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Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro, 2005

no camarim

há quem partilhe comigo visões de beleza (e sacrifícios...) que só nós é que sabemos... bem vindo à blogoesfera ;) diverte-te e escreve muito que é para nos purgarmos que as teclas cá estão...

panejamento

ele é um visionário com muitas décadas de experiência. é encenador e director artístico. estamos em leituras há 2 semanas e "os papéis ainda não estão atribuídos"... ahahah, me engana que eu gosto... só aqui o refugo é que não sabe bem como é a distribuição do texto. falta um mês e meio para estrear e não se decide com nada... só sabe que, como é hábito, quer muito panejamento... a produtora que arranje patrocínios a uma semana da estreia, porque por enquanto, as ideias são apenas desenhos no papel, masturbações intelectuais, megalómanas e passadas de prazo... mas tem a sua piada, tem os seus encantos... nós brincamos com ele e a senhora secretária de estado já o chama pelo nosso diminutivo... nokia by thumbelina

E15

nokia by thumbelina quando me sinto desfocada, obrigo-me a pensar que deve ser uma questão de perspectiva...

glamour fora do prazo

entre ensaios e produção, há que (expressão muito utilizada por aqui) produzir um evento especial, importante... convidados vip... glamour, essas coisas... tendo em conta que o espaço em si é bonito mas nota-se à légua a traça a esvoaçar e as carpetes remendadas, torna-se complicado... tendo em conta que é suposto a produtora ter uma listagem de coisas a fazer, um orçamento e organizar as suas tarefas, mas que depois o senhor director vai para casa pensar na vida e resolve à última da hora alterar tudo sem avisar em tempo útil, porque só chega ao teatro ao fim do dia... melhor... ou que não há mais ninguém para ajudar... pois... como nessa célebre frase, no teatro... "- it will all turn out well - how? - I don't know, it's a mistery"... correu bem, contra todas as expectativas e relógios... encheu-se de caras conhecidas, gente influente que normalmente não nos liga nenhuma, mas de bocas cheias de elogios e promessas, fotógrafos à procura da senhora

aliens

Ah... este é o meu assistente de produção... nokia by thumbelina tá tudo explicado, não tá?

boulevard of broken dreams

acordo atrasada, meu costume. arranjo-me e saio. está muito frio, mas está sol. pego no carro, ligo o auricular do telemóvel e o rádio, esse bom companheiro. faço-me à estrada. uns quilómetros depois, noto que há um banco de nevoeiro. mais à frente ainda, é o céu nublado que me espera. entro em Lisboa. carros e construções finas, os topos de gama de um país que não tem dinheiro para hospitais, reformas ou fomentar o emprego, mas gosta de estádios bonitos. sigo pela 2ª circular, entro numa estrada menos concorrida, com prédios altos e maltratados, de gente, e cito, "que não interessa ao menino jesus". whatever. mais abaixo, já quando se adivinha o rio, passo por edifícios muito antigos, quase ruínas, não fossem as cortinas nas janelas a evidenciar que ainda moram lá pessoas. não consigo evitar pensar como serão as suas vidas, idades, se terão frio, hoje está tanto... gosto de inventar as suas histórias, que não conheço, normalmente guardo-as para mim. já me julgam maluca o suf

I'm not crazy, I'm just a little unwell...

sem tempo para nada. de repente, cai-me o carmo e a trindade em cima. não se pense que vou ganhar dinheiro com isso, não senhores... continuo a mesma pé-rapada, mas ocupada. precisavam de produtora... arranjaram-me um papelucho no coro... interesseiros... e aqui a esfomeada lá aceitou. e cá estou, enterrada no teatro todo de pedra, fechada num escritório sem janelas, acompanhada pelos fantasminhas da casa. a tentar gerir um caos. a comer uma sandes por dia. depois desço as escadas e fico a ensaiar até às 2 da matina... não me tirem é as tabuinhas, não é? sou mesmo estúpida. isto é pior que a droga... ah, e a melhor... não fui seleccionada no tal casting que fiz... porque imitei o Ricardo Araújo Pereira bem demais! a administração mudou de estratégia publicitária, e já não queriam imitações... então fui excluída! positivo. os ataques de ansiedade amainaram, talvez porque agora tenho algo com que me preocupar. não tenho tempo para ataques. depois, quando voltar a pa

em pleno ataque de ansiedade

tento sentir freneticamente a minha pulsação. não sei do que é que estou à espera. se o coração tivesse parado eu não me podia mexer, estúpida. agora parece que está descompassado e a querer fugir-me do peito. não sei porquê. sei que dura há uns dias. acordo bem disposta e parece que está tudo bem. daí a bocado recomeça... já não tenho nós nos músculos. tenho músculos nos nós. só me lembro da madame Souza (Belleville Rendez-Vouz) a massajar o seu netinho... com um aspirador e um aparador de relva... é mesmo isso... parece que se sentaram no meu peito (do lado esquerdo, claro, para ser mais assustador ainda) e lá montaram acampamento. a solidão e o estúpido do medo de morrer. nunca fui assim. já me irrito comigo mesma. nunca tive paciência para hipocondríacos e agora tenho de aturar uma 24 horas por dia. nunca pensei que a alegria de viver e o medo de morrer pudessem estar tão estranhamente ligados...

sleeping in my car...

nokia by thumbelina no meio da autoestrada... é uma canção foleira dos Roxette... mas é uma frase que se aplica a uma forma de vida. um pouco a minha. este carro conhece-me há tantos anos... fui buscá-lo bebé à oficina, tinha uns poucos meses de carta (sim, ainda se vivia bem, nesta família. era suposto ser o carro da minha mãe mas ela tem medo de conduzir... temos pena ;) é bordeaux, ou vermelho vinho, ou lá o que quiserem chamar. lembro-me que não simpatizei logo com a cor. it's something that started growing on me (porque é que há expressões que só saem em inglês?). acabei por em certas alturas usar as unhas da cor da pintura... lembro-me que, no primeiro dia, tive medo de o conduzir. medo de o estragar. depois tornou-se o meu melhor amigo. ganhou logo um diminutivo, que nessas coisas sou terrivelmente foleira. é o jippy... e nos dias maus é o cabrão do carro. fofinho, não? foi comigo tirar o curso, dando um fim aos dias em que tinha de acordar às 5 da manhã para c

diário de uma wannabe

10:30 - acordar com um sms. pré-seleccionada para um casting. boa. 10:31 - casting???? 10:32 - ligar a confirmar. devo ter ganho mais uns pontos porque fui forçada a usar a minha voz de almofada, que a outra ainda estava inactiva. casting às 15:40. ok 10:33 - epá, peraí! tou inscrita nesta agência há mais de um ano e nunca me chamaram... mas que raio...? 10:35 - duche. 10:36 - AAHHHH! pera lá, eu coloquei lá a estagiar um dos putos de um dos programas da empresa onde trabalho/ei! isto de se ser simpática deve render qualquer coisa... fez-se luz! 10:36:45 - champô nos olhos, champô nos olhos... 10:45 - roupa...? ok, porreiro, agora gostava de me chamar Athina Onassis... 10:50 - gorda 10:55 - sem formas 11:00 - sem (o pouco) peito (que tenho) 11:05 - baixa 11:10 - marco horácio 11:15 - não tenho sapatos para dar com isto 11:20 - the hell with it! 11:25 - imprimir o texto que mandaram. pera lá, eles querem que eu imite na perfeição o Ricardo Araújo Pereira...

ressacas

não havia confettis. poucas pessoas, as suficientes para fazer barulho sem irritar ninguém. e uma miúda amorosa a quem se tentou roubar a mesinha. só uma pessoa levou música, pelo que se passa a noite toda com a mesma banda sonora. amena cavaqueira, comidinha da boa, leva-se uns bolos e uns sumos para ajudar. um dos fondues pega fogo. espera-se com a Júlia Pinheiro pela meia-noite, em cima de uma cadeira. grita-se, beija-se os amigos e recém-conhecidos, deseja-se tudo de bom. a miúda usa, finalmente, as tampas de tachos que trouxe consigo e que guardava religiosamente no sofá ao pé da janela. quando o ambiente amorna, e o efeito do vinho alivia, vai-se a outra capelinha, a casa da M., e joga-se trivial até se adormecer em cima dos cartões com as perguntas. passou-se bem, este ano.