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algo

algo denso, escuro, escorre nas paredes. acumula-se de baixo para cima, espessando as paredes que incham na direcção uma da outra. algo crepita, vago, ao longe, uma cacofonia desencontrada, desconcertada. vai-se calando devagarinho, desaparece como aquela baforada de fumo no peso de uma manhã fria. é a sensação que fica. um eco, talvez. bata-se na parede e regressará talvez um sopro. pingado. não vale, assim não vale, é preciso barulho e já não há voz. desde quando é preciso nadar para se ficar seco? e quem gostava de, uma vez, ficar quieto?
uma medida. de quantos passos se faz a claustrofobia. já se medem a dedos, não passos. seriam polegadas, eventualmente, no sorriso irónico de quem cá passa.
e de quantos passos se faria o abraço. esses são largos, com botas de sete léguas. afastam-se. pois. afastam-se e o algo escuro e denso escorre goteja agarra-se e fica. já esse, fica.

outro sorriso irónico.
afinal, o abraço é a cura para a claustrofobia.

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