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Mensagens

A mostrar mensagens de maio, 2007

raiva

há em mim dias de raiva em que sinto tanto e tão forte que fico assim com o peito como que entupido. de tal forma que não consigo dizer nada. assisto impávida. a banda a passar por mim mas a música não me chega. a dor escava-me em silêncio. a invisibilidade não é um super-poder. nestes momentos, entre um cigarro e outro, entre a vontade de desabar ou de partir tudo à minha volta, de berrar a plenos pulmões o que está por dizer ou simplesmente desaparecer, fico apenas assim, quieta, cara fechada, sentidos fechados. com medo que algo me toque e eu desafine. "amanhã não vais ter outro encanto"

do STJ

vamos lá ver se percebi . um homem tentou manter contactos sexuais com 4 rapazes. com outro, só chegou à conversa do "fazia-te e acontecia-te". conseguir, conseguir, foi com um miúdo de 13 anos, lá para o lado das Beiras. foi apanhado, preso e julgado. condenado a essa eternidade que são 7 anos e meio de prisão. ora tanto recorreu da sentença que o nosso mui nobre Supremo Tribunal de Justiça resolveu atenuar-lhe a pena. porque era uma criança de 13 anos e, vá, já é capaz de ter erecções. porque tinha 13 anos e não 3 ou 4, e violar uns e outros não é beeeem violar assim tal e qual. vá, é abusar. assim da confiança. com mais ou menos roupa, isso não interessa. não lhe bateu, não é? porque o senhor, coitadinho, já sofreu o suficiente com a estigmatização de violador de crianças e papão e essas coisas feias e que marcam uma pessoa, porque não é agradável quando falam mal de nós, e portanto, vá,vamos deixar o senhor ir dois anos e meio mais cedo para casa, para o pé de outros men

dark motives

desde que esta empresa produziu a última peça que há muita gente a enviar currículos, a oferecer os seus serviços, a, vá, pedir trabalho. a menina aqui, encarregue do e-mail geral, é que os recebe a todos. e como sabe o que custa não ter resposta, vai respondendo aquelas coisas nem-carne-nem-peixe: de momento não estamos à procura mas se surgir essa necessidade eporaífora... bem, o que eu queria mesmo dizer era "pela tua saúde mental e financeira, pela tua capacidade intelectual, pela tua auto-estima, pela necessidade básica de comer que todos temos, agarra-te aos neurónios e foge! que nunca ninguém venha a saber que querias trabalhar aqui." mas não dá jeito... ora... hoje recebo um mail de um actor. como sempre, vou espreitar o cv, ver se o conheço. o que descubro acerca das habilitações e percurso desta pessoa leva-me a responder o seguinte: "se viermos a necessitar de actores pessoas na sua área, o seu currículo será tido em conta." eu sei, sou uma menina má.

para bom encenador...

há uns dias o patrão-produtor deu-me para ler um texto e dizer-lhe o que achava. eu li e disse, o mais polidamente que consegui, que aquilo, pronto, vá, não tinha muita acção e que não estava bem a ver como poderia encenar-se um mono-diálogo muito mortiço em que se conta em vez de se fazer... mas isto sou eu, não é? como a opinião não era grande coisa e o autor é amigo do patrão, deixou de interessar. portanto vá de dar o texto ao especialista: o patrão encenador. ele às tantas pergunta-me: - tu leste isto? - li. o Porthos pediu-me para lhe dar uma opinião. - e o que é que lhe disseste? - o que é que achas? gargalhada entra o Porthos - então, o que é que achaste do texto? - olha, só vejo uma maneira de encenar isto. divides o palco em dois. de um dos lados pões os gajos a falar. do outro metes mulheres nuas.

pipocas?!

esta noite fui ao cinema. ver um filme que não interessa ao caso. nem interessa de maneira nenhuma. adiante. chego cedo, estão a começar os anúncios. subo quase até lá acima para encontrar uma fila vazia. quando a percorro para me sentar o mais ao centro possível, reparo que está uma senhora na fila de cima com os pés descalços - em alvas peúgas - assentes nas costas da cadeira. ignoro-a e sento-me. ela fica ofendida por lhe ter abanado o encosto para os pés e muda de lugar mais o seu querido. acomodo-me e fico à espera do filme. o filme começa e quando ainda estamos a decorar o nome das personagens, vejo um senhor sozinho a subir pela coxia à procura de lugar. achou que na minha fila é que se estava bem, sentou-se a uma cadeira de mim. trazia um gelado, que ia comendo sem fazer grande barulho. o filme tinha partes com graça, e ele lá se ria e dizia baixinho "ai, ele agora esteve bem" e batia na perna. mas dizia baixinho e eu tudo bem. lá para o meio do filme, aquilo engonha

olha! olha!

[ph.t. | espanta-espíritos ] vai uma pessoa, cansada de um dia de trabalho e uma dose de dobragens nocturnas, ao supermercado... sendo essa pessoa alguém que não sai muito, aproveita-se sempre para dar uma voltinha a ver se se encontram pechinchas. eis senão quando - oh surpresa! -, na zona dos brinquedos, se dá de caras com uma pilha de caixinhas coloridas, qual instalação, com uma pista e, no centro um televisor que passa imagens [demasiado] familiares. estão a vender - e passo a citar - "os carros dos teus personagens de tv favoritos!!" [assim, com muito ponto de exclamação]. ora claro que uma pessoa desata aos saltos no meio do corredor, a soltar exclamações em japonês e falar numa linguagem técnica que só o seu interlocutor percebe. "sukéé*! o saber! ah, e ali está o spin axe! mas espera, não têm o beat magnum? epá, e não vendem os motores de torque em separado? será que têm o G.P.Chip e carroçaria ZMC? mas olha ali o sonic!" isto ser doença no Japão, com adult

"se fosse...

uma cidade, seria..." era como começava um "exercício" que costumávamos fazer num certo bar com cheiro a palco, noites fora. veio ter comigo sob a forma de desafio da pinky . tarde mas não falham, aqui estão as respostas. hora do dia | um início de noite em dia de verão [que sabe a longo, morno e pleno] astro | lua direcção | onde o dedo calhar no mapa móvel | algum móvel bem disposto desenhado por mim :) líquido | água para mergulhar e vinho tinto para vaguear pecado | todos e cada um, em pequenas doses de insanidade. sou uma pessoa, não um sacrossanto tupperware. pedra | uma pedra do fundo do rio, polida e encontrada pelo acaso árvore | o pomar todo, com perfume de limões e maçãs. e com um plátano da minha infância. fruta | morango. com chocolate quente... [se calhar é melhor começar a repensar aquilo dos pecados eheh] flor | papoila para a melancolia, girassol para as gargalhadas clima | morno e temperado. que dê para andar de vestido. instrumento musical |

pelo amor da santa

domingo, 13 de maio... algures no subúrbio se quiserem mesmo saber, é só clicar na imagem... boa sorte... ps: peço desculpa pela pouca actualidade do post. as ideias chegam a tempo, o tempo é que não...

curta

patrão entra na sala, pergunta se eu tenho um adaptador para jacks. respondo que não, que sou uma rapariga séria. e que os únicos cabos que havia estavam numa caixa em cima da mesa dele. patrão sai, ouvindo-se ainda um "parece que não tenho cá nada..." patrão entra passados uns segundos. dirige-se à mesa dele, de onde tira um cabo com cara de ter adaptadores de jacks. sai a cantar a versão bissilábica do "Indiana Jones", como em tatarata-tataraaa . eu quase que lhe vejo o chapéu a nascer dos caracóis, os suspensórios a transformarem-se num sexy casaco de cabedal suado e o cabo a transformar-se em chicote.

diva [gações]*

desenhos [ou, vá, esboços] de polegar *ou... vontade de bater com a porta em grande estilo, tempo livre e uma caneta...

libelinhas

[foto extraordinária de espanta_espíritos | artwork polegar] numa peça que nunca chegou a ser, eu era uma libelinha. e cantava. libelinha ajeita as asas põe as asas no ar libelinha, alinha alinha que o vento vai passar

a náusea

imaginemos, vá lá, um esforcinho, que o mundo está podre e queremos falar disso. passar o aviso. para o tornar explícito e apelativo, os recursos são variados: um microfone, palavras, música, dança, imagens. simples. agora o que é que pode correr mal? hum... fazer-se poemas de intervenção com frases tão geniais como “porra! é porreiro!” [sic] e declamá-los aos berros, sem sentido de tempo ou decibeis. enquanto dois senhores fardados de pintores-das-obras-simbolizando-o-cataclismo, com uma máscara como convém, tocam – cada um para o seu lado e sem qualquer objectivo melódico ou harmónico – percussão e violoncelo. emoldurados por uma tela que vai passando imagens de uma moça de peruca loira desgrenhada a lamber a montra de um talho, onde repousa a cabeça de um porco [porco esse que deve estar a rebolar na tumba. ou no estômago de alguém.] mas estamos a afastar-nos do tema. falta a piéce de résistance e com essa é bom que tenhamos cuidado. largue-se duas gaiatas de calças largas e wife be

bem-me-queres

confessar baixinho o soluço. é difícil perder-me do que me aperta. respirar. azul. o diálogo é um tesouro desprendido. mesmo que se fale em silêncio. por vezes articula-se melhor com a pele da ponta dos dedos, o arredondamento dos olhos, o restolhar das pestanas. [ph.t. | espanta-espíritos ] redoma. uma cama que amansa, cobre, envolve e torna transparente - sem possessivo. o vento dos movimentos entorpece a vontade, sussurra que não vás. e espera-se. pôr-me em perspectiva. estou. estás. estamos. ali. aqui. raiz. onde? cheira a lume. já é noite. é. hoje a música é o silêncio. dancemos. abraça-me.