olho para a agenda preta porque a colega está de novo de férias – prometendo-me beber uma caipirinha por mim numa noite de lua cheia - o que me leva a aperceber-me: um ano, passou-se pouco mais de um ano desde que comecei a trabalhar aqui. podem fazer-se balanços todos os dias, mudamos todos os dias. mas…
o Romeu continua aqui - mais pálido, é certo - a fazer-me companhia nas tardes suadas e nas geladas. os patrões continuam ausentes e dispersos, com picos insanos de actividade. continuo sem esperar nada daqui. a janela mostra-me ainda a esquina da casa azul, o extra, a padaria e a rapariga sentada na caixa da electricidade, ainda se adivinha o Tejo, apesar da sua ausência aos olhos, e as gaivotas ainda me garantem que não será uma miragem... e ainda saio demasiado tarde para ir aconchegar os lençóis ao sol no rio.
no entanto, e apesar da memória fraca que me deixa guardar pouco, regresso ao “há um ano atrás”... e surge um sabor a sal.
pelas mãos vazias de sentido. o corpo solitário sem novas almas. o pó permanece debaixo da pele, em ferida aberta. partilha-se as angústias com quem nos sente de forma igual. sinto os seres sentados lá em cima, na teia do universo. silenciados. amordaçados. presos na mesma cela da minha vontade de contar uma história.
regresso sem dar por isso ao ponto de encontro dos risos embriagados de há um ano. em que os alicerces estavam seguros, e o medo era não ter tempo suficiente nem mãos a medir para lançar o pó ao ar das cadeiras vermelhas. acompanham-me os melhores amigos. um que nasceu comigo no momento em que respirámos juntos o primeiro pó do palco, ensinando-me a alegria da entrega, a verdade dos olhos. outro que cruzou os passos nos meus e me pediu a mão para sentir também ele o voo das borboletas, e em mim ficou, ensinando-me a nobreza da humildade, a beleza das pequenas coisas.
a cerveja é a mesma. a voz também. o bolo ainda é de chocolate com chantilly.
que foi feito de mim?
o Romeu continua aqui - mais pálido, é certo - a fazer-me companhia nas tardes suadas e nas geladas. os patrões continuam ausentes e dispersos, com picos insanos de actividade. continuo sem esperar nada daqui. a janela mostra-me ainda a esquina da casa azul, o extra, a padaria e a rapariga sentada na caixa da electricidade, ainda se adivinha o Tejo, apesar da sua ausência aos olhos, e as gaivotas ainda me garantem que não será uma miragem... e ainda saio demasiado tarde para ir aconchegar os lençóis ao sol no rio.
no entanto, e apesar da memória fraca que me deixa guardar pouco, regresso ao “há um ano atrás”... e surge um sabor a sal.
pelas mãos vazias de sentido. o corpo solitário sem novas almas. o pó permanece debaixo da pele, em ferida aberta. partilha-se as angústias com quem nos sente de forma igual. sinto os seres sentados lá em cima, na teia do universo. silenciados. amordaçados. presos na mesma cela da minha vontade de contar uma história.
regresso sem dar por isso ao ponto de encontro dos risos embriagados de há um ano. em que os alicerces estavam seguros, e o medo era não ter tempo suficiente nem mãos a medir para lançar o pó ao ar das cadeiras vermelhas. acompanham-me os melhores amigos. um que nasceu comigo no momento em que respirámos juntos o primeiro pó do palco, ensinando-me a alegria da entrega, a verdade dos olhos. outro que cruzou os passos nos meus e me pediu a mão para sentir também ele o voo das borboletas, e em mim ficou, ensinando-me a nobreza da humildade, a beleza das pequenas coisas.
a cerveja é a mesma. a voz também. o bolo ainda é de chocolate com chantilly.
que foi feito de mim?
Comentários
estás maior.
mas o sonho continua.
não são cadeiras vermelhas (que terão o destino do pó se quem as governa não mudar de ideias... que haja alguém que o ajude pois já não há forças deste lado para aguentar tanto engano...)
são microfones que dão vida a ursos e meninas.
são paredes frias de séculos que ajudaste a aquecer (e fizeste como ninguém... apesar de ser só por dois dias)
é uma casa que ganha calor e cores com sorrisos e suor.
um dia (tenho toda a certeza do mundo) vais libertar esses seres presos em teias longe de ideias feitas, porque tu mereces... porque eles merecem.
vais ser feliz.
vais poder sorrir.
vais poder contar histórias como só tu sabes fazer.
não deixes de acreditar em ti.
REvejo gargalhadas, conversas a medo, pedidos de ajuda, cigarros partilhados ao fim da noite e concluo: que nada daquilo me está a dar sej o que fôr porque me falta o ar sem a vossa presença. Esta é a mais pura das verdades. Habituei-me mal, e agora não consigo dar valor ao que tenho.
Um ano passou.
Ganhei uma amiga, uma das maiores. Aliás, dois amigos, dois dos maiores.
Cresceste,
amadureceste,
conquistaste, e
é assim que vai continuar, reiterando as palavras do espanta.
Não percas a esperança, não deixes de acreditar.
Em breve estaremos juntas debaixo das luzes. Seja onde fôr, apetece-me lutar por isso.
beijo e abraço forte
estarás com mais certezas, com mais força, com os objectivos mais claros,
tens que fazer aquilo que gostas e amas, mas até lá tens que sobreviver, com a certeza que irás fazer o ke gostas!
esse trapalho será uma rede de segurança que te permite voar no trapézio em segurança. bjkas e bom fim de semana.
Gostei do texto, vou voltar.
Gostei do teu post.
colher: nunca deixei de agradecer às estrelas cada pedacinho de luz que deixaram que me abraçasse. estás a fazer um bom trabalho. continua e agradece. dói mais não poderes fazer nenhum, acredita, querida. quanto à amizade, essa quando nasce forte bonita e sincera não tem nada que a deite abaixo... continuaremos. beijo e força.
pinky: não foi o trabalho-rotina-secretária, surpreendentemente, que me tirou tempo para as coisas de que gosto. foram as coisas de que gosto que deixaram a minha vida. porque tenho a força e a vontade, e neste momento não tenho como ou onde trabalhar. traições à parte, porque as houve, custa também esta falta de ar.
macaso: espero que sim, querida.
joao mãos de tesoura (que nome maravilhoso :) :obrigada por apareceres por aqui. as questões que pus não foram porque me esquecesse das prioridades, foi porque elas se esqueceram de mim... it's a long story ;)
rantas: vive-se o sonho mesmo quando o sonho já não está? já vivi no sonho e agradeci ser a minha realidade. mas depois acabou. agora está cinzento... para quando o regresso das cores?...
Cumprimentos mixed by Jameson 12 anos!