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três mil e sessenta e nove quilómetros, quarenta e cinco horas e quinze minutos de estrada.
cinco etapas, ao longo de quinze dias.
o asfalto comprido, os ventos, os cheiros, os mosquitos, os ataques dementes dos condutores espanhóis, a curiosidade por uma casa caber em dois pares de alforges e em sorrisos felizes apesar da distância.
uma pequena cidadela com uma praça curiosa, rodeada de história e um teatro secular, o mais antigo da zona ibérica. igual ao que era, tratado como devia ser. o primeiro café-bombom e catalana do itinerário.
os caminhos de Dom Quixote. e um só moinho.
a aldeia perdida na montanha, a casa no campo, a praia, o descanso, a família, as guloseimas, as agua-cebadas, os percalços, a aflição e a determinação em seguir caminho. os picos, a areia. rincón de santi. a entorse. o mar da minha infância, ainda quente, ainda turquesa. vambú. noche hache, caiga quien caiga. breathe. crisis-is de celulitis-is. gilipollas!
a primeira metrópole do caminho. um sorriso às sardas no meio das árvores, o duche frio, as dores nas pernas, nos pés, o pensinho com bonecos, Gaudi, antiguidades, o apelo consumista, recordações, noites de gargalhadas em segredo, à luz da lanterna numa Sintra inventada. tão perto. daquelas vielas com música em cada esquina. tango no meio da rua. já mencionei Gaudi? a minha saia nova. assobios.
última paragem. no centro do centro do centro. o design e as bagagens. o sono vigiado por Lorca. de mãos dadas pelas ruas, a cinco minutos de tudo. descer o Prado, subir Van Gogh, descobrir Estes. as praças, as arcadas, o mundo parado ás quatro da tarde. o calor, as cañas e barrigadas de Fatigas del Querer. contas saldadas com um certo bar de jazz onde finalmente entro, tantos anos depois. às vezes é preciso passar o tempo certo para tudo fazer sentido. finalmente estou.

três mil e sessenta e nove quilómetros, quarenta e cinco horas e quinze minutos de estrada.
cinco etapas, ao longo de quinze dias.
tanto sorriso, tanto, meu amor.

venho pela presente solicitar a beatificação dos meus quartos traseiros.
com os melhores cumprimentos

Comentários

espantaespiritos disse…
contra tudo o que parecia dizer que não nós fomos o sim desta viagem.
tá feita.
venham mais outras.
ou pensas que uns meros três mil e sessenta e nove quilómetrozinhos dá para canonizar os teus quartos traseiros por muito divinais que sejam???? hum? :p
polegar disse…
gilipollas! :P
espantaespiritos disse…
podia usar algumas expressões que aprendi na noche h mas achoq ue te suspendiam o blog por ter expressões pouco próprias para um comunidade bloguistíca.
polegar disse…
o quê? aquela palavra começada por in e acabada em able que tem um c no meio? :P

páras de me fazer rir à gargalhada no local de trabalho? estou deprimida, lembras-te? ;P
Simão disse…
3069 km de saudades de de ler os vossos posts.
Boa sorte para o regresso à vida dura!

P.S. essa dos km acabados em 6 e 9 foi de proposito?
pinky disse…
que maravilha de viagem, voltaram de alma cheia, verdade? coooooool! WELCOMME BACK!
MPR disse…
Ai mujer, que tanto... E não estejas deprimida, apesar de tudo ainda há uma ou duas pessoas felizes por terem voltado! ;P
polegar disse…
simão| já estamos de volta, e fadados aos posts enquanto não voltamos à estrada... o que vai tardar... :)

pinky| alma cheia, e vontade de partir. cada vez mais durante mais tempo... quanto mais conheces dos outros sítios mais complicado é encarares certas realidades por cá. no entanto, tudo é lindo para os turistas, né? bem, deixemos passar a ressaca ;)

MPR| uma ou duas? ena pá! :P
colher de chá disse…
o sorriso das sardas no meio das árvores diz-vos que nessa cidade bonita, ficarão para sempre gravados os assobios a coxear, as idas ao WC do Macdonalds, as lojinhas tentadoras, as gargalhadas em videos feitos de lanterna na mão, os gritos debaixo do duche gelado, a tortilla de patata. O susto do rapto na autoestrada. Os pequeno-almoços feitos de Gaudí. A amizade. Pura e dura sem ais nem uis.

podemos repetir?
polegar disse…
colherzinha: cuando quieras! (assobio) ;)
Madame Pirulitos disse…
Aiiiii. É sempre tão bom vir aqui. Mesmo que cada vez mais espaçada a visita. Que delícia de viagem. Como sempre. Como todas. Con(m)vida.
polegar disse…
macaso querida, tens feito falta por aqui. volta mais :)
Tempo de Viajar disse…
Penso que se justofoca dizer "de puta madre"! Ou como se diz por esta bandas "padre"!
intruso disse…
uau!

apesar dos mosquitos... lindo!

[viajar mesmo]


bj
polegar disse…
tempo de viajar: justifica de tal forma que tenho um postal de lá a dizer isso mesmo eheheh

intruso: tanto quanto possível. sabe sempre bem uma aventura extra-nacional! lol

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