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Mensagens

A mostrar mensagens de outubro, 2007

goodbye my monochromatic friend

entraste-nos pela vida adentro assim de repente. um dia, de manhã, numa casa ainda meio inventada, meio improvisada, tecida aos poucos num terceiro andar, ouvia-se miar em plenos pulmões. abrimos a porta e nem pensaste duas vezes. entraste de rompante e encolheste-te a um canto. ainda guardamos os cartazes que não afixámos a perguntar de quem eras. evidentemente quiseste ser nossa. pinguim. porque sim. porque eras uma monochromatic friend com um ar apatetado. e pronto, seguiram-se os pêlos, os espirros, o acordar contigo em cima do ombro com um ar maquiavélico, as tuas marradas assassinas, o teu miado desesperado quando te cheirava a carne crua, o teu ar patusco quando nos olhavas, o teu constante ronronar de britadeira, os teus saltos cómicos quando nos mexíamos, a tua atracção fatal pelas minhas botas de trabalho ao fim do dia, os teus berreiros nas manhãs de fim de semana, a tua mania de quereres subir para o sofá, a tua paixão pela tenda azul três meses depois de ta comprarmos, o

animais - post com palavrões

um filho da puta com pretensões a artista de merda resolveu fazer a seguinte exposição / performance-instalação / peresfíncter como gosto de lhe chamar: perseguiu e capturou um cão vadio doente [o que justifica tudo], prendeu-o num espaço, perante uma parede onde se lia a frase "és o que lês" escrita com comida de cão. o bicho [o cão] morreu de fome ali. como forma de arte. o punheteiro intelectual chama-se Habacuc. os que permitiram a exposição não sei, mas gostava de saber, para fazer uma petição para lhes fechar a loja. assim como ir a casa de quem pagou bilhete para ver isto com um pau bem grosso e... bem. o cão está morto, não há nada a fazer sobre isso. resta apenas uma petição para que não o deixem participar na Bienal Centroamericana Honduras 2008 . é o mínimo, não? soube disto pelo blog da Manel , e lá encontram links para imagens da coisa. eu recuso-me a divulgar mais esta merda, apenas apelo a que assinem a petição.

a vedeta

simples. eu sou simples. protagonista dos meus filmes, bem disposta e efusiva quando o vento me corre de feição. mas claro, conhece alguém que o não seja? se sim, mente. e que divertido é, arranhar as paredes dos dois lados a ver qual cede primeiro. mas claro que cede. acabam sempre por ceder. se souber fazer as coisas, obviamente. surjo assim sem se dar por ela. por mim . uma comichão que se tenta ignorar mas que saltita de vez em quando. acabarão por ter de coçar . vai-se devagarinho em discreto. como as cicatrizes que se queixam do tempo. oh, lá estás tu dor, ainda não te foste embora? não, ia lá agora se aqui estou tão bem. sou assim qual doença urbana, rastejante, temperamental e fulminante . com paciência e olhar cínico perdão, clínico. se não espirra, há-de tossir. eu tenho é de saltar cá para fora em tcharã. andar assim modestinha e encolhidinha, ai de mim , até deitar a unha bem arranjada de fora. com um inocente relampejar de pestanas que por acaso atordoa. já se sabe:

é ali

que no momento antes de tudo está escuro e não sentes nada mais que pequenos arrepios dormentes. que tudo te passa pelos olhos sem te recordares exactamente do quê. então abres caminho e as luzes. e o frémito de queres mais e mais, de tomares conta daquilo, e de aquilo tomar conta de ti. choques eléctricos. passam a voar, arrancam-te a pele que sobra e levam-na para fazer casacos. estás ali em carne viva, o sangue a escorrer pela madeira gasta. e uns olhos vagos postos nos teus, no que dizes, no que mexes, na voz que dás. cuidado para não pingar, não te podem ver a esvair em sangue, enquanto tentas agarrá-lo o melhor que sabes. não podem ver que carregas também essa tua aflição do sangue na contagem decrescente para voltares ao escuro. só te podem ver a ti, brilhante e fugaz, nessa figura triste de sorriso contente. e tudo não passa agora de uma penumbra, de um fumo de cigarro pós-coital que já foi consumido antes de entrares nessa modorra cansada, alagada satisfeita. olham para ti com

gentes : ligue os três pontos com linha azul

passo largo ritmado de passeio. shuffle no leitor na lateral ainda bate o sol. fatos novos, linhas sóbrias, tailleurs, lencinhos ao pescoço, stilettos, preto, azul escuro, cinza, malinhas de mão. apanhados práticos, escadeados, brincos pequenos. verniz rosa transparente, manicure francesa. laptops. PDAs. alianças. agendas. a amiga de rabo de secretária em dieta, a amiga magra com o pastel de nata. argolas, fivelas. pilates. já viste o meu telemóvel novo, já ouviste dizer da Isabelinha, não sei que faça àquele miúdo. ângulos rectos, narizes para o céu, movimentos angulosos, direitos, directos. cheira a laca, a loção de barbear, Chanel, bmw. a primeira sapataria barata. atravessar para a sombra. calças de pinças coçadas nas bainhas, saias largas e turbantes. chinelas e saltos compensados. calças demasiado justas, pneuzito de fora, sapatos de descanso. sacos de compras com rodas. xadrez com riscas, meias de losangos, casacos de malha largos, xailes. cabelos lambidos, rabos de cavalos, raí

grumpf bah argh grrau

quem tiver o meu "Despertar da Mente" que se acuse. já não se pode ser querida e querer partilhar os filmes da vida... ó raça ingrata de amigos da onça... raisparta... obrigada, menina-limão , pela ideia. sempre se poupa em telefonemas. a ver se resulta ;)

petição - propriedade intelectual

porque neste momento são os artistas que estão na berlinda lá para os lados de São Bento. porque somos explorados por todas as formas e feitios, apesar de ninguém se parecer importar com o facto de não podermos ser oficialmente desempregados, mas eternos "entre projectos a recibo verde mas que têm de pagar segurança social na mesma" - e agora querem tirar-nos os nossos direitos de propriedade intelectual. porque muita coisa está errada e ao menos uma assinaturazita online não deve custar muito a fazer. deixo aqui o endereço de uma petição que pode ser do vosso interesse analisar e subscrever [ou não]. os artistas até são considerados intelectualóides e tudo. já que temos a fama, que continuemos a ter o proveito, não?

antes que se desvaneça

pode ser que não dure, mas as coisas boas são para se gravar. para tatuar e lembrar no que dão tantas dores e tristezas. que fique aqui registado, antes que as garras transparentes voltem a atacar-me, antes que outra praga caia sobre esta casa, antes que chova, antes que venha uma tempestade de areia sabe-se lá de que buraco, antes que o tapete volte a sair-me de debaixo dos pés. antes que porque há sempre mas antes de tudo, que se registe aqui um momento, um meu momento de sorriso rasgado, de felicidade extrema. um momento fútil, podem chamar-lhe. ou demasiado comum para tanta gente. mas é um momento como eu não tinha há mais de dois anos. como nós não tínhamos há mais de dois anos, em que contámos, pensámos, ponderámos, hesitámos e evitámos. hoje houve lágrimas e vontade de gritar que é para já. foi empilhar nos braços contentes. assim, sem olhar para o lado, sem pensar alto, sem perguntar e se hoje fomos à Fnac. e enquanto os Clã cantavam ao vivo, comprámos 3 livros, uma colecção de

notícias do outro lado

o outro natal o dia em que encontramos o cenário, os adereços, os figurinos pela primeira vez. nesse dia reinventa-se tudo o que se criou até agora, com o novo peso, a nova forma. solta-se a fúria nas tábuas velhas, desgastadas, com pouca alma para além daquela companhia que as habita seis meses por ano. aqui estou, a cantar em tons de blues sobre dentes podres... fotos de carina_menina violação em massa M., entre tantas outras personagens de uso exclusivo em brincadeiras entre amigos criou A Violada . pode parecer ferir susceptibilidades mas não é mais do que um disparate bem-disposto, com direito a caretas e risos, que vai coleccionando fotos de auto-violações nos sítios mais estranhos, nas oportunidades mais raras [e toda a gente se pode juntar a este movimento, é só mandar as suas fotos por mail...]. assim, no momento em que nos apercebemos realmente da figurinha que íamos fazer ao cantar sobre a pobreza no mundo vestidos de legumes, resolvemos entrar em histeria colectiva. e, clar

dois minutos

faltam para sair daqui. vou voando nas teclas brancas, a olhar para o monitor da maçã. o último post desta torre de marfim no centro daquela a que chamam petulantemente a cinecittà portuguesa. a ver o tempo escorrer e sem saber bem se me faz falta. o passeio dos cheiros, é o que me ocorre. primeiro das árvores frescas do jardim, do nevoeiro espesso que não apetece saborear, dos bolos da pastelaria, do cimento fresco da loja em obras, da serradura, dos ares condicionados, dos fritos logo de manhã. as pessoas: a senhora que treme, o japonês que pinta sempre as mesmas imagens, o sr. Oliveira do quiosque e as suas piadas com chávenas, a senhora indiana dos jornais de sotaque cerrado, os empregados doces do Doce Real, o bêbado com o cão, a velhinha com o outro cão velhinho, a rapariga drogada e o namorado arrumador, o outro arrumador de óculos e discurso ainda fluente, o brasileiro do restaurante onde há o melhor bacalhau à lagareiro da cidade, o moço do banco. e a minha janela. os cigarros

malas aviadas

é inacreditável como dois anos e tal de trabalho se resumem a um saco de plástico com meia dúzia de bugigangas lá dentro: caneca para o café que nunca bebi (porque a máquina foi deixada ligada e estragou-se - e uma nova era demasiado cara), copo para as canetas, dois isqueiros bem feios e pesados para não mos roubarem, o respectivo gás, canetas compradas para escrever o mais depressa e perceptivelmente possível, lapiseira e minas, cadernos e agendas escrevinhados de uma ponta à outra, cds com coisas que fui acumulando no computador, uma pasta que usava para produção "no campo", postais que eu colava na parede, uma caixa de madeira que já teve chocolates, os eternos recibos verdes, pensos higiénicos e uma caixinha de lata com aspirinas. debaixo do braço, se aguentar com tudo, segue um rolo com os mupis das peças que produzi. para amanhã fica apenas o último caderno. dois anos e tal arrumam-se nos 5 minutos que a colega tirou para ir à casa de banho. não contei com o nó na garg