por um palco onde entro espavorida, vestida a preceito, mas sem maquilhagem, de rabo de cavalo e as unhas ainda pintadas de vermelho, para o ensaio geral.
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revêem-se as marcações, no espaço novo, que por duas noites é nosso. brinca-se, de alma leve e cansada, sem deixar passar as horas impunes de sorrisos.
depois, é o espírito de Inês que chega.
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estamos na terra dela, no local onde mais amou, onde a sua vida foi mais intensa. e sente-se. e depois passa-nos na pele o arrepio da entrega total. e as vozes lançam-se ao céu, rebatidas numa muito má acústica, os gestos fervem como nunca, em defesa de quem nos deu a alma e a história para contar.
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tremo. acabou. não quero largar a mão do rei, imploro por mais um pouco. porque não? é o último dia? não me posso salvar, só hoje? e o principezinho, o Guinho, que se perde comigo ao colo, inerte, impotente, entre soluços desconsolados porque perdeu a sua Inês. e não renascerá no dia seguinte.
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no final, ficam as vozes falhadas, a dicção traída pela emoção, que sai descontrolada, entre soluços de real sentimento. e da ficção faz-se realidade, porque não é possível distinguir os dois. porque a saudade já é muita, e apesar de se sofrer sempre, de se acabar cansado e abatido, a paixão é maior, e as palavras são pequenas para o peito tão cheio que transborda pelos olhos.
a noite corre devagar, de mãos dadas com a saudade, com copos de vinho tinto, gargalhadas sonolentas, corpos jogados pelo chão do quarto, demasiado pequeno para todos os que se acumulam lá, sem vontade de separação.
combina-se uma última visita a Inês.
percorrem-se os seus antigos recantos secretos, cheira-se o ar e a estranha paz que ali penetra no corpo. e toca-se nas suas lágrimas, no meio do silêncio de um jardim que a viu amar.
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e descansa-se nas raízes centenárias de uma figueira que seria pequenina no dia que a viu morrer...
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até sempre, posso dizer, minha nova amiga... e muito obrigada.
[fotos de ms]
revêem-se as marcações, no espaço novo, que por duas noites é nosso. brinca-se, de alma leve e cansada, sem deixar passar as horas impunes de sorrisos.
depois, é o espírito de Inês que chega.
estamos na terra dela, no local onde mais amou, onde a sua vida foi mais intensa. e sente-se. e depois passa-nos na pele o arrepio da entrega total. e as vozes lançam-se ao céu, rebatidas numa muito má acústica, os gestos fervem como nunca, em defesa de quem nos deu a alma e a história para contar.
tremo. acabou. não quero largar a mão do rei, imploro por mais um pouco. porque não? é o último dia? não me posso salvar, só hoje? e o principezinho, o Guinho, que se perde comigo ao colo, inerte, impotente, entre soluços desconsolados porque perdeu a sua Inês. e não renascerá no dia seguinte.
no final, ficam as vozes falhadas, a dicção traída pela emoção, que sai descontrolada, entre soluços de real sentimento. e da ficção faz-se realidade, porque não é possível distinguir os dois. porque a saudade já é muita, e apesar de se sofrer sempre, de se acabar cansado e abatido, a paixão é maior, e as palavras são pequenas para o peito tão cheio que transborda pelos olhos.
a noite corre devagar, de mãos dadas com a saudade, com copos de vinho tinto, gargalhadas sonolentas, corpos jogados pelo chão do quarto, demasiado pequeno para todos os que se acumulam lá, sem vontade de separação.
combina-se uma última visita a Inês.
percorrem-se os seus antigos recantos secretos, cheira-se o ar e a estranha paz que ali penetra no corpo. e toca-se nas suas lágrimas, no meio do silêncio de um jardim que a viu amar.
e descansa-se nas raízes centenárias de uma figueira que seria pequenina no dia que a viu morrer...
até sempre, posso dizer, minha nova amiga... e muito obrigada.
[fotos de ms]
Comentários
Espero que a mudança de ares te tenha feito bem *
Beijo, B.