abafe-se parte da culpa em dois dedos de boa prosa. que a outros, assim, nascem as espinhas bífidas, as escamas e as línguas bicudas. deixam um lastro de gosma e soltam veneno num hálito que existe somente para sufocar os pobres inocentes a cada gargalhada solta com sadismo. preto e branco. e mais nada. porque assim é mais confortável. porque a exclusividade de dores e sentires existe e, sem darmos por isso, agora é preciso autorização da SPA.
como é sabido, neste centro de escritórios funciona também uma das maiores agências de castings do país. há enchentes, vagas de gente daquela que nos consegue fazer sentir mais baixos e mais gordos do que o nosso próprio e sádico espelho. outras enchentes há de criancinhas imberbes que nos atropelam no corredor de folha com número na mão. as mães a gritarem hall fora "não te mexas que enrugas a roupinha" ou "deixa-me dar-te um jeitinho no cabelo ptui ptui já está"... e saem e entram e sentam-se e entreolham-se naquele ar altivo as meninas muito compridas e muito fininhas, do alto ainda mais alto dos seus tacões e com a mini-saia pendurada no osso da anca, que o meu patrão já diz "deixem passar dois anos que elas começam a vir nuas aos castings... pouco falta... têm é de vir de saltos altos... isso é que já não descolam dos pés!" bom, nesses dias aceder à casa de banho é um inferno. é que elas enfiam-se lá dentro nos seus exercícios de concentração preferid