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Mensagens

A mostrar mensagens de outubro, 2004

FDS Prolongado...

Esta 6ª feira, toda a gente à minha volta planeava o belo do fim-de-semana prolongado. "E tu, que vais fazer?". Eram as perguntas animadas de quem às vezes não se apercebe de realidades paralelas bem menos agitadas. Viagens, malas feitas, pressa para sair do escritório, telefonemas, vêm-me buscar, não sei onde é o encontro. Hot dates, ou viagens em grupo ou simplesmente uma data de encontros com amigos para actualizar o álcool no sangue. Reponho o sono, apesar de saber que 3ª feira já volta tudo ao mesmo. Acordo, aqueço o almoço. Vejo séries na cabo. Fumo. Janto fruta. Vejo um filme que já tinha visto no cinema. Conversa de circunstância com os pais, afinal a vida é bela nesta redoma que inventaram e onde nos querem manter à viva força. Vou à net, mas até mesmo os habituais 700 mails de colegas foram de férias. Não há contacto com o exterior. Fumo. Acabo um livro que me emprestaram. Era muito bom, obrigada. Adormeço. Acordo com ainda mais dores musculares. Mudou a

Pastéis de Nata

Noite. Chuva. A potes. Começou a tamborilar no carro. E lembrei-me de como gostava de andar à chuva, em miúda. Há certas alturas em que a alternativa é mesmo essa. Ser miúda. Saí porta fora (tranquei o carro, ah pois, sou doida mas não sou maulca), tirei o tal boné azul e pus-me de cara para a chuva, de boca aberta, língua de fora, a beber as gotinhas. Saltei nas poças, encharquei-me. Apetecia-me ir para casa tomar um banho de espuma, mas, com a roupa e o cabelo colados ao corpo, entrei numa pastelaria. Estava com ar de arrumador de carros. Sentei-me e bebi um chá quente e ataviei-me de pastéis de nata.

Lua

" A lua desapareceu por completo na madrugada de quinta-feira. A noite tornou-se escura e envolveu a Europa, a África e a América, num eclipse total. O círculo lunar criou um verdadeiro espectáculo cor-de-laranja. Os portugueses que perderam este fenómeno, devido à nebulosidade só terão oportunidade de o voltar a observar em 2007 ". [DN, 29.Outubro] Porque é que a lua só é digna de nota quando desaparece? O seu espectáculo, quanto a mim, é a sua presença diária, no céu e no meu imaginário, bem como no meu quarto. Companhia infalível de cada noite, de cada km de estrada. Confesso, às vezes até desligo os faróis do carro para ver o asfalto pratear. Ela não me abandona. Sempre lá, com cara de riso. Se influencia marés, porque não influenciar as pessoas? E pouco me importa que ilumine as noites românticas dos casalinhos borbulhentos clichés. Aproveitem-nas. Ou não. Ilumina as noites de quem precisar dela. De quem a quiser receber. E eu sou lunática por excelência.

Jobs

Tenho um emprego giro... Não é o meu trabalho do coração, mas ponho o coração neste trabalho também. Gosto de poder andar por Lisboa, entre ruas estreitas, antigas, às vezes ensolaradas, às vezes molhadas e escuras, mesmo ao pé do Rossio. Gosto da Calçada onde está o meu escritório, gosto que o escritório esteja num último andar, de cuja janela se vêem os telhados de Lisboa antiga e se adivinha o Tejo. Não gosto tanto de ter de subir tudo a pé, íngreme e comprida como é, fumadora e preguiçosa como sou. Gosto deste mini-bairro, onde às vezes há porrada, nunca se consegue arranjar lugar para estacionar porque um velhote gosta de estar num canto da estrada a ver os carros passar e não os deixa parar ali... E um bêbado canta o fado ou assobia alguma melodia melancólica. No restaurante-tasca onde vou, que já não suportamos pela repetição dos pratos do dia, há um senhor simpático que me tira as espinhas do peixe. E pode-se acertar o relógio por um grupo de miúdos pequenos que sob

Tempestade

Começou agora. Andaram a ameaçar com ela todo o dia, cheguei a pensar que era mais uma partida deste nosso governo tão travesso (agito o dedo espetado no ar, arqueio a sobrancelha, e faço tssc tssc)... A assustar a minha mãezinha... Coitada, bem que ela me pediu hoje para eu ir com cuidado para o emprego... Tentando confortá-la, disse-lhe "Tem calma, eu digo ao senhor condutor do metro que mandaste dizer para ele ter cuidado..." A chuva começou a sapatear na janela do sótão, depois já não era sapatear, era mesmo aos pontapés... e o vento foi subindo de tom e tornou-se um uivo. Parece que o telhado vai desta para outra daqui a nada... Sempre tive medo de tempestades... E ao mesmo tempo fascinam-me. Desde miúda. Mas ser miúda era um luxo, não era? Qual Playstation, qual Pokemon, qual Quinta dos Fanhosos! Eu queria era ir para a rua esfolar os joelhos na minha praceta! Roubar "giz" nas obras e desenhar a macaca, onde saltava toda a tarde. Beber chá

Batalha

Foram meses exaustivos, em horário pós laboral, pós real, realidade virtual. Demos tudo o que tínhamos, pedimos emprestado o que não tínhamos, inventámos o que não nos emprestaram. Até o tempo. Investido em noites sem sono, olheiras e incapacidade de raciocínio. Esgotamento emocional era nova realidade e não só uma expressão pseudo-avant-garde... Discutimos muito... Oh, sim... De que maneira... Subimos paredes, já não nos podíamos ver à frente, mas voltámos lá todos os dias... E fizemos uma peça de teatro. Que eu queria há 3 anos... Esta história tinha de ser contada e eu queria fazer parte disto. E hoje chegou ao fim. Pisei aquelas tábuas, vivi aquelas vidas, trabalhei, suei, chorei, ri. É esta, a dádiva. É um trabalho de grupo. É o chegar todos os dias cansada do trabalho e ir para ali, carregar sofás, lavar pratos, maquilhar, vestir, transformar, levantar o queixo, esquecer a vida e dar o passo em frente que nos expõe. De repente acendem-se as luzes, ouve-se a

Metro

O rapazito estava sentado à minha frente, de frente para o vagão atrás de nós. De repente vejo-o levantar os olhos e sorrir timidamente. "Está-se a rir de mim... ok... o boné azul turquesa chama a atenção..." Não. Daí a pouco os olhos brilharam-lhe. Acenou. Voltou a fixar o olhar no chão, mas de vez em quando levantava-o, hesitante. E sorria. E brilhava. "Levanta-te. Sai na próxima estação e muda de carruagem. Vai... Força... Mostra que queres, ela vai perceber..." Mas ele ficou. E quando saí, ele lá estava... A torcer os dedos, de olhar baixo, as estrelas a caírem no chão sujo.

Amarelinhas

Ainda há pequenos recantos nesta cidade que me surpreendem pela sua simplicidade. Pelo facto de me levarem ao tempo da minha infância. Ao tempo da minha avó. Há um cafézinho na rua dos Jerónimos de portas amarelas. 3 senhoras e um senhor. Todos já entradotes. Houve uma altura em que lá ia todos os dias. O rádio velhinho num canto da sala está sempre na Nostalgia. Os guardanapos de papel enrolados em copos de galão. Lembram-se? Tudo é amarelo e branco. Como a cozinha da minha avó. E aquelas senhoras, apesar da idade, cheias de vida, com que enchem aquele cafézinho. Temos a D. Teresa, mais tímida e nervosa, mas sempre afável. A D. Lena é a das batatas fritas. Eu nem gostava de batatas fritas, mas ali são às rodelas fininhas, estaladiças, cortadas sempre por ela. De manhã, lá está ela a cortar as batatinhas. A D. Fernanda (outra coincidência, avó) é nitidamente quem comanda as hostes. Controla a caixa registadora. É uma mulher enorme, de cabelo preso sempre com aquel

Próxima Estação...

Alvalade . Roma . Areeiro . Alameda* . Arroios . Anjos . Intendente . Martim Moniz . Rossio . Martim Moniz . Intendente . Anjos . Arroios . Alameda* . Areeiro . Roma . Alvalade . Campo Grande** . *Há correspondência com a linha vermelha ** Há correspondência com a linha amarela Eu devia chamar-me linha verde... Verde fico eu, com o balançar do metro. Ultimamente fico um bocado enjoada. Mareada. Começa a fartar-me, este percurso. Várias vezes ao dia. Sempre igual. Caras de almofada de manhã, maldispostas e ensonadas. Caras apressadas à tarde, enervadas, epilépticas. Alguns risos dos estudantes (e dos putos em geral) quebram o gelo. Pouco varia... Às vezes tenho de ir por outra linha... Ou apanhar autocarros e o seu delicioso refogado, nestes meses agora " au vapor ", por causa das janelas fechadas... Pr'á loucura mesmo é andar no Cacilheiro. Aí não enjoo... estranho... Já repararam (ó multidão incontável de fiéis seguidores deste blog e da S

Falling Fall

Este tempo deprime-me. Fico mole, sonolenta, com dores de cabeça, sem vontade de nada. Tenho muito frio, mãos e pés gelados, estou sempre com arrepios, ando encolhida, espirro imenso e parece que os olhos me querem sair da cabeça... Credo, pareço uma velha... O problema é que não sei fazer crochet... Podia pensar... bem, agora ia era uma mantinha, uma caneca de chá quentinho, um livro... Opá, não! Ainda não. Isso é no Inverno, não é? Então e aqueles dias de Outono, brilhantes, em que me sentava na esplanada ao sol a ler um livro, a sentir o cheirinho das castanhas, trazido pelo vento frio? Pá, organizem-se! Não me digam que os senhores do tempo também fizeram greve! Ou será que não foram colocados?

Manhã

Estou levantada há mais de 4 horas... Porque será que o tempo de trabalho só começa a contar quando chegamos ao sítio? Anyway... Hoje estou sem carro, vim de camioneta com aquele típico cheiro a casa-de-banho-usada- perfumada-com-ambientador impregnado nos estofos-alcatifa. Na paragem apanhei chuva (vulgo molha...). Já atravessei meia Lisboa, como é meu costume. Já entreguei a primeira encomenda de turcos ao IST. Fui recebida por uma senhora muito mal encarada. Uma professora, claro. Tentei explicar-lhe: o metro avariou. "Pois, mas devia estar aqui às 8:20". Minha senhora: estávamos no metro, parou no Martim Moniz, abriu e fechou as portas duas vezes. Trancadinhos e aconchegadinhos lá dentro, ouve-se a voz do condutor... por motivos de avaria, temos de desligar as luzes . Trancadinhos, aconchegadinhos e às escuras, ali ficámos. Até o metro abrir as portas e eu voltar a sentir a minha pulsação. Saiu toda a gente, o comboio fecha as portas e arranca. Tivemos de esperar pelo

Filmes de Sempre

Não sei, eu considero-me eclética... Gosto de tudo um pouco e não nego à partida uma película que desconheço... Há quem me chame intelectualóide. Há quem me considere tão básica que não me convida para ir ao cinema. Curioso é que a maioria das pessoas tem mais dificuldade em aceitar as escolhas dos outros que eu... Agora... Ele há filmes que sim senhor! When Harry Met Sally: comédia romântica, lamechas. A Meg é e será sempre a Meg, assim... E o Billy a mesma coisa. Mas e a relação, o desenrolar, a banda sonora, a menina-mulher que ela é, o orgasmo no café, a autenticidade dele? "- You made a woman meow?!" "- Waiter, there is too much pepper on my papprikash" "- When you find that you want to spend the rest of your life with someone, you want the rest of your life to start as soon as possible!" "- You see? That is just like you, Harry. You say things like that and you make it impossible for me to hate you!" Cidade de Deus: vi

Lei de Murphy

O Murphy é um dos meus melhores amigos, um conselheiro de primeira. E quase se poderia considerar um visionário... Pois todas as situações estão previstas na Sua Lei... Basicamente: o que pode correr mal, correrá mal. Explicitamente: Loja do Cidadão.

A minha irmã

Conversa no café, esta tarde... O meu pai: - Ouvi dizer que o João Santos vai doar um Stradivarius para ser leiloado e arranjar fundos para uma casa de repouso. A minha irmã (preocupada): - Só espero que não seja a do Colombo... ...

Despiste

Estou a tremer. Estou sem sentido e o meu corpo dispara em todos os sentidos, à dúvida. Ontem ia-me despistando no carro. Descida de asfalto molhado, curva e aí vou eu. E está a passar-me essa estranha dança com o destino pelos olhos outra vez. Não há melhor descrição possível para este meu dia . Não sei como segurei o carro. - Seguraste o volante com as duas mãos, meteste a segunda e não puseste o pé no travão nem tentaste compensar a direcção. (lado racional dixit) Claro, claro... Até um carro enlouquecido consigo controlar. Estou na dúvida se consigo ou quero controlar a minha vida. Está em despiste. Estou em queda livre. E não tenho rede. Não tenho... rede. Quero cair de uma vez. Pela primeira vez na vida. Ou então que venha uma mão e me estenda o polegar, para eu me agarrar. Mas já... Por favor... Não cheguei a tempo nem o tempo me chega. Estou dormente. A minha mente adormeceu, o meu coração adormeceu, a minha coragem adormeceu... A minha esperan

Religiões

Hoje acordei, e, como tive a sorte de não ter de ir trabalhar de manhã (sou tão competente), acendi a televisão. Grande erro... Lá estava, em 3 dos 4 canais (porque eu aqui não tenho cabo) a bela da procissão das velas. E naquele único que não estava a passar esse directo, era um desses fabulosos programas da manhã... SOBRE Fátima. Ok, sou agnóstica mas respeito a religião de cada um. Agora o que me parece é que a televisão não está nessa onda... Quer dizer... TODOS os canais pegaram nessa linda temática que é o dia em que o sol dançou no céu. Está claro... Somos um país católico. 'Tá bem, eu percebo isso. Mas já foram passear pelo Martim Moniz? Uma mistura inacreditável de pessoas, raças, cores, roupagens e cheiros... Acima de tudo... uma mistura fantástica de religiões. Devem estar a pensar: esta gaja não regula... Então o Martim Moniz... Esse antro de pobreza e assaltos. Pois. É verdade. Mas pode olhar-se com outros olhos. E sentir o cheiro a caril e a temperos e a

porquê, meu deus, porquê?

Apeteceu-me aderir aos blogs. Sempre achei que dos blogs só podiam haver dois tipos: Ou criados por pessoas que achavam que iam fazer grandes dissertações sobre a vida e que alguém se daria ao trabalho de as ler (amigos excluídos, que esses fazem sempre o favor). Ou criados por pessoas com uma grande veia artística e realmente algo de importante e mesmo acutilante a dizer. Conheço exemplos de ambos. Ora porque é que eu aderi aos blogs? Porque é fashion? Porque me queria sentir integrada, e tendo um blog, ia ter mais um assunto de conversa à mesa do café com os meus amigos cultos? Porque tenho tanta cultura e capacidade argumentativa que faltava mesmo um sítio onde publicar a minha genialidade, os meus comentários arrebatadores, as minhas verdades universais? Não... Apeteceu-me, que dizer? Assim uma coisa louca, rebelde, pá! (ler com entoação treca-treca) F iz isto por mim. Não posso fazer muito mais, ao menos vomito disparates no teclado... (a imagem que me surg