respiro os tons de cinzento que perfilam este meu dia. mais um sopro de fumos anelados que aquecem o peito, ardem nos olhos e preenchem o cinzeiro, sepultura cinza e laranja.
com melodias suaves escondidas no canto da secretária, abafadas em cantos urbanos de buzinas e tosses e motores. a chuva insistente que me enganou a manhã e ensopou-me o casaco de malha. nebulosas que correm e se rasgam fio a fio por luzes douradas, fugidias, efémeras.
o vento e o canto da tempestade soam dentro de quatro paredes brancas, sombreadas da fragilidade do dia lá fora. soam como folhas de papel, rumorejar de teclas e seres de metal que cospem tinta negra. soam a perguntas, apitos agudos e pedras de isqueiro.
cheira a frutos silvestres, queimados em gotas grossas, vermelhas, sangue espesso que se cola aos dedos, os queima e paralisa por um segundo, até se fragilizar e desfazer em pequenos grumos macios.
a manhã entardeceu. a tarde anoitece. sempre em tons de cinzento.
preparo-me para mais um regresso de pálpebras dormentes, e, quem sabe, casaco de malha ensopado. recordando os anoiteceres de meninez em que estendia a língua de fora, deixava as gotas tomar conta do corpo, da roupa, sem pressas. até chegar a casa e me envolver em águas quentes, espumas perfumadas da Avon e toalhas turcas, sob o sorriso cúmplice da minha avó.
com melodias suaves escondidas no canto da secretária, abafadas em cantos urbanos de buzinas e tosses e motores. a chuva insistente que me enganou a manhã e ensopou-me o casaco de malha. nebulosas que correm e se rasgam fio a fio por luzes douradas, fugidias, efémeras.
o vento e o canto da tempestade soam dentro de quatro paredes brancas, sombreadas da fragilidade do dia lá fora. soam como folhas de papel, rumorejar de teclas e seres de metal que cospem tinta negra. soam a perguntas, apitos agudos e pedras de isqueiro.
cheira a frutos silvestres, queimados em gotas grossas, vermelhas, sangue espesso que se cola aos dedos, os queima e paralisa por um segundo, até se fragilizar e desfazer em pequenos grumos macios.
a manhã entardeceu. a tarde anoitece. sempre em tons de cinzento.
preparo-me para mais um regresso de pálpebras dormentes, e, quem sabe, casaco de malha ensopado. recordando os anoiteceres de meninez em que estendia a língua de fora, deixava as gotas tomar conta do corpo, da roupa, sem pressas. até chegar a casa e me envolver em águas quentes, espumas perfumadas da Avon e toalhas turcas, sob o sorriso cúmplice da minha avó.
Comentários
é uma vergonha sim sr aquele lá em cima agr querer ir embora!!! sabes o q te digo? devíamos convencÊ-lo a descansar rápido. para que as suas palavras encontrem novo poiso, nova forma, nova casinha. em forma de duende ou de pirata, não interessa. q achas? :)