sabes quando te revisitas e já não te encontras? não sabes o que fazer de ti contigo. as perdas têm sido valentes, as estocadas mais fundas. pensei que por agora a pele estivesse mais grossa, mas não. pensei que estivesse de pés assentes, mas há força nas pernas. perdi o meu pai. perdi o meu chão. espero por uma fase boa. em que esteja tudo bem, organizado. nem que venha depois outra ventania, mas um pedaço de vida em que tudo esteja no seu lugar. só por um bocadinho. mas não. as peças estão espalhadas, quando começo a arrumar umas, caem ao chão as do outro canto da vida. um empilhar de pratos num tabuleiro demasiado cheio, que não se tem oportunidade de ir despejar à cozinha. até as metáforas me saem avariadas, já. tabuleiros de cozinha é o que me sobra. isto são metáforas, certo? é um padrão, o padrão caótico da minha vida, que tento desenhar em palavras que já não tenho. quero despejar-me aqui mas não sei bem como. os medos continuam, sabias? estão piores, diria, porque...
Comentários
Há muito tempo fiz um poema especial a partir de uma imagem : uma parede onde se via escrito "I need".
pinky: é fantástico o que encontramos aí pelas paredes, e a que alguns chamam apenas de "sujidade"...
macaso: já todas as palavras foram ditas. às vezes brincamos e reinventamos. mas quando a perfeição chega naquele pedaço de cimento, para quê reinventar? torna-as tuas e oferece-as, assim. com um "lembrei-me de ti"...
elisa: tudo está ali.
nuno: é de ventos, de brisas e de pequenas poeiras. estende-se bravio até preencher a forma que lhe sopraram...
monstro: vagueia assim, engraçado definires esses como os seus contornos... beijos e volta sempre
outros dias: tinta que escorre dos olhos. beijos :)
wicahpi: então escreve. não páres de escrever. que as folhas sejam as tuas paredes. e um dia fazemos como vi em Paris: simplesmente colamo-las por aí. que tal?
Estranho: já cá estou, amigo. :P
espanta: calor, calor. por encantamento dos olhos o calor expande-se e torna-se líquido. o vento acalma e a brisa que fica é apenas a respiração. porque ali materializa-se a vida.