[ms]
desembrulho-me.
ali como quem vai para o rio, duas ruas à esquerda, depois da viela adormecida nas luzes de uma porta, contam-se três candeeiros depois do início do quarteirão. fica bem perto da loja de brinquedos antigos de grades fechadas, de moldura de madeira azul escura. ali, onde se dispersam quentes no gelo do ar os laranjas dos prédios e dos seus recantos. onde a chuva pica na cara de tão fresca e se lambem os beiços húmidos para depois os deixar cantar com a senhora de voz cansada mas com trinado certo num labirinto de azulejos sujos do metro. ali, onde os telhados descobrem cortinas brancas e o recorte da mulher nua em contra-luz com sílabas afuniladas. ali, onde os teatros se deitam no colo, ao som do alaúde. ali, onde as sombras do rio são nenúfares azuis que sabem a geleia de morango e riem com os sinos da catedral.
encontro-me, sempre ali. em qualquer lado. nos pés doridos e satisfeitos.
Comentários
Beijo Grande, B.
espanta: aquelas ruas têm as suas cores próprias, raras... beijos
tubarão: como te compreendo... beijinho
macaso: onde seja, até por e-mail, está ali ao lado... beijinho
Pelas cores, pelos recantos...
Obrigado...
volta sempre que quiseres! beijo!
No colo das tuas palavras pelos lugares recônditos e, talvez, esquecidos, da cidade.
Um beijo
Daniel