passei a tarde de ontem, na indiferença à trasladação da Irmã Lúcia, a vaguear pelas ruas da minha infância.
a recordar o sol no meu tecto e as paredes forradas com bonecos.
a caixinha de música cor de rosa, que ainda guardo
o espanta-espíritos da Branca de Neve que, um pouco mais pálido, ainda existe
os óculos que ajeitava ao nariz, cada par mais "exótico" que o outro
os meus dentes da frente, muito grandes e com uma falha entre eles
os tempos do aparelho
os tempos do ballet
os tempos em que andava de costas direitas
os tempos das apresentações na primeira "escola em palco"
o meu primeiro poema para um público
a inauguração da Malaposta, em que participei, tendo que ser retirada em braços do coche onde estava, porque o microfone não chegava lá
a carrinha da Junta de Freguesia, a espalhar a "Lambada" pela vila
dançar "Onda Choc"
cantar o "Conquistador"
o dia em que fiz uma tele-receita de leitão com laranja, utilizando a minha irmã como o próprio leitão
a minha avó a sorrir
o meu pai quando parecia o Bin Laden
os canudos do cabelo da minha irmã
o meu cabelo pelos cotovelos
o meu corte de cabelo à pagem (que a minha mãe ainda hoje adora)
o meu muito mau gosto para chapéus, na pessoa de um boné com um pompom no topo
o meu sorriso indelével
a minha ausência do mundo quando pegava num livro
o facto me sentar sempre de pernas abertas
a minha incapacidade de falar baixo
a minha mão na anca quando as coisas corriam mal
a minha diversão em apresentar programas de tv caseiros
a minha dedicação em fazer teatros de fantoches
a minha mania de cantar em todo o lado
o dia em que andei a cavalo
os banhos de regador de relva
os banhos no tanque
o meu primeiro cão
tudo misturado, em vaivéns de imagens simples, pedaços de mim, alguns esquecidos, outros tão presentes como se fosse hoje.
vejo-me uma miscelânea, ainda hoje, dessas pequenas coisas. vejo-me a eterna menina à procura de um sorriso em volta. vejo-me ainda à procura de abraços seguros, que não me deixem suspensa no ar.
a recordar o sol no meu tecto e as paredes forradas com bonecos.
a caixinha de música cor de rosa, que ainda guardo
o espanta-espíritos da Branca de Neve que, um pouco mais pálido, ainda existe
os óculos que ajeitava ao nariz, cada par mais "exótico" que o outro
os meus dentes da frente, muito grandes e com uma falha entre eles
os tempos do aparelho
os tempos do ballet
os tempos em que andava de costas direitas
os tempos das apresentações na primeira "escola em palco"
o meu primeiro poema para um público
a inauguração da Malaposta, em que participei, tendo que ser retirada em braços do coche onde estava, porque o microfone não chegava lá
a carrinha da Junta de Freguesia, a espalhar a "Lambada" pela vila
dançar "Onda Choc"
cantar o "Conquistador"
o dia em que fiz uma tele-receita de leitão com laranja, utilizando a minha irmã como o próprio leitão
a minha avó a sorrir
o meu pai quando parecia o Bin Laden
os canudos do cabelo da minha irmã
o meu cabelo pelos cotovelos
o meu corte de cabelo à pagem (que a minha mãe ainda hoje adora)
o meu muito mau gosto para chapéus, na pessoa de um boné com um pompom no topo
o meu sorriso indelével
a minha ausência do mundo quando pegava num livro
o facto me sentar sempre de pernas abertas
a minha incapacidade de falar baixo
a minha mão na anca quando as coisas corriam mal
a minha diversão em apresentar programas de tv caseiros
a minha dedicação em fazer teatros de fantoches
a minha mania de cantar em todo o lado
o dia em que andei a cavalo
os banhos de regador de relva
os banhos no tanque
o meu primeiro cão
tudo misturado, em vaivéns de imagens simples, pedaços de mim, alguns esquecidos, outros tão presentes como se fosse hoje.
vejo-me uma miscelânea, ainda hoje, dessas pequenas coisas. vejo-me a eterna menina à procura de um sorriso em volta. vejo-me ainda à procura de abraços seguros, que não me deixem suspensa no ar.
Comentários
um obrigado por me teres deixado ver.
espanta: o viva é também à tua paciência, meu querido, em veres aquelas horas perdidas de gente pequenina e berros estridentes :)
marinheiroaguadoce a navegar
saudades como tão bem nós definimos...
somos muito do passado, não é?
Lembro-me do baú de roupa na casa da minha avó. Lembro-me de uma t-shirt do Sandokan. Lembro-me dos óculos que odiava. Lembro-me de ir pela primeira vez ao Zoo, de comer um gelado (Pé) e de olhar derretida para uns lindos olhos azuis. Lembro-me...