à espera dos colegas e de alguns jornalistas à porta do mosteiro, acalma-se os nervos da viagem feita a 150 à hora entre o trânsito furioso dos muitos que foram de fim de semana grande. conversa-se com os colegas e tira-se as dúvidas com o relicário ali exposto: Inês era loira. dão-me para a mão uma geribéria branca, que cada um dos membros da equipa depositará em frente aos túmulos. brinca-se um bocadinho, chegam os jornalistas e fotografam - experiência nova e estranha, no mínimo.
depois entrámos no mosteiro. dou o braço a uma colega e vamos recitando baixinho o poema sobre o amor com que começa a nossa peça.
"quando amor nasceu, nasceu ao mundo vida
claros raios ao sol, luz às estrelas..."
quem está à volta vai-se juntado ao coro de vozes que murmuram essa ode ao amor, até que inesperadamente um arrepio me sobe pelas costas. não sei se pela evocação do poema, se pelo coro uníssono, murmurante, de pela imponência do mosteiro, se pela proximidade dela.
ali estava. Inês. deitada há mais de seis séculos, descansando com o seu rosto de pedra muito branco e redondo.
do outro lado da nave central, Pedro descansa também.
e só então me apercebi. estudei-os de trás para a frente. pormenores históricos e nuances romanceadas. mas eram personagens a criar.
não.
são duas pessoas. que se amaram de uma maneira muito bonita. que foram separadas de uma forma atroz. que sofreram um amor incompreendido. e eu tenho de viver as suas vidas.
perdi as forças, enquanto te olhava, Inês, esquecendo que tinha de sorrir para as câmaras.
a Inês do colo de garça, dos longos cabelos de oiro, da pele branca, da vida cortada por amor.
chorei. como se te tivesse conhecido. como se sofresse na pele as tuas dores. e agradeci-te o facto de teres lutado tanto, amado tanto, que permitisse seres tão digna de sobre ti, sobre vocês, escreverem.
a minha flor, como a das restantes mulheres da equipa, era para D. Pedro. mas sobrou uma, que pedi. olhei para ti, Pedro, e pensei em como somos todos tão pequeninos. foste rei. mas enquanto homem privaram-te do maior bem. ajoelhei-me e depus a tua flor.
depois fugi dos fotógrafos que ficaram de volta dos outros com os seus flashes frios e voltei para o pé de Inês. e lá lhe soprei um beijo, um obrigada, e lhe prometi que a defenderia no palco como não teve quem a defendesse em vida.
e deixei-lhe a minha geribéria branca.
[fotos de ms]
depois entrámos no mosteiro. dou o braço a uma colega e vamos recitando baixinho o poema sobre o amor com que começa a nossa peça.
"quando amor nasceu, nasceu ao mundo vida
claros raios ao sol, luz às estrelas..."
quem está à volta vai-se juntado ao coro de vozes que murmuram essa ode ao amor, até que inesperadamente um arrepio me sobe pelas costas. não sei se pela evocação do poema, se pelo coro uníssono, murmurante, de pela imponência do mosteiro, se pela proximidade dela.
ali estava. Inês. deitada há mais de seis séculos, descansando com o seu rosto de pedra muito branco e redondo.
do outro lado da nave central, Pedro descansa também.
e só então me apercebi. estudei-os de trás para a frente. pormenores históricos e nuances romanceadas. mas eram personagens a criar.
não.
são duas pessoas. que se amaram de uma maneira muito bonita. que foram separadas de uma forma atroz. que sofreram um amor incompreendido. e eu tenho de viver as suas vidas.
perdi as forças, enquanto te olhava, Inês, esquecendo que tinha de sorrir para as câmaras.
a Inês do colo de garça, dos longos cabelos de oiro, da pele branca, da vida cortada por amor.
chorei. como se te tivesse conhecido. como se sofresse na pele as tuas dores. e agradeci-te o facto de teres lutado tanto, amado tanto, que permitisse seres tão digna de sobre ti, sobre vocês, escreverem.
a minha flor, como a das restantes mulheres da equipa, era para D. Pedro. mas sobrou uma, que pedi. olhei para ti, Pedro, e pensei em como somos todos tão pequeninos. foste rei. mas enquanto homem privaram-te do maior bem. ajoelhei-me e depus a tua flor.
depois fugi dos fotógrafos que ficaram de volta dos outros com os seus flashes frios e voltei para o pé de Inês. e lá lhe soprei um beijo, um obrigada, e lhe prometi que a defenderia no palco como não teve quem a defendesse em vida.
e deixei-lhe a minha geribéria branca.
[fotos de ms]
Comentários
Costumo vir cá ler e gosto. Mas, realmente, não comento muito. porque às vezes o comentário é tão simples que me parece ridículo estar a escrever.
Mas uma vez que tb eu gosto de chegar ao meu blog e ver os coments novos (principalmente os que não são publicidade e/ou ameaças à minha integridade física) aqui vai o meu comment a este último texto do/a polegar:
=)
e pronto... foi isto!
Beijos inter-galáticos para todos os polegares, anelares, indicadores, médios e mindinhos!