um dia entrou-me por aqui adentro e olhou para o meu querido vaso de flores laranja, de onde sobravam apenas uns talos secos.
- isso 'tá morto?
- não sei... não tem razão, rego sempre, tenho tanto cuidado...
- pois, mas sabes, com tanto tabaco e ambiente fechado é capaz de já ter morrido.
- espero que não, gosto tanto delas... vamos ver, na primavera.
o tempo passou e nada aconteceu. as florinhas não voltaram a aparecer para colorir os meus dias. mas mantinha o vaso ao lado do rádio, à espera delas.
há uma semana, enquanto montava o cenário, ouço o assobio conhecido. lá vinha ele, sempre o primeiro a chegar, beijinhos e as chaves da torre, onde são os camarins, onde pinta todos os dias a cara de vermelho demoníaco.
- tenho lá uma prenda para ti. esqueci-me de te trazer, mas um destes dias passo lá no escritório.
- são post-its?! [isto aqui é um luxo, de facto]
olhou-me sério e carrancudo até explodir na sua gargalhada
- logo vês.
ontem, depois do espectáculo, voltei aqui para fazer as contas. estava de nariz enfiado na calculadora quando a porta se escancara com o seu sorriso. assim, de sorriso rasgado e braços estendidos, um vaso de florinhas brancas nas mãos.
- toma! a ver se não morrem estas!
assim se semeiam amizades.
- isso 'tá morto?
- não sei... não tem razão, rego sempre, tenho tanto cuidado...
- pois, mas sabes, com tanto tabaco e ambiente fechado é capaz de já ter morrido.
- espero que não, gosto tanto delas... vamos ver, na primavera.
o tempo passou e nada aconteceu. as florinhas não voltaram a aparecer para colorir os meus dias. mas mantinha o vaso ao lado do rádio, à espera delas.
há uma semana, enquanto montava o cenário, ouço o assobio conhecido. lá vinha ele, sempre o primeiro a chegar, beijinhos e as chaves da torre, onde são os camarins, onde pinta todos os dias a cara de vermelho demoníaco.
- tenho lá uma prenda para ti. esqueci-me de te trazer, mas um destes dias passo lá no escritório.
- são post-its?! [isto aqui é um luxo, de facto]
olhou-me sério e carrancudo até explodir na sua gargalhada
- logo vês.
ontem, depois do espectáculo, voltei aqui para fazer as contas. estava de nariz enfiado na calculadora quando a porta se escancara com o seu sorriso. assim, de sorriso rasgado e braços estendidos, um vaso de florinhas brancas nas mãos.
- toma! a ver se não morrem estas!
assim se semeiam amizades.
Comentários
Fico contente. Por ele e por ti minha querida.
A ver se passo um destes dias no escritório para almoçarmos e pra eu deitar um olho nas ditas florinhas da amizade!
Beijo Grande, tenho saudades!
B.
Por todo o simbolismo que esta prenda (e o ano em que foi dada) teve para mim, acabei por ter o meu pai a olhar para mim e a peguntar se estava a chorar por causa de um cacto. Respondi-lhe que estava apenas feliz...
É... há amizades cujas raízes tocam fundo cá dentro, certo?
=) beijinho com luas