado nas escadas da igreja. gente nova velha, ia e vinha de onde para onde.
estacou e abriu um sorriso de leste a oeste.
"é uma dúzia, por favor".
na neblina espessa cheirosa apetitosa, aqueceu as mãos frias no pacotinho irregular de feito de finas páginas amarelas com moradas de gente anónima conhecida vivida onde qual o número. fixou os olhos nas brasas do assador e esperou sem pressa as moedas do troco reluzirem. afastou-se ainda sorrindo de leste a oeste, afastou as folhas amarelas com nomes e meteu a mão sem olhar no pacotinho. agarrou com a mão toda uma castanha quente e deixou a casca estalar-lhe entre os dedos. retirou a castanha despida e levou-a, com os dedos cheios de fuligem salgada, aos lábios. trincou. na língua consumou-se o amor que faz o ar frio com o vento chuvado, os sacos a voar, as folhas encarnadas, o homem da chuva, o cinzento prateado, o aconchego do casaquinho de lã.
desceu, cumprimentando com o olhar o escritor-estátua que ainda escreve na mesa do café.
passada lenta gulosa, ao som dos estalidos das cascas e do restolhar das folhas com nomes, recebendo na cara o ar salpicado de água fria.
na boca, o sabor quente do Outono.
Comentários
Fizeste-me entrar com um sorriso neste domingo de pleno outono.
Beijinho grande pa ti :)
Vamos pensar nisso um bocadinho a sério?
Beijos, B.
mood: o outono tem algo de melancólico e triste, mas há coisas tão doces (ou salgadas), não é? beijinho
B.: não me parece que alguém esteja interessado em publicar estas coisitas, mas se quiseres escrevo tudo num caderninho com letra bonita e ofereço-te. boa? :P beijos
A cidade, os elementos e o humano... tudo conjugado num olhar que é belo pelo que escolhe descrever, que é terno porque permite aperceber que por trás está um coração que sabe o que são todas as suas estações...
Um beijo
Daniel
Gostei desta tua história/conto do homem das castanhas...
da imagem que criaste...
cidade...
Outono ...!!
Sabes, o tempo nos teus blogs deixam-me confuso... parece que o ponteiro do relógio anda para os dois lados ;-) !!
De qualquer forma gostei muito deste polegadas como já tinha gostado do tua maresia... um mais intimista outro mais... qualquer coisa ;-) !!
Bjs doces e muitos ;-) !!
Pescador
boas castanhas!