Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de agosto, 2007

hoje à noite

cine-lençol. filme projectado à antiga, num [para quem não tinha percebido] lençol. no meu jardim preferido. eu acho que vou regressar aqui ao Príncipe Real esta noite, trazer umas almofadinhas e uns agasalhinhos e ver o que me espera. às 21h. toda a informação aqui ... obrigada Público [o jornal]

da voz

para mim, há algo de tenebroso num estúdio de gravação. apesar de ser a minha casa quando faço os bonecos [e aí ninguém me pára], quando se trata de fazer música com a minha voz, parece que o meu mundo está a sofrer um tremor de terra. e os meus sons saem aos saltinhos. e não me salvam mezinhas, propolis, euphons, chás de perpétuas roxas, copos e copos de água ou exercícios de respiração. não me salva vizualizar-me sozinha no carro com o velho cd do Chicago aos berros e eu a fazer coro com a Zeta-Jones. é que ali ouço-me... e a fantasia vai ganhando forma, porque estou a cantar uma coisa meio Broadway, e já estou num palco escuro com uma cartola e com o follow spot em cima e o público está ao rubro e a minha voz sai densa e intensa e... pimba, a nota sai ao lado, não consigo fazer a ponte para o maldito - agudo - tipo - dedo - no - chamado - orifício. e então vejo as caras do outro lado do vidro duplo, vejo-os mas não os ouço e por isso penso logo que não têm mais nada para fazer qu

vela

isqueiro ou fósforo. cera. bruxinhas. vento e ventania por dentro. conversa de olhos nos olhos. assertividade. franqueza. fraquezas sem vergonha. depois o vinho, o brinde, a alegria, a verdade de um salto sem rede mas com vontade. revelações. revoluções. o meu corpo terá de reaprender a dançar. a minha voz terá de reaprender a musicar. a minha caixa de sentimentos terá de ser reaberta. hoje foi o meu último dia inteiro na janela com vista para o Príncipe Real. vou fugir. o vento não me levou com ele mas soprou-me um pouco de ar. enfunou-me as velas. vai-se devagarinho, de cabelos nos olhos. e braço dado com os amigos. obrigada a todos. não me deixaram cair. não vos irei desiludir.

ventania II

montagem a partir de fotos de espanta-espíritos depois da queda, os braços, doridos, que me agarram. sempre eles. pisca para a direita e agora não vamos para casa. hoje a terapia não será papel de parede. e o tempo arrefece e as árvores que também abraçam. a terra dos feitiços. segue-se o labirinto e deixo que quem conhece aquelas artérias nos navegue pelo sangue verde de asfalto e silêncio. aos poucos o encanto vai descendo, à medida que subimos. subir até ver as nuvens a cair. não pairam, rodopiam, entram pelos ramos e chamam. e ali não há sol nem calor neste pleno verão tão tremido. no reduto, no local secreto que me dás. está ali, como da outra vez, todo o meu estado de espírito. se antes havia luz, azul e vista limpa, hoje não se vê nada. o vento vergasta, uiva, puxa e empurra, faz de nós joguetes de vontade, que sim, chegarão lá acima só porque querem ou seriam derrubados num sopro. equilíbrio precário. frio e adrenalina que não dão espaço ao fraquejar da carne. rajadas que nos c

sorriso-tupperware

imagem montada por mim a partir daqui , com foto deste senhor alô? estou, estou aqui. não. não sei. vais ou voltas, adias e afinal tu não és bem tal e qual. mas eu aviso, prometo que aviso. apitou? sabes, é que há outras coisas em jogo e a tua saúde mental não entra na equação. cartão "saia da cadeia". pois, deve ser. espera. desespera. preocupaste-te? sentes-te ridícula, tanta pena tiveste, tanto medo de fazer mal, de tudo ser em cima da hora. medo de estar nas tuas mãos. deixa-me rir. esta história só pode ser tua. espera. mais logo. espera, agora só amanhã. garanto-te. nada garante é que valha a pena. até foste melhor mas não vale a pena. sentes-te ridícula? queria ser daquelas que não deixa margem para dúvidas. mas devo ter uma margem. dessas das dúvidas que todos têm, que tudo é diferente no que toca a ti. não és suficiente. nunca foste. isto é estranho, nem sei o que pensar. como me devo sentir? não sei. ah não? pois, temos pena. ao menos isso, temos pena, podiam dizer

ventania

saio em reboliço e lá fora o tempo azul brilhante parece de acordo comigo. rebelam-se folhas em círculos, pairam sacos de plástico, o meu cabelo já acompanha a dança. o vento levantou vôo. está a estender-me a mão. são noites brancas, a preparar as asas. tenho medo que estejam enferrujadas, tenho noção do agora ou nunca, entre o desespero de querer fugir e o terror de já não saber como se faz, espero ser forte e conseguir apanhar a próxima rajada. não quero magoar os teus braços com uma nova queda, nem desiludir o vento que me espera. acima de tudo, quero saber que ainda consigo voar. imagem de Maria Flores e Fernando Figueiredo, resgatada daqui

granada sem cavilha

o telefonema chegou. e pôs-me entre a espada e a parede. interrompo neste momento a emissão para um escarcéu vergonhoso de auto-comiseração porque é que comigo tudo é assim? porque é que as coisas me saem das mãos e me chegam feitas ultimato, e me obrigam sempre, sempre, sempre, a fazer o que não quero? não se pode fazer isto às pessoas, eu não sou assim, eu não funciono assim. não quero maus ambientes, não quero que me olhem assim. outra vez não, não tenho forças. porque não têm razão. eu não quero que seja assim. mas nunca vão saber isso porque o que é, é o que aparece. pensa em ti, pensa em ti, lixa-te nos outros. não. pois. sim. terá de ser. não posso rebentar mais comigo. e agora tenho na mão a granada sem cavilha e só tenho de escolher para onde a atiro.

agulhas de crochet

são pequenas rendas de imagens, que me surgem à velocidade dos dedos da minha avó a fazer crochet, com aquela agulha retorcida na ponta e gestos hábeis de quem se esquece da idade no passeio pelas linhas brancas. era assim que me aparecia aquela dança e eu muito atenta aconchegava os óculos de massa cor de rosa - éramos tão pirosos nos idos 80 - na cana do nariz e absorvia o "vês, é assim, passas por aqui e dás a volta" e eu de língua de fora passo por aqui e dou a volta. depois é a minha mãe, agora aprendo a fazer malha, e o barulhinho suave das agulhas que já não são retorcidas a roçarem uma na outra e a lã a queimar-me o pescoço porque me entusiasmo e vou por ali fora até quase estar enforcada na minha obra de arte que nunca chegará a ser mais que um semi-cachecol preso a um pau de metal. assim se desenroscam os novelos da minha ideia, maldita a hora em que o homem e a mulher são animais racionais, só pensam quando não devem, no que não devem, eu, animal racional com fanta

na alegria e na tristeza

esta manhã, a caminho do trabalho - uff, ter ataques de choro logo de manhã é chato. fica-se sem forças e ainda nem começou o dia. - mas limpa-te a alma. ficas mais leve. hoje pelo menos estás mais animada que ontem. - achas? - sim. ontem estavas com cara de gases.

connect the dots

imagem de Quino , obviamente. acordar todos os dias com o nó na garganta. deitar todos os dias num pleno vácuo de força anímica, esgotada em ansiedades. entre cá e lá, não me encontro em lado nenhum. um lápis, de carvão macio. que me junte, finalmente, os pontos. transforme as reticências em linhas sinceras. e me trace os caminhos na palma da mão. eu depois preencho os espaços com tinta da china e aguarelas de cores vivas. I'm Jack's inflamed sense of rejection

bajji

não tenho por costume fazer posts ambientalistas, excepto quando me chateio com o trânsito. mas hoje ouvi na rádio que o golfinho branco desapareceu. assim. não há mais. morreu o último, no prato de algum chinês que não gosta de chop suey de galinha. ou de crepes de vegetais. ou de arroz. e aquilo fez-me impressão. doeu cá dentro. não sei se, por achar muita graça a esta espécie, a coisa não me terá afectado ainda mais, confesso. o que importa reter é que os golfinhos brancos andavam por cá há 20 milhões de anos. e um senhor predador, mais jovem do que todos os outros predadores dos golfinhos brancos, conseguiu acabar com eles sozinho. e por puro e simples capricho - não foi de certeza por não ter mais nada para comer... por acaso o senhor predador até é omnívoro. apesar de pensar que tento dar o meu pequeno contributo para aguentar este nosso mundinho por mais uns tempos [carro "verde" e utilizado só em casos de real necessidade, reciclagem, sistemas de poupança de água, ban

sweet fifteen

segundo este teste , tenho um corpinho de 15 anos e vou viver até aos 86. isso explica muita coisa, inclusive a medida do soutien... eheheh através do caríssimo frutos de sombra