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paralelismos politicamente incorrectos

devo ter sido das poucas pessoas que em vez de pegar no carro na sexta e só voltar no próximo domingo a casa [isto se não espatifaram o popó nas filas de sexta à tarde], peguei no popó para fazer os 15 km que me separam da junta de freguesia onde ainda estou recenseada, para votar. qual senhor bigodudo pega religiosamente no cachecol, nas bandeiras e na geleira que a Maria encheu de jolas e que vai, ao domingo à tarde - ou à quarta logo a seguir ao trabalho sem passar na casa da partida - para a catedral do seu querido clube, gastar o dinheiro dos livros da escola do mais novo.

devo ter sido das poucas pessoas neste pequeno bairro de subúrbio que ficou a roer as unhas até saírem os resultados da última freguesia, qual bêbado na tasca da esquina já no desempate por morte súbita, enquanto comentava de cigarro no canto da boca os discursos pedantes e desenquadrados daquilo para que foram efectivamente estas eleições, como quem comenta os comentários ao desempenho dos árbitros e os fora de jogo mal assinalados.

e fui com certeza a única pessoa neste pequeno bairro de subúrbio que, assim que viu finalmente as letras maiúsculas no oráculo da SIC Notícias, desatou aos saltos e aos berros como se tivesse ganho o campeonato. só não fui apitar para a janela porque não sou de apitos e a miúda do segundo esquerdo já estava a dormir.

eu sei, são todos uns aldrabões. eu sei, ganham muito e eu não ganho nada com isso. eu sei, não vêm para a porta do teatro com bandeirinhas só porque faço bem o meu trabalho. mas que querem? estava num dia sensível, sei lá.

para quem quiser saber como se portou a sua freguesia, a Comissão Nacional de Eleições está a falhar, mas no site da RTP dá para saber tudo certinho...

[agora aqui entre nós que ninguém me lê: deliciou-me encontrar no rosto de Manuela - apesar do seu impressionante discurso tão bem escrito - resquícios da ministra da educação que outrora conhecemos e amámos, à medida que a sua expressão ia passando de "pronto, vejam, também sou uma cota fixe, também canto PSD olé, desde que não cheire a couratos" para "vá lá agora a sério, essa franja serve para se lembrarem de quem são os vossos pais. e baixem os braços pelo amor de Deus" para "o António Variações - esse famoso ícone do PSD - deve estar às voltas na tumba", para "já me lembro porque é que não posso com menores de 40 anos", com as intervenções etilizadas da claque desembestada, perdão, dos jovens militantes que galhardamente lhe interrompiam o texto].

Comentários

espantaespiritos disse…
e não esquecer os olhos esbugalhados daquele jovem militante laranja que suava e se coçava como se tivesse a ressacar de mdma...
polegar disse…
dúvidas?! ;)

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uma música triste de Silence 4, uma balada doce de Lifehouse... o estado de espírito desta quarta feira. vou-me embora. por alguns dias, vou-me alhear do mundo. desta vez a redoma é minha. pegar no carro e ir. fazer-me à estrada. com destino marcado a vermelho no mapa, para uma despedida em grande. depois, logo se vê. vou poder descansar. a cabeça [das ansiedades], a máquina [que anda outra vez aos saltos], o corpo [fraco e dorido]. mas acima de tudo, vou poder ser. sorrir quando realmente me apetecer. chorar se e quando me apetecer. vai ser um fim de semana prolongado de apetecimentos.

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