antes de mais, bom ano novo. ou bom dia 1 de um novo mês, para os menos místicos.
agora é proibido fumar... basicamente... em todos os espaços públicos. fiquei por casa, a descansar no quente e a ver as reportagens que por aí andam sobre as reacções à lei.
factos:
nos estabelecimentos com menos de 100 m2 os donos têm de optar se tornam o local "verde" ou, vá, cinzento.
se optarem pelo verde, tudo bem.
se optarem pelo cinzento, têm de pôr extractores de fumo. apesar de a lei já estar bem definida há muito tempo, ainda não estão estabelecidas as características que devem ter os tais extractores. e são caros. e se não estiverem de acordo com o que ainda não foi estipulado, pode dar em multas na mesma.
se tiverem mais de 100 m2, podem criar espaços de fumadores, mas, lá está, têm de meter os tais extractores que ninguém sabe como são.
os não fumadores estão contentes e já vão assumindo aquele comportamentozinho pedante de quem se sente uma entidade superior.
os fumadores conformam-se, reduzem-se à sua insignificância de consumidores de segunda, pobres animais viciados, e vão fumar para a rua ou acham que é desta que largam o vício.
o senhor governo gosta de dizer que esta nova lei é para o bem de todos e tal, e que temos de ser civilizados. na civilização que eu conheço, há locais de fumadores com extractores bons e devidamente regulamentados. onde, curiosamente, já vi não-fumadores sentados a ler revistas porque o ar ali até é melhor que no resto do estabelecimento. a sério, isto existe.
os mais moralistas têm de se aperceber de uma coisa: fumar não é ilegal. porquê?
ah, não sei. faz tanto mal... é uma droga, mata e tudo. mas pronto... o senhor governo civilizado e que de certeza não fuma o charutinho nas reuniões, é bom. faz uma troca: não ilegaliza a coisa, mas em troca veda os locais públicos aos fumadores e leva quase 90% do valor de cada maço de tabaco como imposto. disso ninguém falou nas entrevistas. quem mama a saudinha de quem, pergunto eu?
posto isto, e já que estamos a defender a nossa querida saúde, eu, como uma das poucas fumadoras civilizadas que restam neste pequeno rectângulo à beira-mar plantado, vou continuar a fumar. educadamente, como sempre fiz. vou escolher os sítios onde se pode fumar e não consumo nos outros. o que poderá querer dizer que vou sair muito menos, jantar fora menos vezes, beber menos cafés com os amigos. agora talvez surja uma nova moda: "olá, tudo bem? que é que fazes? tens tempo para irmos fumar um cigarrinho ali ao aquário e pôr a conversa em dia?"
e, preocupada com a saudinha deste pacato povo, pergunto-me: quando é que vão começar a multar as famílias não-fumadoras que dão as entrevistas sentadas à mesa com aqueles pires de presunto gordo, queijinhos, salgadinhos, as colas, as vinhaças, as cervejinhas e restantes pecados do colesterol que entopem as suas veias; os carros e autocarros que bombam todos os dias com os seus flatos; os que não reciclam; as fábricas, as lareiras, e restantes coisas dessas que também têm chaminés que deitam fumos que fazem buracos no ozono e fazem cancros; os que constroem resorts em reservas ecológicas; os que oferecem canetinhas de prata e fecham a cidade e dão o forte de S. João da Barra e catering para matanças de animais, como comemoração da assinatura de um tratado que ninguém sabe bem o que diz [nem tem de saber]; os que fecham maternidades e centros de saúde; os patrões que contratam estagiários e gentinha a recibos verdes para não pagar ordenados nem segurança social e que fazem com que ande toda a gente mal dos nervos [e fume mais eheh], e evitam que se tenham filhos e coisas dessas. a lista continuaria... mas não quero maçar muito.
também me pergunto quando é que vão começar a multar os novos assassinos da civilização portuguesa, que trabalham de fininho, com declarações como "não há extractores amolgados", "o ar assim até sabe o apetite", ou "aqui há umas grandes milhares de pessoal"...
para quem quiser confraternizar à moda antiga, sem censura hipócrita, e enquanto a verdadeira civilização não passa por aqui, cá em casa há café do bom, música da boa, velas, incenso, janelas e cinzeiros.
agora é proibido fumar... basicamente... em todos os espaços públicos. fiquei por casa, a descansar no quente e a ver as reportagens que por aí andam sobre as reacções à lei.
factos:
nos estabelecimentos com menos de 100 m2 os donos têm de optar se tornam o local "verde" ou, vá, cinzento.
se optarem pelo verde, tudo bem.
se optarem pelo cinzento, têm de pôr extractores de fumo. apesar de a lei já estar bem definida há muito tempo, ainda não estão estabelecidas as características que devem ter os tais extractores. e são caros. e se não estiverem de acordo com o que ainda não foi estipulado, pode dar em multas na mesma.
se tiverem mais de 100 m2, podem criar espaços de fumadores, mas, lá está, têm de meter os tais extractores que ninguém sabe como são.
os não fumadores estão contentes e já vão assumindo aquele comportamentozinho pedante de quem se sente uma entidade superior.
os fumadores conformam-se, reduzem-se à sua insignificância de consumidores de segunda, pobres animais viciados, e vão fumar para a rua ou acham que é desta que largam o vício.
o senhor governo gosta de dizer que esta nova lei é para o bem de todos e tal, e que temos de ser civilizados. na civilização que eu conheço, há locais de fumadores com extractores bons e devidamente regulamentados. onde, curiosamente, já vi não-fumadores sentados a ler revistas porque o ar ali até é melhor que no resto do estabelecimento. a sério, isto existe.
os mais moralistas têm de se aperceber de uma coisa: fumar não é ilegal. porquê?
ah, não sei. faz tanto mal... é uma droga, mata e tudo. mas pronto... o senhor governo civilizado e que de certeza não fuma o charutinho nas reuniões, é bom. faz uma troca: não ilegaliza a coisa, mas em troca veda os locais públicos aos fumadores e leva quase 90% do valor de cada maço de tabaco como imposto. disso ninguém falou nas entrevistas. quem mama a saudinha de quem, pergunto eu?
posto isto, e já que estamos a defender a nossa querida saúde, eu, como uma das poucas fumadoras civilizadas que restam neste pequeno rectângulo à beira-mar plantado, vou continuar a fumar. educadamente, como sempre fiz. vou escolher os sítios onde se pode fumar e não consumo nos outros. o que poderá querer dizer que vou sair muito menos, jantar fora menos vezes, beber menos cafés com os amigos. agora talvez surja uma nova moda: "olá, tudo bem? que é que fazes? tens tempo para irmos fumar um cigarrinho ali ao aquário e pôr a conversa em dia?"
e, preocupada com a saudinha deste pacato povo, pergunto-me: quando é que vão começar a multar as famílias não-fumadoras que dão as entrevistas sentadas à mesa com aqueles pires de presunto gordo, queijinhos, salgadinhos, as colas, as vinhaças, as cervejinhas e restantes pecados do colesterol que entopem as suas veias; os carros e autocarros que bombam todos os dias com os seus flatos; os que não reciclam; as fábricas, as lareiras, e restantes coisas dessas que também têm chaminés que deitam fumos que fazem buracos no ozono e fazem cancros; os que constroem resorts em reservas ecológicas; os que oferecem canetinhas de prata e fecham a cidade e dão o forte de S. João da Barra e catering para matanças de animais, como comemoração da assinatura de um tratado que ninguém sabe bem o que diz [nem tem de saber]; os que fecham maternidades e centros de saúde; os patrões que contratam estagiários e gentinha a recibos verdes para não pagar ordenados nem segurança social e que fazem com que ande toda a gente mal dos nervos [e fume mais eheh], e evitam que se tenham filhos e coisas dessas. a lista continuaria... mas não quero maçar muito.
também me pergunto quando é que vão começar a multar os novos assassinos da civilização portuguesa, que trabalham de fininho, com declarações como "não há extractores amolgados", "o ar assim até sabe o apetite", ou "aqui há umas grandes milhares de pessoal"...
para quem quiser confraternizar à moda antiga, sem censura hipócrita, e enquanto a verdadeira civilização não passa por aqui, cá em casa há café do bom, música da boa, velas, incenso, janelas e cinzeiros.
Comentários
não quero invadir os espaços dos outros, MPR. inclusive, acho bem que se sancione quem anda aí a poluir, a fumar em espaços fechados, sem noção de nada. só que assim que se falou na aplicação desta lei em Portugal deram-me os arrepios. já sabia que ia ser tudo feito com os pés.
eu sei, SEI, que há maneiras de fazer as coisas em que ninguém fica prejudicado. sei que há formas de fechar esplanadas, que já existem bons extractores, e que nos países em que se aplica esta lei a sério, não discriminatoriamente, toda a gente tem o seu espaço e ninguém chateia ninguém, sem ser necessário ostracizar meio mundo, continuando no entanto a cobrar-lhe o imposto do tabaco.
explica-me só como é que num sítio do tamanho do Colombo não arranjam uma trampa de um "aquário"? desculpa lá, mas numa coisa com aquelas dimensões, devia ser OBRIGATÓRIO. os fumadores são tão consumidores como os outros, têm direito a um espaço onde possam exercer o seu DIREITO, sem, obviamente, prejudicar as outras pessoas. porque é que são tão radicais que até os cinzeiros tiram das ruas à porta do centro? vais-me dizer que não posso fumar na rua? posso. mas a beata, vai para onde? não sei. e deixei de querer saber.
sei que a lei está votada há tempo suficiente para se ter já legislado tudo o que a contempla, especialmente os extractores. já estão a ser utilizados no resto da Europa, portanto são mais que testados. assim, tinham dado tempo para, se os donos dos estabelecimentos assim o quisessem, criarem espaços para todos.
moralismos hipócritas é que não, meu caro.
assim, reservo-me o direito de ficar danada.
se querem armar-se em salazarzinhos moderados como deve ser, que tornem o tabaco ilegal.
até lá, tenho tanto direito a estar num sítio como um não-fumador.
se é mais caro, problema e opção de quem investe. e posteriormente de quem frequenta os espaços.
agora se não dão alternativas e soluções viáveis é porque alguém se está a rir à grande do povinho - fumador ou não.
É claro que não defendo isso, é claro que acho que devem co-existir, onde for possivel, mas vejo os fumadores a ficarem demasiado irritados e levantarem um pé de vento demasiado grande quando viveram até aqui a fazer o que queriam, quando queriam, onde queriam. Alguem deixou de andar de avião por ser proibido fumar?
neste momento a moda é o saudávelzinho. não fuma, não bebe, não come gorduras nem doces, faz exercício, lê muito, ouve as músicas mais recentes, vai ver os melhores filmes, é hype e vai ao bairro alto, ao musicbox, ao japonês ou lá onde essa gente vai... (eu tb vou mas terei de deixar de ir...)
a mim (como FUMADOR) só me chateia a prepotência dos não fumadores.
pois antes da leizinha, já me pediram para apagar cigarros e apaguei, não fumava onde não me era premitido, evitava fumar defronte das "inocentes" criancinhas e quejandos, uso um cinzeiro de bolso (que lixo no mundo já há muito), enfim... tentava viver em sociedade com o meu vício.
o que me apetece agora é mandar tudo às urtigas e usar os espaços de fumador (que daqui a pouco serão a minha casa e duas ou três ruas do nosso portugal) abusivamente.
e quero dizer abusivamente com: se estiver num sítio ao ar livre que se lixem as criancinhas, vão para o colombo!; se estiver numa esplanada ao ar livre em pleno verão, que vá tudo assar para dentro do cafézinho não fumador que eu não apago o cigarro.
estou a fazer o quê?
a ser extremista?
nada disso...
estou a ser um espelho da sociedade.
como sabes, eu só ando de avião quando tem mesmo de ser e bem drogada (enquanto deixarem - mas essas são bem legais. a letargia ajuda a muita coisa). mas falando nisso, não sei se aguentava "calmamente" uma viagem longa trancada lá em cima sem poder fumar...
quanto ao Colombo tratar todos por igual, discordo: antes disto havia zonas de fumadores. sem aquário, o que estava mal, mas pronto. todos podiam estar mais ou menos à vontade - tendo em conta a dimensão da coisa para circulação do ar e tendo também em conta que nem todos são civilizados ao mesmo nível, coisa que lamento. mas vá, ainda se pode andar a atropelar pessoas com os carrinhos das crianças, a vazar vistas com as malas, a escarrar no chão, a deixar os rebentos correr e gritar nos ouvidos dos outros, ou mesmo cheirar a cebola refogada sem se ser punido.
acho que entrar na onda de "só vai haver igualdade quando os fumadores tiverem o mesmo espaço para fumar que os fumadores tiveram de espaço livre de fumo" é andar para trás. há demasiado caminho a fazer para a frente. e inclui não só chegar a um compromisso válido quanto à nicotina, mas também as escarradelas e afins.
fora de brincadeiras, basicamente eu tinha a secreta esperança que a lei fosse uma forma de obrigar os estabelecimentos a criar condições para que se possa usufruir dos sítios, e neste caso fumar, sem prejudicar os demais. enganei-me. mas eu engano-me sempre.
anónimo: bora?! ;)
espanta: a chatice é que não somos de modas, né? já há muito tempo nos disseram que fumar estava fora de moda... pena... ;)
E fora de provocações (ai comichão) na verdade a lei É uma forma de todos poderem usufruir dos espaços. Diz explicitamente que um sitio pode escolher ser fumador, não-fumador ou ter ambos os espaços (se tiver área suficiente). Se os bares e restaurantes não o escolhem o problema não é da lei. Quantos sitios não-fumadores existiam antes desta lei ser publicada?
basicamente o que foi mal feito foi a lei dizer que se pode optar, mas não terem sido emitidas as características obrigatórias dos extractores para que os donos dos estabelecimentos pudessem optar por instalá-los. por isso, optaram todos pelos espaços para não fumadores, porque temem coimas pela irregularidade de um equipamento que queiram instalar, que é muito caro e depois podem não ter dinheiro para substituir.
no fundo,apesar de a lei contemplar a opção, na prática esta não é possível.
neste momento, fora o corte inglês, que provavelmente usou os standards espanhóis, todos os outros estão à espera da regulamentação portuguesa para estas máquinas. e a lei já foi aprovada há um tempinho, dava tempo para tratarem disso. daí a minha insatisfação.
para não fumadores já estavam destinados (e bem) muitos espaços há muito tempo: além de certos cafés e restaurantes, edifícios públicos, hospitais e afins sempre tiveram essas restrições.
da maneira como as coisas foram feitas cá, infelizmente quem se lixou foram os fumadores. eu não quero poder fumar para cima de ti. mas quero que dêem aos donos dos estabelecimentos REAIS condições que lhes permitam dar-me a possibilidade de fumar em certos espaços sem ter de ir para a chuva.