sabes quando te revisitas e já não te encontras?
não sabes o que fazer de ti contigo.
as perdas têm sido valentes, as estocadas mais fundas. pensei que por agora a pele estivesse mais grossa, mas não. pensei que estivesse de pés assentes, mas há força nas pernas.
perdi o meu pai. perdi o meu chão.
espero por uma fase boa. em que esteja tudo bem, organizado. nem que venha depois outra ventania, mas um pedaço de vida em que tudo esteja no seu lugar. só por um bocadinho. mas não. as peças estão espalhadas, quando começo a arrumar umas, caem ao chão as do outro canto da vida. um empilhar de pratos num tabuleiro demasiado cheio, que não se tem oportunidade de ir despejar à cozinha.
até as metáforas me saem avariadas, já. tabuleiros de cozinha é o que me sobra.
isto são metáforas, certo?
é um padrão, o padrão caótico da minha vida, que tento desenhar em palavras que já não tenho.
quero despejar-me aqui mas não sei bem como.
os medos continuam, sabias? estão piores, diria, porque não são episódios que me arrancam da realidade de supetão. são uma presença estranha, murmurante, constante, ali atrás da orelha, que agora apita, a nova banda sonora dos meus dias. mostram os dentes a cada dor muscular, a cada desconforto, a cada gemido dos ossos, a cada turista imbecil, a cada condutor embrutecido. mas também a cada momento em que me permito estar bem. acorda, tique taque, vai acabar.
só quero pedir que parem um bocadinho, que me deixem organizar. se me deixarem um bocadinho, eu consigo tratar do que controlo. e o que não controlo que faça o favor de organizar-se também, que já chega de estar suspensa. é isso. suspensa no ar e de vez em quando deixam-me cair mais um bocado tique taque vais acabar.
que a vida nunca corre como planeado já eu sabia. que era um tiro completamente ao lado, completamente no escuro, completamente sem nexo, que te tira o ar até quereres adormecer e depois te larga só o suficiente para continuares acordado... não, não esperava.
mas não penses que desisto. estou a tratar-me. tenho de me fechar em bicho-de-conta apesar da culpa para lamber feridas e encontrar o meu espaço, só meu, sem vergonha, sem mais do que variáveis do meu caos interno. testar implementações de mim. eu sou a que dança. devagar, devagar, ponho um pé no chão e espero manter o equilíbrio até ao próximo passo. só não te apoies muito em mim porque posso desabar.
não sabes o que fazer de ti contigo.
as perdas têm sido valentes, as estocadas mais fundas. pensei que por agora a pele estivesse mais grossa, mas não. pensei que estivesse de pés assentes, mas há força nas pernas.
perdi o meu pai. perdi o meu chão.
espero por uma fase boa. em que esteja tudo bem, organizado. nem que venha depois outra ventania, mas um pedaço de vida em que tudo esteja no seu lugar. só por um bocadinho. mas não. as peças estão espalhadas, quando começo a arrumar umas, caem ao chão as do outro canto da vida. um empilhar de pratos num tabuleiro demasiado cheio, que não se tem oportunidade de ir despejar à cozinha.
até as metáforas me saem avariadas, já. tabuleiros de cozinha é o que me sobra.
isto são metáforas, certo?
é um padrão, o padrão caótico da minha vida, que tento desenhar em palavras que já não tenho.
quero despejar-me aqui mas não sei bem como.
os medos continuam, sabias? estão piores, diria, porque não são episódios que me arrancam da realidade de supetão. são uma presença estranha, murmurante, constante, ali atrás da orelha, que agora apita, a nova banda sonora dos meus dias. mostram os dentes a cada dor muscular, a cada desconforto, a cada gemido dos ossos, a cada turista imbecil, a cada condutor embrutecido. mas também a cada momento em que me permito estar bem. acorda, tique taque, vai acabar.
só quero pedir que parem um bocadinho, que me deixem organizar. se me deixarem um bocadinho, eu consigo tratar do que controlo. e o que não controlo que faça o favor de organizar-se também, que já chega de estar suspensa. é isso. suspensa no ar e de vez em quando deixam-me cair mais um bocado tique taque vais acabar.
que a vida nunca corre como planeado já eu sabia. que era um tiro completamente ao lado, completamente no escuro, completamente sem nexo, que te tira o ar até quereres adormecer e depois te larga só o suficiente para continuares acordado... não, não esperava.
mas não penses que desisto. estou a tratar-me. tenho de me fechar em bicho-de-conta apesar da culpa para lamber feridas e encontrar o meu espaço, só meu, sem vergonha, sem mais do que variáveis do meu caos interno. testar implementações de mim. eu sou a que dança. devagar, devagar, ponho um pé no chão e espero manter o equilíbrio até ao próximo passo. só não te apoies muito em mim porque posso desabar.
Comentários
depois de tanto
te deixo um beijo
nesta hora
um beijinho
e carinho