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Mensagens

A mostrar mensagens de julho, 2008

o homem, o gato, e o bicho mau

gato foge. dono pede ajuda. vizinho homossexual prontifica-se e resgata-o. dono vê vizinho com o gato. dono pensa que vizinho não salva gato. dono pensa que vizinho sodomizará o gato. dono pensa que pela sodomia vizinho homossexualizará gato. dono dá tiros no vizinho. dono não acerta no vizinho. dono acerta na vizinha. stop* *via ondas marklianas

sic mulher

entalado entre os anúncios a detergentes e desodorizantes, deparo-me com um "new look", à laia de extreme makeover dos pobrezinhos, em que um senhor cheio de não-me-toques que nunca esboça um sorriso porque enruga, aplicou uns reflexos acobreados foleiros tipo anos 80 e cortou 2 cm às pontas do cabelo da mocinha. isto depois de lhe aplicar um champôm intense repére . outro, mais simpatiquito, aplicou à Carla [a mocinha] uma sombra nos olhos, enquanto dizia: "agora aplicas com a esponja assim, queres ver? fecha os olhos" a consultora de moda - a.k.a dona de uma loja ali no Fonte Nova - sugere à funcionária pública [ou será estagiária, ou será reciba-verde?] do IPJ um versátil... vestido de cocktail beringela, um casaquinho de malha com apliques de pérolas e umas sandálias de salto agulha prateadas para a mocinha levar para o trabalho. como alternativa tem sempre umas alpercatas com sola de cortiça e vime de salto compensado. e a Carla diz que se sente muito bonita.

sim

tenho dias. e aí questiono-me. se será sensato tanto instinto. tão pouco estudo das coisas, tão pouca dissertação. tão pouco pretenso pretensiosismo. se de tanto apreciar o que é simples não me tornarei simplória. nunca fui disso dos estudos. não fui de debitar nem dissertar. tinha de perceber. simplesmente perceber. o sentido, único ou não, mas o meu, o que lhes dava, o que me davam. era disso que eu gostava. saía-me assim. saía-me sempre. e depois, claro, cansou-me. e foi assim. foi por isso que voltei ao que gostava. dos bonecos e não dos rótulos. para falar, saboreio. é que bastam-me as palavras. em vez de pensar, cheiro. em vez de medir, abraço. em vez de olhar, mergulho. não hei-de eu ser chanfrada...

big band

Glenn Miller - imagem tirada daqui ontem à noite estava uma big band no Rossio. podia comentar aqui uma série de defeitos que encontrei, especialmente na falta de profissionalismo e humildade de algumas pessoas. mas o poder daquele som, da harmonia de metais, contrabaixo, bateria e piano, o fumo do cigarro, o arrepio constante e a lua. a viagem no tempo incomparável. a saia-suspiro ou bem travada. e o risco nos olhos. a boquilha, as luvas, os saltos altos. cada vez mais estou convencida que nasci na época errada... ou que vi demasiados filmes em miúda...

acordaste, Lisboa?

tenho-me queixado frequentemente que a Baixa está moribunda. por falta da dedicação de... todos. falta-lhe uma pulsação própria fora do horário de expediente. falta-lhe gente que a viva. e também me queixo das pessoas, da apatia, do comodismo, da falta de vontade de sair dessa modorra que assola tudo e todos. da mania de se queixarem e de não se mexerem para fazerem o que querem. da incapacidade de se unirem no que realmente interessa. da incapacidade de se levarem menos a sério e de se entregarem mais uns aos outros. ontem ouvi falar nisto . já conhecia algumas iniciativas dessa maravilhosa arte urbana do improviso com multidões, da espontaneidade deliberada em cheio na testa do quotidiano, a que se chama flash-mob. e quis fazer parte. armada em agente infiltrada, com o rádio sintonizado na antena 2 e uma câmara na mão, fui ver como era. e dei por mim submersa. e soube bem. soube bem porque à minha frente eram velhos e novos, deitados no chão a ouvir as trepidações dos passos. deitado