sempre me fascinou o teu cheiro a lenha queimada. olhando-te à primeira impressão dir-se-ia que a tua pele branca de princesa cheiraria a algo como maçãs acabadas de cortar ou loção de bebé. mas tu nunca gostaste de regras nem de preconceitos. sempre fizeste questão de os quebrar. até a tua pele tem essa atitude. cheiras a queimado, a escuro, quando muito a brasas e cinza. e o teu cheiro entregou-te. não me apercebi ao início, quando apenas me sentia confortado. quando o teu lado negro me seduzia em noites agrestes e violentas. quando o jocoso e o irónico, o amargo e o irreverente me envolviam em abraços tão apertados que sentia os espinhos cravados e saboreava o sangue das nossas gargalhadas. mas agora tenho medo. das tuas chicotadas e da minha reacção. já não me satisfazem as nossas noites em que és rainha e esperas que te sirva. e os nossos dias em que violentas os meus pensamentos como se eu não fizesse nada como deve ser. na cama como na vida. sufoca-me a tua política de terra que...